Capítulo 6

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As lágrimas continuavam a escorrer como uma torrente pelas bochechas de Penélope ao chegar no edifício onde morava. Seu coração pulsava com intensidade no peito, enquanto sua mente era invadida por um turbilhão de pensamentos a cada degrau que subia, arrastando-se, totalmente desolada. Seu corpo estava exausto, sobrecarregado pelo peso de tudo o que acontecera desde que colocara os olhos em Colin Bridgerton semanas atrás. Ela sabia que era um erro, e ainda assim permitiu-se ser arrastada por ele.

Exalando um suspiro, adentrou seu apartamento, já sem forças para se manter de pé, fechou a porta, jogou os sapatos longe, e deixou-se deslizar contra a madeira até o chão. Seus braços envolveram as pernas encolhidas, abraçando-as em busca de conforto que sabia que não viria. O som de seu corpo chocando-se contra o chão, no entanto, acompanhado pelos soluços abafados, despertou Felicity, que passara a noite no sofá, aguardando a chegada da irmã em casa.

"Pen!" Os braços quentes de Felicity envolveram-na por um momento. "O que aconteceu? Ele te machucou?" perguntou ela, preocupada, tentando soltar os braços de Penélope para poder vê-la melhor. Mas ela parecia completamente transtornada. Então, Felicity a abraçou mais firmemente, murmurando um "Maldito Bridgerton", enquanto acariciava os cabelos da irmã e considerava centenas de alternativas diferentes para matar o culpado.

Demorou um bom tempo para que Penélope finalmente se acalmasse o suficiente para conseguir enxugar as lágrimas, olhar para a irmã com os olhos avermelhados e articular algo sem sentir um nó na garganta. "Me desculpe por isso, Liss. Está tudo bem," disse com a voz trêmula, tentando sorrir apesar da angústia em seu peito.

"Não me peça desculpas por chorar, eu quero saber o que ele fez com você," pediu a garota com delicadeza.

Penélope, com um suspiro, encostou a cabeça na porta e admitiu: "Ele foi simplesmente o cara mais perfeito de todos, muito mais do que eu poderia imaginar ou merecer," sua voz embargada pela tristeza.

"E por que você chegou em casa desse jeito?" perguntou Felicity, confusa.

"Porque eu queria mais. Porque eu deixei um bilhete para ele nunca mais me procurar. Porque... porque eu não posso mais seguir em frente com essa vingança da mamãe. Não posso magoá-lo, Liss. Foi uma péssima ideia ter aceitado ir a esse encontro," desabafou Penélope, as palavras saindo num misto de desespero e remorso.

"Você não precisa fazer isso, Pen. Há anos eu venho dizendo que essa busca por vingança não faz sentido."

"Não adianta, Liss. Se eu me recusar a ajudar, Portia vai encontrar outra pessoa, você conhece a nossa mãe...", respondeu Penélope.

"Nossa mãe, não... sua mãe," corrigiu Felicity torcendo a boca com desgosto.

Exalando um suspiro cansado, Penélope se corrigiu: "Minha mãe não vai desistir. Ela vai encontrar uma maneira de atingir o Visconde de alguma forma. E isso também o machucaria. Eu não quero fazer parte disso. Eu..."

"Olha, Pen, talvez eu não entenda muito de romances ou saiba exatamente o que está rolando entre vocês," começou Felicity. "Parece que tudo está acontecendo muito rapidamente e intensamente, o que é estranho. Mas eu sei o que vejo. Você está destruída e, ainda assim, não para de distribuir elogios a ele. Seus dedos estão presos nessa correntinha em seu pescoço, e sei que é dele, porque nunca o vi antes e as iniciais dele estão gravadas no pingente. Em momento algum na vida eu vi você desse jeito."

"Ele é muito doce, gentil... Só de pensar em vê-lo se machucar, já está me destruindo por dentro."

Felicity ergueu as sobrancelhas, sacudindo a cabeça enquanto enxugava suavemente as lágrimas dos olhos de Penélope com seus dedos, delicadamente, depois se levantou, puxando a irmã consigo. "Não acho que seja uma boa ideia você ir trabalhar hoje. Fica em casa e tenta acalmar esse seu coraçãozinho. Pensa bem se vale a pena deixar uma coisa legal passar por causa de uma história mal contada da qual você se recusa a investigar. Vou enviar uma mensagem para a sua chefe e faltar na escola para ficar com você hoje," disse enquanto caminhavam abraçadas em direção ao quarto.

Eclipse | PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora