Ártemis

Capítulo sem título 4

Acerto a gravata borboleta em meu pescoço e desaperto um pouco o nó que eu mesmo apertei como se a mesma fosse sair de onde está.

Observo o reflexo do meu próprio rosto em meu celular e arrumo o piercing que estava torto em minha boca, prezando pela perfeição.

Park Jimin sempre foi o meu sonho, e mesmo que eu saiba que não o terei da forma que quero, darei meu máximo para que ele ao menos pense em mim antes de dormir essa noite.

- Boa tarde. - falo ao entrar na sala, vendo o mesmo com uma pasta na mão enquanto a outra organizava alguns dos fios loiros rebeldes em sua cabeça.

- Jeon? - me encarou com surpresa e eu apenas sorri enquanto fechava a porta. - Achei que fosse ter a reunião com a representante comercial da Wild.

- Não precisa ficar com vergonha, loirinho. Lalisa teve um imprevisto pessoal e eu achei que o melhor seria me reunir diretamente com o representante de uma marca que quer expor seus produtos em minha casa, não acha?

Encarei seus olhos exitantes e o vi engolir em seco.

- Certo... - ajeitou a postura e me observou sentar na cadeira posicionada em sua frente.

- Esse é o champanhe em questão? - questionei pegando a garrafa que estava na mesa entre nossos corpos, vendo o mesmo assentir enquanto massageava sua própria mão. - Por que o interesse em colocá-lo na Wild? 

- Bom... - colocou a mão, cheia de anéis brilhantes em cima da mesa. - Eu e a minha equipe estivemos procurando por locais que pudessem ajudar a impulsionar o nome da Ártemis de uma forma positiva. - encostou as costas na cadeira e sorriu leve. - Atualmente estamos em pequenas cidades, mas é de nosso interesse que a marca tenha renome e seja reconhecida na capital também, e sendo sincero, não existe nenhum outro lugar que tenha tanto nome quanto a Wild.

- Interessante... E como isso nos beneficiaria? - questionei vendo o brilho em seus olhos aumentar.

Era óbvio que o ex prefeito não tinha o mesmo interesse, e até me questiono se o mesmo sabe que o filho está aqui nesse exato momento, já que caso realmente quisesse, teria mandado um profissional bem melhor para a conversa.

Não que Jimin seja desqualificado. Mas ele com certeza não é a pessoa mais apropriada para uma primeira conversa para uma possível parceria, já que é possível perceber o leve tremor em suas mãos e a respiração ofegante, mostrando que ele claramente não está acostumado com isso mas quer que tudo corra bem.

Provavelmente quer mostrar ao pai que é capaz de orgulhá-lo e tomar frente de algumas coisas da empresa, sendo que não é o que o mesmo quer.

- Claro que um bom percentual de todas as vendas ficariam com vocês, além de... - interrompi Jimin com uma risada arrastada e neguei com a cabeça. - Perdão? 

- Park, vamos lá... Você sabe que na minha atual condição, só um bom percentual não me convenceria de colocar a marca de vocês dentro da minha boate. Dinheiro é o que eu mais tenho.

Observei sua expressão confusa se tornar mais confusa ainda e observei seus olhos buscarem no ar alguma resposta.

- Você gosta desse champanhe? - questionei, procurando pelo rádio em minha cintura. - Na verdade, me deixe reformular a pergunta: seu papai deixa que você beba desse champanhe? 

Ri ao encarar a expressão impagável que o mesmo fez enquanto colocava uma perna sob a outra, me encarando com deboche.

- De todos os champanhes que provei nos últimos anos, e posso te garantir que não foram poucos - sorriu ladino. - Esse é definitivamente o melhor, independente da variedade.