21. PROPOSTAS

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— Nicole, você ouviu o que eu disse?

Ao ouvir isso de Hugo ao meu lado, percebi que ele havia falado algo antes, mas eu não fazia ideia do que fosse.

— Desculpa, eu estava distraída... — interrompi, desviando o olhar das minhas mãos para a estrada e notei que ele não estava indo na direção da minha casa.

— Eu perguntei se você queria ir ao hospital e você concordou... — Hugo respondeu, surpreso — Você não se lembra?

Desde que saímos da festa no parque, onde machuquei meu pé e deixei Dustin para trás, não consegui parar de pensar na possibilidade dele querer voltar para os EUA.

Claro, eu sabia que ele não precisava me contar o motivo, mas ainda assim, eu queria saber e não conseguia parar de pensar no que o fez considerar a volta.

E eu estava tão perdida nos meus pensamentos que não duvido ter concordado em ir ao hospital com Hugo sem perceber.

— Tudo bem... já que estamos a caminho, não quero causar mais transtornos. Então, obrigada.

— Não há necessidade de agradecer... é um prazer ajudar uma colega de escola e, ao mesmo tempo, de profissão.

— Você é advogado? — perguntei, surpresa, e ele confirmou com um aceno, mantendo o olhar na estrada.

— Me formei um pouco depois de você.

— Que interessante. Eu não sabia disso.

— Você praticamente fugiu para os EUA, perdendo contato até com seus pais e amigos. Como poderia saber sobre isso? — ele riu no final, mas ainda assim me ajeitei no banco, percebendo sua provocação.

— Eu estava trabalhando muito, Hugo.

— Eu soube, quer dizer, todos na cidade sabiam do seu futuro promissor nos EUA. Como tem sido ser a advogada do lutador?

— Eu não sou mais a advogada dele. Mas ainda assim, levaria anos para eu ter um carro como o seu. Você se deu bem aqui.

— Você quer um carro desses? — ele perguntou sorrindo, e então o encarei — Trabalhe para mim que eu te dou um.

Demorei um tempo para perceber que ele falava sério até chegarmos ao hospital e ele parar o carro, me olhando.

— Trabalhe para mim, Nicole. Não há emprego melhor aqui. Eu garanto.

Ele me olhava seriamente e ao mesmo tempo astuto, como um felino pronto para assentir com a cabeça e estender a chave do carro.

— Eu garanto que será o trabalho mais fácil que você já teve, e eu te dou o seu primeiro salário mensal adiantado. Ou seja... este carro.

Soltei uma risadinha antes de receber uma mensagem de Dustin querendo saber onde eu estava. Assim que respondi, encarei Hugo, que respirou fundo.

— Eu sei que isso é repentino para você, mas eu queria te fazer essa proposta desde que soube do seu retorno, Nicole.

— E por que você faria isso?

— Porque você é uma profissional excelente que eu gostaria de ter ao meu lado, não contra mim.

Forcei um sorriso, compreendendo sua mentalidade competitiva que permanecia a mesma desde nossa juventude. Ele sempre foi assim, e por isso nunca pôde ser amigo de Dustin. Eles adoravam ser rivais.

— Hugo, não se preocupe com isso, eu só quero cuidar do rancho do meu avô.

— Mas cuidar de um rancho não vai colocar comida na sua mesa, nem na dos seus pais que, aliás... estão com uma dívida complicada... — ao ouvir isso, percebi sua expressão e tom de voz mudarem, assim como a minha expressão se tornou séria — E pelo visto eles ainda não te contaram que não estão na rua porque seu avô faleceu e deixou a casa grande como herança.

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