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Eu estava na sala, cercado por malas e caixas, preparando-me para a mudança. Cada peça de bagagem era um lembrete físico da transição que estava prestes a fazer, e a sensação de incerteza era palpável. Meu pai estava ali, como sempre, pronto para fazer da situação algo ainda mais doloroso.
"Você não faz ideia do que é o mundo real", ele gritava. "Sempre achou que a vida seria fácil, só porque sua mãe deixou uma herança para você! E agora olha, está aqui, fazendo tudo ser ainda mais difícil."
Era como se ele encontrasse prazer em me lembrar que a vida que eu levava era uma constante dívida com ele, uma dívida que eu jamais conseguia pagar. As palavras dele eram afiadas e cruéis, uma reflexão de um homem que parecia não encontrar nenhuma alegria em nada além da própria frustração.
"Você sempre acha que pode ter tudo sem esforço! Sua mãe me deixou para lidar com isso, e agora é você quem tem que enfrentar as consequências! Nunca se importou com o que eu passei, com o que tive que sacrificar!"
Eu sentia a raiva e a dor dele como se fossem coisas físicas, pressionando contra meu peito. Cada palavra parecia mais uma pedra jogada em minha direção, cada xingamento uma tentativa de desmoronar o pouco que eu tinha de coragem.
Peguei uma das malas, o peso dela me lembrando das responsabilidades e das decisões que estavam por vir. Naquele momento, tudo parecia tão injusto. Eu estava prestes a seguir em frente, a buscar uma nova vida, longe de um ambiente que parecia consumir qualquer traço de esperança que eu ainda tinha.
Sem olhar para trás, puxei a mala com força, minha mente fervendo com a mistura de alívio e tristeza. Eu não queria ser mais um alvo para o seu veneno, não queria viver sob a sombra de alguém que nunca me reconheceu de verdade. A única coisa que eu queria era a chance de construir algo novo, de encontrar um espaço onde eu pudesse respirar sem o peso constante da culpa e da reprovação.
Era a minha vez de tomar as rédeas da minha vida, e, apesar das palavras dolorosas que ainda ecoavam na minha mente, eu estava decidido a seguir em frente, a fazer valer a pena a liberdade que eu estava prestes a conquistar.
Assim que fechei a porta de casa, o barulho do tranco ecoou, como um sinal definitivo de que tudo estava mudando. Entrei no carro, colocando as malas no porta-malas, e liguei o motor. O ronco do carro foi a única coisa que quebrou o silêncio da minha decisão.
Logo, as lágrimas começaram a escorregar pelo meu rosto. Era um choro intenso e incontrolável, uma mistura de tristeza e alívio. Pensei em tantas coisas que deixei para trás: as vezes que apanhei por não corresponder às expectativas dele, a constante sensação de não ser a filha perfeita.
Lembrei-me do quanto amava cantar. Era a única coisa que realmente me fazia sentir viva, mas isso também tinha sido proibido. Naqueles momentos, minha paixão era apenas mais uma área da minha vida que ele conseguia controlar e restringir. Eu me sentia como se estivesse sempre lutando contra correntes invisíveis.
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Menino rebelde Castiel Veilmont
FanfictionLuna finalmente decidiu voltar à cidade onde terminou o ensino médio, um lugar repleto de memórias e nostálgicas promessas de felicidade. A cada passo, lembranças de risadas compartilhadas e corações partidos surgiam em sua mente, misturadas com a a...