*Dia Seguinte*
Sinto pequenos raios de sol baterem-me na cara, indicando que o dia tinha começado. Com imensa preguiça saí da cama e abri levemente a porta do meu quarto.
Vou á cozinha buscar um copo d'água, mas a minha mãe já lá está.
- "Tens escola daqui a algumas horas, sentes-te disposta a ir hoje?" - Diz dando um gole na sua xícara de café.
- "Sim, por mim está tudo bem. Só me disseram para comer nas horas certas." - A minha mãe encolhe os ombros, dando-se por vencida.
- "Então não te preocupes que eu levo-te á escola."
Fui em direção á casa de banho e tomei um banho. Quando saí do banho, a minha mãe já tinha colocado o meu uniforme em cima da cama, o vermelho da saia ficava lindo com o branco da camisola e o preto da gravata.
- "Estás pronta querida? Não te esqueças de comer por favor." - Diz a minha mãe enquanto pega no cesto de roupa.
Pego no pão que está em cima da mesa, mas quando ia pegar na faca para cortar o pão a minha mão trava, treme e não consigo pegar na faca.
Pego num iogurte.
Ouço três batidas na porta. E vou atender. Era a Layla.
- "Então, vens á escola?"
- "Sim, só me disseram pra comer nas horas certas e daqui a uns dias volta tudo ao normal."
Ela olhou para mim a sorrir.
- "Bom dia miúda." - A minha mãe aparece.
- "É Layla senhora Jones."
Eu dou um leve sorriso e digo á Layla para entrar fechando a porta quando ela entra.
- "Não tens fome? Ou comeste em casa." - Eu pergunto.
- "Comi em casa, não te preocupes." - Eu abanei a cabeça e continuei a comer o iogurte.
*Na escola*
- "Mais uma vez Layla, ninguém precisa de saber nada sobre ontem."
No caminho para a escola disse á Layla que ninguém precisava de saber sobre o que tinha acontecido no fim de semana.
- "Sim, já percebi." - Ela entrelaça os nossos braços um no outro, e andamos em direção á entrada da escola.
No meio do corredor, sinto uma vibração vinda do meu telemóvel, olho para a tela e é uma mensagem do meu pai.
( A tua mãe disse-me que estás na escola, estás a sentir-te melhor?)
( Olá pai, sim. Só me disseram para comer nas horas certas e depois de uns dias tudo voltará ao normal.)
( Ok, as melhoras miúda )
Quando terminei de falar com o meu pai, estava na hora da nossa primeira aula. Infelizmente eu e a Layla não temos aulas juntas, já que ela está no curso de economia e eu estou em artes.
Com um abraço a Layla despede-se.
- "Até já." - Ela sorri, e eu dou-lhe um sorriso de volta.
*Sala de aula*
Sento-me num lugar perto da janela e tiro os meus materiais para começar a aula. Entretanto, o meu professor entra.
- "Olá Érica, depois da aula quero que fiques, pode ser?" - O meu pai deve ter dito alguma coisa.
- "Claro." - Antes da aula começar mandei mensagem á Layla a dizer pra guardar lugar pra mim na fila da cantina.
( O meu pai deve ter dito algo aos meus professores, o professor Miles pediu para eu ficar.)
( Ok, não te preocupes, eu guardo lugar pra ti <3 )
Desliguei o meu telemóvel e voltei a colocá-lo na mochila.
Quando me volto para a frente está a Emma sentada a colocar os seus materiais em cima da mesa ao meu lado.
A Emma é uma das melhores da turma, odeio sentar-me perto dela porque acabo sempre por me comparar a ela. Ela é bonita, as notas dela são incríveis, e com certeza vai entrar para uma faculdade renomada de artes facilmente.
Sou tirada dos meus pensamentos negativos pelo meu professor, que bate com o lápis levemente na minha mesa.
- "Hoje não haverá nenhum tema, podem desenhar como quiserem e com os materiais que quiserem, mas se usarem aquarelas e quiserem sair a horas lavem as vossas coisas cinco minutos antes." - O professor Miles volta a sentar-se no seu lugar.
Eu desenhei uma mulher num quarto branco com imensos quadros coloridos, representando as suas memórias.
Quando olhei para o lado, a Emma estava a fazer um trabalho incrível. Então o que eu mais temia aconteceu, uma onda de pensamentos negativos invadiu-me a cabeça. Fico com raiva e inveja porque ela tem tudo o que eu sempre quis. Beleza, inteligência e talento.
E com os pensamentos negativos a subirem-me á cabeça, apago o desenho que tinha feito e levanto a mão. Quando o professor olha pra mim eu pregunto se posso ir á casa de banho com a voz um pouco tremula.
- "Claro." - Consigo sentir a preocupação dele pela sua voz.
Com o peito apertado levanto-me, tentando andar normalmente pela sala cheia de alunos focados.
Quando finalmente chego á casa de banho, tranco-me numa cabine e coloco a tampa da sanita pra baixo sentando-me. Os meus dedos deslizam pelos meus cabelos e lágrimas saem involuntariamente dos meus olhos.
- "Érica? O professor disse-me pra ver como estavas." - Era a voz da Emma, ela não me pode ver a chorar. Fingi que não estava lá ninguém.
- " Deve ter ido á outra casa de banho..." - Os passos dela vão ficando cada vez mais difíceis de ouvir e um peso enorme é me tirado dos ombros.
Eu destranco a porta da cabine em que estava e respiro fundo indo em direção á pia para lavar a cara.
Os meus olhos estão um pouco vermelhos, então passo água no rosto e seco a cara tirando um guardanapo.
E como se nada tivesse acontecido, voltei para a sala.
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Cura
Teen FictionSuperar certos problemas pode ser complicado, mas contigo aqui tudo faz sentido. (esta história está escrita em português de Portugal).