2

24 3 0
                                    

Foi uma noite longa, tinha feito muitos trabalhos pela madrugada de diferentes tipos de caras. Alguns mais carinhosos, o que é bem raro nesse quesito, uns bem brutos e uns que praticamente me pagaram para uma sessão terapêutica. Sendo honesta era a que eu mais gostava, só escutava coisa como casamento falido, crises no casamentos e uma série de acontecimentos trágicos que pode acontecer entre duas pessoas.

Sentei na cadeira de frente para o espelho com a respiração pesada exalando o cansaço tanto físico quanto mental. No relógio marcavam cinco e quarenta da manhã, antes de ir para casa iria tomar um banho e trocar de roupa.

— Eita, amiga. Muitos hoje? Sua cara está péssima — Alana se sentou do meu lado.

— Perdi as contas no terceiro.

— É por isso que você é a queridinha da Val, a maior fonte de dinheiro dela é você.

Eu ri sem graça. Odiava escutar essas coisas apesar de serem frequentes, algumas meninas me odiavam aqui por isso.

— Para de bobeira! — rolei os olhos.

Alana era uma das meninas que eu mais tinha contato aqui ou talvez a única que não quisesse me matar. A bicha era linda, uma cor jambo, pernas e glúteos voluptuosos, seios relativamente grandes e seu cabelo cacheado dava maior charme na mesma. Me perguntava as vezes o que meninas tão bonitas faziam aqui mas a resposta era simples e clara.

As vezes pelo mesmo que eu.

Alana não era de seu nome verdadeiro, acontecia que aqui nós não podíamos compartilhar informações pessoais como nome, idade, coisas da vida ou algo do tipo. Todas aqui nos conhecemos pelo nomes que escolhemos sermos ser chamadas e é totalmente proibido algo diferente disso. Mas eu chutaria uns vinte e um pra ela. Logo após de eu ter me arrumado, ajeitei minhas roupas e maquiagens na bolsa e me despedi de Alana para ir embora.

— Madelyn querida, posso falar com você? — ouvi a voz de Val ao final do corredor.

Me arrepiei toda e soltei um suspiro fundo. Val era a dona daqui, a quem dizia que ela era o capeta em pessoa quando se metiam com ela mas comigo ela sempre foi tranquila pelo menos nas poucas palavras que trocamos. Apesar disso tudo, a minha vontade era de dizer não pra sua pergunta e ir embora.

— Pode, claro. Em que posso ajudar? — ajeitei a bolsa pesada no meu ombro.

Maldita hora em que eu só queria descansar uns instantes antes de ir para a faculdade.

— Na minha sala, por favor. E vocês, vão já pra casa!

As outras meninas estavam curiosas bem na porta do Camarim e me olhavam com despeito. Nunca havia entrado na sala da Val, ela era pequena, havia uma mesa com duas cadeiras e tinha luzes de tons quentes que mudavam de cor. Ela apontou para a cadeira para que eu me sentasse e assim fiz.

— Você está sendo muito bem falada aqui na casa, sabia? — deu um sorriso que me deu repulsa porém forcei um sorriso.

— Isso é bom?
Claro que não é, idiota — pensei.

— É ótimo! Eu te observo muito, Madelyn. Você está aqui há um tempo certo? — assenti.

Seja lá qual era o intuito dessa conversa eu desejava que terminasse e logo.

— Queria te oferecer uma oportunidade. Tenho clientes de alto padrão que geralmente frequentam um pouco mais tarde do que geralmente vocês entram. Você se interessa?

— Ham... não sei. Eu tenho meus compromissos fora daqui e talvez não dê pra conciliar tudo.

— O valor diário que eu te ofereço é esse — me deu um papel e eu arregalei os olhos.

APENAS MADELYNOnde histórias criam vida. Descubra agora