If Not For You - Damiano David.

One.

Isabella Delucca.

Roma, Lacio.

Nunca fui fã de encontros arranjados. Minha irmã, Vanessa, porém, sempre teve um talento especial para fazer minha vida parecer um roteiro de comédia romântica mal escrita. Desta vez, ela superou todas as minhas expectativas, marcando um encontro com o irmão do namorado dela, Jacopo. A única informação que Vanessa me deu foi que o nome dele era Damiano e que ele era um "tipo interessante". Nada que me preparasse para a realidade.

O bar onde o encontro foi marcado era um daqueles lugares alternativos que eu nunca escolheria por conta própria. As paredes eram cobertas de pôsteres de bandas independentes, a iluminação era baixa e o som de guitarras distorcidas preenchia o ambiente. Tudo gritava rock'n'roll, um mundo completamente estranho para mim.

Cheguei alguns minutos antes do combinado, tentando encontrar um canto mais tranquilo para me sentar. Pedi uma água com gás e fiquei olhando ao redor, sentindo-me deslocada. Pouco depois, um homem alto, de cabelo comprido e tatuagens nos braços, entrou. Não precisei de muito tempo para perceber que era Damiano.

Ele caminhou até mim com uma confiança relaxada, um meio sorriso no rosto que exalava uma mistura de desinteresse e charme. Eu me levantei, oferecendo um sorriso educado.

– Você deve ser a Isabella, certo? – ele perguntou, a voz rouca.

– Sim, e você é o Damiano. Prazer em conhecê-lo.

Sentamos e um silêncio desconfortável se instalou entre nós. Ele chamou o garçom e pediu uma cerveja artesanal, enquanto eu permaneci com minha água com gás. Damiano parecia ser o tipo de pessoa que poderia comandar uma sala com sua presença, mas, naquele momento, estávamos em extremos opostos de um espectro que eu nem sabia que existia.

– Então, Vanessa me disse que você é jornalista – ele começou, quebrando o gelo.

– Sim, trabalho para uma revista cultural. E você? Vanessa mencionou que você está na indústria da música.

Ele riu, um som profundo que reverberou pelo bar.

– É, eu sou vocalista de uma banda de rock. Não é bem uma "indústria" para mim, é mais uma paixão.

Fiquei sem saber como responder. Meu conhecimento sobre música era limitado a clássicos e algumas bandas modernas que apareciam nas minhas playlists aleatórias.

– Isso deve ser... interessante – eu disse, sem muita convicção.

Damiano arqueou uma sobrancelha, percebendo minha falta de entusiasmo.

– Sim, pode ser – ele respondeu, sem muita emoção. – E você, já entrevistou alguém famoso?

– Alguns autores e artistas plásticos. Nada muito mainstream.

Mais um silêncio. Parecia que estávamos jogando um jogo de perguntas e respostas obrigatórias, sem realmente nos interessarmos pelas respostas. Eu podia sentir a tensão crescendo, como um balão prestes a estourar.

Decidi tentar um novo tópico.

– Você tem alguma turnê planejada?

– Sim, estamos saindo em turnê no próximo mês. Algumas cidades na Europa.

Ele parecia mais animado ao falar sobre isso, mas ainda assim, não conseguimos encontrar um terreno comum. Eu me sentia cada vez mais fora do lugar, como se estivesse vestindo a roupa errada para uma festa temática.

O garçom trouxe a cerveja de Damiano, e ele deu um longo gole, observando-me por cima da garrafa.

– Então, você gosta de cultura. Qual foi a última exposição de arte que você viu? – ele perguntou, tentando, eu acho, encontrar algum ponto de interesse mútuo.