Copos se Reúnem

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A noite cuspia a felicidade e a esperança com negligência, as deixando para morrer na podridão. Era ridículo. Se afogava na bebida na esperança de esquecer o fracasso de seu próprio nome. A cada golada era como se todas as preocupações fossem jogadas de lado e a única coisa que deveria se importar era em quanto tempo o copo ia ficar vazio para enchê-lo outra vez.

A Luz dos Kshahrewar agora estava jogada num bar qualquer, bêbada e muito menos consciente. Aquilo era o suficiente para o resto de orgulho que jurava ter em excesso de esvair por completo e ir embora para sempre.

- Ei... o que há com aquele rapaz?

- Não faço ideia, só sei que ele ficou bebendo a noite inteira, segundo o barista. - O suspiro de pena saíra tão sentido que parecia tratar o loiro como um pobre cachorrinho abandonado. - Pobre Kaveh.

Não era tanta novidade ou surpresa para Kaveh ser encarado e julgado daquele jeito. O que se diferenciava das outras vezes é que eles agora o encaravam com pena, não sabiam o que estava acontecendo. Para eles, o loiro estava em uma crise depressiva, e parecia uma bomba relógio prestes a explodir. Eles não podiam saber a verdade. Simplesmente não podem.

O corpo do loiro se tornava quente. Efeitos alcoólicos, claro, mas outro motivo ainda maior tomava conta de todo o seu ser, e os efeitos da bebida não pareciam ser tão grandiosos diante deles. Sua visão se tornava borrada, as mãos trêmulas, sua respiração se dificultava e o peito parecia tão apertado que era agonizante.

Era tanta dor, mas tanta dor que devia manter para si... tantas mágoas e preocupações, e ele não podia contar com ninguém para aquilo. Ele não tinha alguém para contar. Não podia, e mesmo se pudesse, de nada adiantaria.

Como poderia? Como sua reputação ficaria depois dessa queda tão desastrosa? O que faria? Nesses momentos, tudo que Kaveh queria era seu lar de volta, o abraço quente de seus pais, ficar ao lado deles enquanto fazia torres com bloquinhos de brinquedo.

- Kaveh? - A voz grossa e aveludada tomava conta dos ouvidos do loiro, e o arrepiava naquela fria noite onde o desespero era tudo que restava para abraçar, cortando completamente seus pensamentos.

O que o escriba fazia na taverna? Pelo que Kaveh sabia de quando ainda eram amigos, Alhaitham raramente bebia.

- Alhaitham... - Era incrível como a voz saía tão naturalmente ao chamar por seu nome. Nem parecia que a dupla não se falava há anos.

Alhaitham apenas revirou os olhos e se sentou ao lado do bêbado arquiteto. Seu ex-melhor-amigo, agora desolado.

- O que... - A sentença sem completude e a voz falha entregavam tudo. Dado a intimidade dos dois, ou, pelo menos a intimidade que já tiveram, o escriba sabia como Kaveh estava.

As lágrimas já queriam tomar lugar em todo o ser do loiro. Alhaitham percebia isso.

- O que aconteceu...?

A pergunta saía hesitante. Deus sabe se o escriba realmente se importava, o arquiteto estava desnorteado demais.

Abalado pela bebida e álcool, Kaveh olhou para aquela figura tão presente nos tempos da Academia e deixou-se levar pela nostalgia. O que tinha a esconder de um colega como Alhaitham? O que tinha a esconder de seu ex-melhor-amigo? Era transparente como vidro para ele, não fazia diferença, fazia?

- Estou... - Sentiu a garganta trancar-se num nó.

- Sem pressa.

Cuspiu todas suas mágoas. Deixou-as saírem num clamar de dor agonizante, sabendo que se arrependeria profundamente e a memória do dia seguinte seria tão amarga quanto cianureto.

- ... - O escriba suspirou pesadamente, erguendo a mão mas logo a recolhendo. O ato passou despercebido pelo loiro em lágrimas no balcão. - ... Você pode ficar em minha casa, se quiser. Não é problema.

O arquiteto virou-se abruptamente para o acinzentado, surpreso. Arregalou levemente os olhos, ergueu uma sobrancelha.

- Tem certeza? Não acho...

- Você está bêbado. Você dorme lá em casa hoje, amanhã conversamos melhor sobre isso. Tenho uma ideia, você só tem que aceitar. - Levantou-se, lançando um olhar para o loiro. - Vamos.

O arquiteto hesitou, mas ao ouvir o suspiro estressado do escriba, se levantou do banco com a animação de um cadáver.

Nessa noite, depois de anos, o Atual Escriba da Academia de Sumeru e a Luz dos Ksharewar foram vistos juntos novamente.
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Olá, meus queridíssimos!

Prometi a mim mesmo que faria uma fanfic deste casal que amo tanto. De fato, isto é só um teste. Se der certo, eu prossigo, se não, vou deixar ela de lado e terminar minha história primeiro - Aqui no perfil, Olhar Carmesim, se quiserem, podem dar uma passada lá!

Enfim, deixando a propaganda de lado, espero que tenha gostado!

Até o próximo - provável - capítulo, meus queridíssimos!

(Me perdoem prováveis erros, trancafiei este rascunho por praticamente um ano, resolvi revisá-lo e lançá-lo no pior tempo possível, com dor de cabeça e no meio de um aniversário barulhento, então, me perdoem!)

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⏰ Última atualização: Jul 13 ⏰

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Prólogo de um Amor IndelévelOnde histórias criam vida. Descubra agora