Capítulo 2

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Acordo com o cantar do nosso galo Bené. Deve ser umas cinco da manhã. Hanabi já levantou. Ela já arrumou sua cama e provavelmente quer ser a primeira a usar a tina. Normalmente brigamos para ver quem vai primeiro, mas hoje abdico disso para ter mais uns minutinhos de preguiça na cama. Sinto o cansaço no corpo pela noite mal dormida, mas tenho que levantar.

Alguns minutinhos mais tarde me levanto. Tenho uma suspeita que ao olhar no espelho se confirma: Há olheiras enormes debaixo dos meus olhos. Infelizmente minha mãe ainda não me ensinou uma magia para olheiras e não posso perguntar senão ela faria perguntas.

Começo a arrumar a cama de forma lenta enquanto aguardo Hanabi se lavar. Abro o guarda-roupas para escolher um vestido. Escolho um azul. Estou a analisá-lo quando, nesse momento, Hanabi sai do Biombo nua. Ela se aproxima para escolher também um vestido no guarda-roupa e eu me afasto para ceder espaço para ela.

Ao depositar o vestido sobre a cama e me virar em direção da minha irmã percebo algo que não estava ali antes. Ela está com uma marca nas costas! É uma linda borboleta. Começo a tirar a camisola apressadamente e corro para a penteadeira. De costas para o espelho tento ver se tenho uma marca também. E lá está ela! Com contornos pretos igual a da minha irmã. Abro a boca de surpresa. Das outras vezes que olhei nossas costas não tinham uma marca sequer!

— Hanabi! — Exclamo ainda sem acreditar, sem tirar os olhos do espelho.

— O que é? — Ela diz distraída, com um vestido amarelo em mãos, sem prestar atenção em mim.

— Dá para olhar pra cá? — Respondo grosseiramente. Isso chama sua atenção.

Assim que seu foco está em mim me viro para mostrar minhas costas para ela e vejo no arregalar de seus olhos que é a primeira vez que ela vê essa marca também.

— Agora olha as suas costas— incentivo. Ela corre pro espelho e faz o mesmo que eu fiz anteriormente.

— A mamãe sabe disso?

— Não sei.

— Vou lá contar para ela — diz Hanabi já se movendo em direção de suas roupas para descer as escadas e falar com nossa mãe, mas eu a paro.

— Espera!

— Por que esperar? Tem uma marca nas nossas costas! — Ela aponta enfaticamente para trás com os polegares.

— É a primeira vez que eu vejo isso também. A mamãe nunca comentou que apareceria uma marca em nós. Mas acho que esse é um dos vários segredos que ela guarda da gente.

— Por que está dizendo isso?

— Vou te contar algo que quero que você jure de mindinho que não vai contar para ela até averiguarmos o que está acontecendo.

— É tão importante assim para você convocar o nosso juramento mor? — Ela diz com uma risadinha irônica.

Ao ver que não rio seu sorriso murcha. Preciso levar a sério pois Hanabi tem a má fama de contar tudo para mamãe. Apesar de me considerar próxima de nossa mãe, Hanabi é mais próxima ainda. Ela levanta o dedo mindinho da mão esquerda para mim que agarro com meu mindinho direito — Tá! Eu juro solenemente de mindinho que vou guardar segredo.

— Mamãe saiu de madrugada ontem à noite.

— O que? Como você sabe disso?

— Eu não conseguia dormir devido a ansiedade da aproximação do nosso aniversário de 16 anos. Queria nossos poderes completos logo. De madrugada me levantei para escrever em meu grimório e vi uma pessoa encapuzada montada em Bani saindo do sítio. Verifiquei a porta do quarto dela, mas estava trancada. Vi que o caldeirão foi usado pois estava quente, mas não havia um vestígio sequer para trás. Só um aroma doce, mas sem nenhuma gota da poção.

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⏰ Última atualização: Jul 12 ⏰

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