Surto

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No dia seguinte, Taehyung e Jungkook caminhavam juntos em silêncio em direção à aula de ciências. A tensão ainda pairava no ar após os eventos traumáticos que Taehyung enfrentara recentemente. Jungkook estava ao lado dele, observando-o com preocupação, mas respeitando o silêncio que parecia necessário naquele momento.

Durante a aula, Taehyung sentou-se perto da janela, tentando concentrar-se no que o professor dizia. Seus pensamentos, porém, estavam em tumulto. Ele olhou distraído para fora e viu Baekhyun, um antigo desafeto, observando-o de longe. O coração de Taehyung deu um salto de medo quando ele viu algo reluzente na mão de Baekhyun.

Uma onda de pânico o dominou. Ele começou a tremer, sentindo as mãos suadas e a respiração acelerada. Taehyung mal conseguia ouvir as palavras do professor enquanto sua mente gritava com ele para fugir, para se proteger.

Jungkook percebeu imediatamente a mudança em Taehyung. Ele sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ver o olhar assustado de Taehyung. Tentando agir rapidamente, Jungkook colocou uma mão em seu ombro, tentando transmitir calma através do toque.

— Tae, está tudo bem. Olhe para mim, respire fundo. Eu estou aqui com você. — Jungkook sussurrou com voz firme, tentando acalma-lo.

Mas Taehyung estava além do alcance das palavras de conforto naquele momento. O pânico o consumia. Ele começou a se bater freneticamente, agarrando seus próprios braços e batendo na cabeça, incapaz de controlar a ansiedade avassaladora que o dominava.

O professor, alarmado com a situação, chamou por ajuda enquanto tentava acalmar o garoto. Jungkook também se esforçava para segurá-lo com cuidado, evitando que ele se machucasse ainda mais.

— Tae, por favor, pare. Nós vamos te ajudar, tudo vai ficar bem. — Jungkook murmurava, seus olhos cheios de lágrimas ao ver o garoto ao qual ainda ama em tal estado de desespero.

Taehyung, perdido em seu próprio mundo de medo e dor, de repente avistou um estilete na mesa do professor. Um impulso irracional o dominou. Ele agarrou o objeto e começou a se mutilar freneticamente, suas mãos tremendo enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.

Os seus amigos, Hoseok e Yoongi, junto com o professor e Jungkook, agiram rapidamente, enquanto os demais alunos assustados observavam sem conseguirem reagir.

Com cuidado, eles conseguiram segurar Taehyung e tirar o estilete de sua mão. As lágrimas de desespero de Jungkook se misturavam com a preocupação de Hoseok e Yoongi e a calma profissional do professor.

Juntos o levaram apressadamente até a enfermaria da escola. A enfermeira de plantão, experiente mas visivelmente preocupada, deu instruções rápidas para preparar uma sala separada onde pudessem lidar com a crise de Taehyung com mais privacidade e segurança.

Taehyung, ainda em surto, lutava contra quem tentava contê-lo. As enfermeiras, com grande cuidado, o seguraram com firmeza enquanto tentavam cuidar dos cortes que ele infligira a si mesmo. Era uma tarefa difícil, e em um momento de desespero, elas precisaram amarrar seus pulsos e tornozelos para evitar mais danos.

Hoseok, Yoongi e Jungkook permaneceram ao seu lado, incapazes de conter suas próprias lágrimas ao ver seu amigo em tal sofrimento. Eles se sentiam impotentes, sem saber como ajudar além de estar lá, segurando a mão dele e sussurrando palavras de consolo que mal podiam ser ouvidas sobre seus gritos angustiantes.

O professor, com olhos cheios de preocupação, partiu em busca de reforços. Ele sabia que precisavam de mais ajuda para acalmar o garoto e garantir que ele recebesse o cuidado necessário.

Enquanto isso, uma das enfermeiras administrava um calmante suave na veia de Tae. A medicação começou a fazer efeito lentamente, acalmando seus tremores e reduzindo seus gritos para soluços abafados. Ele permanecia em transe, olhos vidrados fixos no vazio, uma sombra pálida do garoto animado que costumava ser.

O ambiente na sala da enfermaria era tenso e carregado de emoções à flor da pele. O silêncio pesado era quebrado apenas pelo som das enfermeiras trabalhando e pelos soluços abafados de seus amigos. Jungkook, especialmente, sentia o peso da culpa e da tristeza. Ele se perguntava se poderia ter feito algo para evitar que Taehyung chegasse a esse ponto.

Quando finalmente retornou, o professor trouxe consigo a diretora da escola e um conselheiro escolar. Juntos, eles discutiram o que seria melhor para Taehyung, considerando sua saúde física e emocional. Decidiram que ele precisava de acompanhamento psicológico intensivo e um ambiente seguro para se recuperar.

Após as horas intensas na enfermaria da escola, ele foi transferido para um hospital psiquiátrico local, onde poderia receber os cuidados especializados necessários para sua recuperação. Kook e seus amigos ficaram ao lado dele durante todo o processo, preocupados e determinados a apoiá-lo da melhor maneira possível.

No hospital, Taehyung foi colocado sob observação constante. Ele permanecia em um estado de transe profundo, sem falar uma palavra e olhando para o nada. Sua expressão era vazia, como se estivesse perdido em um mundo interior onde ninguém mais podia alcançá-lo.

Jungkook, sentado ao seu lado na pequena sala do hospital, segurava sua mão com suavidade. Ele olhava para ele com profunda dor em seu coração. Não sabia o que dizer, mas sentia que precisava estar ali, mesmo que Taehyung não pudesse responder ou entender suas palavras.

— Tae... Eu sinto muito. — Jungkook murmurou com voz embargada, lutando contra as próprias lágrimas enquanto falava.

Taehyung não reagiu. Seus olhos continuavam fixos em algum ponto indefinido à sua frente. O silêncio pesado pairava sobre eles, quebrado apenas pelo som suave dos equipamentos médicos e pela respiração irregular de Taehyung.

— Eu prometo que estarei aqui para você, Tae. Não importa o que aconteça. — Kook continuou, sua voz quase um sussurro. Ele sabia que as palavras talvez não alcançassem Tae naquele momento, mas ele tinha que tentar.

Horas se passaram enquanto Jungkook permanecia ao lado de Taehyung, segurando sua mão e oferecendo o apoio silencioso que podia. Finalmente, uma enfermeira entrou na sala para fazer a checagem. Ela notou Kook ao lado de Tae e lhe dirigiu um olhar compassivo.

— Ele ainda não responde? — ela perguntou suavemente.

Jungkook balançou a cabeça com tristeza.

— Não. Ele está... em algum lugar distante, parece. — ele respondeu, lutando para manter a compostura.

A enfermeira assentiu compreensivamente e fez suas anotações no prontuário de Tae. Ela ajustou alguns dos tubos e fios ao redor de Taehyung, garantindo seu conforto.

— Ele precisa de tempo. — a enfermeira disse gentilmente antes de sair da sala.

Quando a enfermeira saiu, Jungkook suspirou profundamente, tentando segurar as lágrimas que insistiam em cair. Ele olhou para Taehyung, preso à maca com tiras de contenção, os olhos ainda vazios e distantes. A visão de vê-lo naquele estado quebrava seu coração.

— Tae, eu... — Jungkook começou, sua voz tremendo. — Eu te amo. Eu te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo, e não suporto te ver assim. — Ele segurou a mão de Taehyung com mais firmeza, tentando transmitir toda a sua força e amor através daquele toque.

— Eu te quero de volta na minha vida, Tae. — Kook continuou, seu coração se partindo em mil pedaços enquanto falava. — Eu preciso de você.

O silêncio na sala parecia ensurdecedor. Jungkook esperou, segurando a respiração, com a esperança de que suas palavras alcançassem Taehyung de alguma forma. Então, ele viu uma pequena mudança no rosto de Tae. Os olhos dele, antes vazios, piscaram levemente.

— Kook... eu também te amo. — uma voz fraca escapou dos lábios de Taehyung, quase inaudível.

°Colegas De Quarto°| kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora