Christopher Mazza.
Após longos anos vivendo fora do país cá estou eu de volta. Cheguei no sábado à noite no aniversário da minha irmãzinha, eu estava morrendo de saudades da mesma e achei que fosse ser uma surpresa boa para ela já que era bem chegada a mim. Mas os momentos bons acabam rápido e a responsabilidade dos trabalhos batem mais rápido na porta do que um carro de fórmula 1. Infelizmente.
— Você entendeu as coordenadas que deverá seguir? — Enrico indaga fumando um charuto. O seu braço direito, Gaspar, olhava-me esperando pela minha resposta.
— Apesar do charuto ser maior do que sua boca possa abrir eu consegui entender muito bem o que há de ser feito. Encerrada a reunião? — me levantei rapidamente pegando minhas coisas — Obrigado.
Deixei a sala sem ao menos olhar para trás. Eu e meu pai não tínhamos uma relação para lá das melhores, por muito tempo ainda criança vi muita coisa errada vindo da parte dele e arrisco em dizer que trair minha amada mãe ou surra-lá era uma das coisas menos terríveis que um ser humano poderia fazer. Escutei os passos apressados de Gaspar tentando me acompanhar, ele segurava uns papéis e na outra mão sua maleta preta.
— Já te disse hoje o quanto você consegue ser insurportável? Tipo, um insuportável garanhão.
Ri e apertei o botão do elevador.
— Acho que ouvi isso de uma garota no final de semana. Em outras palavras, claro.
— Mal chegou no Brasil e já está colecionando sorrisos e amassos? O que aconteceu com a modelo?
Pigarreio e ajeito a gravata.
— Estou tranquilo. Foi só uma amiga da minha irmã qualquer em seu aniversário. Melanie e eu estamos bem. E você, vai parar de tocar punheta assistindo pornô quando exatamente?
Ele me deu o dedo médio e sua risada ecoou pelo prédio.
— Quando você cortar esse topete no centro da sua cabeça. Te vejo amanhã às oito na sala do Fabrizio? Reunião, gatinho.
Tinha me esquecido completamente. Merda!Assenti, ele foi para um lado e eu segui para o outro. Adentro ao carro jogando minhas coisas no banco de trás, finalmente retirando a gravata e abrindo alguns botões da blusa. O calor estava surreal em São Paulo por incrível que pareça. No meio do caminho achei que seria uma ideia boa buscar Zara na Faculdade e ter esses dias de irmãos.
"Christopher 1:30pm - Passando para te pegar, maninha"
"Zara 1:31pm - Ok!"Zara fazia faculdade de administração para futuramente herder um cargo nos negócios da família. Essa era uma pauta que me causava um tal incômodo pois Zara era uma menina doce, gentil, delicada e não estaria preparada para entender o que era ser da família Mazza ou pelo menos saber o que realmente era nossa família. Sua paixão por bichos mostrava total vocação para Medicina veterinária e confortaria meu peito em ver ela longe dessa sujeira toda.
Cheguei em frente ao polo que a mesma me enviou endereço, sai do carro e a esperei encostado no mesmo percebendo todos os olhares a minha volta. Clássico. E lá vinha minha irmãzinha mais nova junto com sua amiga, a que teria esbarrado em mim no final de semana passado com um olhar um tanto retraído. Tirei os óculos abrindo um sorriso para Zara que vinha saltitante puxando a tal pelas mãos.
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APENAS MADELYN
RomanceQuando não se tem nada fica difícil viver diante de tantas complicações da vida. Correr atrás ou se entregar para as dificuldades que a existência lhe oferece? O caminho errado se torna o certo quando está dentro das necessidades do ser humano? Esta...