uma conversa

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Me jogo na cama com as mãos no rosto, minha mente estava fervendo em pensamento corroendo meus neurônios, só pensava na princesa presa naquele estado e como eu seria culpada por tudo que iria acontecer com ela. Ninguém merece tal destino , então porquê eu estou deixando acontecer?

— O que estou pensando ? - deslizo meus dedos pelo rosto puxando minha pele. — Não posso libertá-la assim. - viro meu corpo encarando a pelúcia de elefante. — O que eu faço , Sr. Mirthes? - coloco a pelúcia em cima da barriga encarando os grandes botões de seus olhos.

—' Não faça nada que se arrependa ! - imito uma voz grossa fingindo que o brinquedo me responde.

— Já tô arrependida. - sento na cama com Sr. Mirthes em meu colo.

— ‘Siga seu coração! - mexo mais suas patinhas tocando no “ coração” da pelúcia.

— Não posso. Se eu escolher escutá-lo vou me foder legal.

— ‘Mas não morrerá! Ao contrário da pobre princesa que terá uma morte lenta e tenebrosa de dor ! - Mordo meus lábios com força.

— Você não está ajudando! - jogo a pelúcia na cama. — Coisa chata…- minha lamentação teria durado mais ,mas felizmente batidas na porta roubam minha atenção até ela.

— Wendy!!! - uma voz raivosa grita  do outro lado — Abre logo essa porra de porta !

Corro para abrir, não queria que meu quarto fosse arrombado pela a maluca da minha irmã gêmea.

— Nossa ! Pra que isso ?! - A garota me empurra invadindo o recinto.

— Escutei você sendo maluca de novo e conversando com a pelúcia. - sentou na minha cama observando o ambiente.

Fico vermelha de vergonha. 

— Não estava não! - Cruzo os braços virando o rosto para outro lado.

— Soube da sua missão bem sucedida. - Veio em minha direção arrastando seus cabelos pretos atrás dos ombros.

— É ?

— Sim. Se antes você era favorita, agora será mais ainda.

— Para com isso. Sabe que somos iguais.

— Mas não quero ser igual a você ! - andou furiosa até a penteadeira observando sua própria imagem. — Mesmo que mude a cor do meu cabelo,meu rosto continua do mesmo jeito. Olhar para meu rosto é como olhar para você e isso é frustrante ! - Bate a mão na madeira balançando os objetos.

— Sabe que isso significa ser gêmeas idênticas, né ? - falo sarcástica.

— Tô cansada de ser comparada a você ! - apontou o dedo para mim. — Por que não faz algo útil e fracassa ! Assim talvez eu te odeio menos ! - novamente me empurrou para sair do meu quarto batendo a porta com raiva.

Suas palavras machucaram, muito, tanto que meu corpo encolheu, vejo nossa relação de hoje em dia e percebo que as coisas mudam , pessoas mudam , quando se é criança tudo é incrível e mágico e você só quer alguém para dividir esse mundo com você. Antes eu tinha minha irmã, nós duas fazíamos tudo juntas e era tão bom , leve e inocente como deveria ser , mas as coisas nunca ficam do jeito que você quer ,e agora brigamos e para ela não sou mais sua melhor amiga , sou apenas um obstáculo, uma rival , sou o impedimento dela de mostrar para todos que é capaz.

•••

Nayla


A pressão das correntes comprimia meus nervos lavando a dormência e formigamento pelas minhas mãos e dedos , a dor aguda quando tentava mexer minhas mãos fizeram eu gruir um rosnado com a fadiga dos músculos. Meus pesados olham para o chão avistando um círculo mágico vermelho com diversas runas que giravam embrulhando meu estômago.

— Que sede…- passo a língua nos meus lábios rachados. — Quanto tempo estou aqui ?

Para responder minha pergunta a porta de vidro se abre revelando minha inimiga mortal.

— Dois dias.

— Mas já. - fecho os olhos quando as lágrimas quiserem cair impedindo que isso aconteça, nessa altura meus pais já receberam a notícia da minha morte.

— Está com sede ? - A menina se aproximou com uma garrafa de água com canudo.

— Não. - viro a cabeça para o lado.

— Princesa Nayla. Para com isso e beba. - mesmo sendo uma ordem sua voz ainda parecia tão gentil.

Mesmo em protesto com meu ego bebo o líquido me engasgando rapidamente.

— Devagar.

— Por que tá fazendo isso ? - a garota abaixou a garrafa juntamente com seus olhos cheios de receio.

— Me parece certo, ao menos te dá um pouco de água.

— Você não me parece ser do tipo que se importa. - novamente ela me deu o resto da água totalmente em silêncio. Quando minha consciência voltou a pensar novamente, só então percebi que ela estava dentro do círculo juntamente comigo. — Esse círculo não te afeta humana?

— Não. Fui eu que coloquei aqui para prender somente você. - olhou para a própria magia apertando a garrafa em seus dedos.

— Desde quando vocês humanos lançam magia?

— Seu planeta é mágico, é só falar as palavras certas. - saiu de perto de mim hesitando de sair do recinto assim que chegou à porta. — Me desculpa. Eu não queria nada disso.

— É uma guerra, pessoas vão morrer independente de quem são. - a menina me olhou de soslaio e se retirou deixando eu e meus pensamentos sozinhos daquela prisão branca.

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