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O nome dele não é Cupido, mas é assim que eu o chamo, porque naquela noite ele vestia a fantasia de um e cravou uma flecha em meu coração.
Nunca tive minhas paixões limitadas a apenas um gênero; sentia-me atraído tanto por mulheres quanto, para meu próprio infortúnio, por homens. E, embora me sentisse seguro sendo quem sou, o medo de ser autêntico ainda era uma sombra constante que me perseguia.
Naquele período, a pressão acadêmica e as expectativas familiares me esgotaram a ponto de quase me levar ao colapso. Estava afundado nos trabalhos curriculares e na busca incessante de atingir os padrões que minha família impunha. Foi então que uma colega, preocupada com meu estado, me convidou para uma festa de Halloween na mansão de alguém da cidade, uma oportunidade para me distrair.
Aceitei sem hesitar. Afinal, um pouco de rebeldia nunca faz mal a ninguém.
Foi lá que reencontrei o Cupido — meu antigo crush da escola. O garoto que eu observava entre uma aula e outra, sempre com aquele sorriso que iluminava a sala e fazia o mundo parecer menos pesado. Ele agora estava parado à minha frente, tão atraente quanto em minhas lembranças, mas dessa vez fantasiado de uma figura mítica que mexia com o destino de corações.
— Prazer em te conhecer, Cupido — falei com um sorriso de canto, tentando manter a compostura. — É uma fantasia peculiar para o Halloween, não acha?
— Sim, mas eu gosto de fugir dos padrões. E você? De que está fantasiado? Elfo Dourado? — ele riu, e o som da gargalhada ecoou como uma melodia, fazendo meu rosto esquentar de leve. Desviei o olhar, envergonhado. — Ei, não fique assim, você está sexy nesse traje.
— Não diga isso enquanto estou vestido de Ben Drowned... É constrangedor, mas vou levar como um elogio — voltei minha atenção para ele, que sorriu gentilmente. A suavidade do gesto fez meu coração bater mais rápido. — Já não tinha juízo, e você ainda vem com esse sorriso.
— Gostou? — ele perguntou, erguendo uma sobrancelha. Assenti timidamente. — Que bom, porque essa noite você vai tirar muito mais do que só um sorriso de mim!
O comentário me pegou desprevenido, e senti meu rosto queimar, interpretando o duplo sentido. Tentei afastar as implicações disso, mas a ideia persistia.
A música na sala principal aumentou, agitando ainda mais a multidão de fantasias bizarras que dançava sem parar. Andrew — meu cupido particular — segurou minha mão e me puxou para a pista de dança. Dançamos por minutos que pareciam uma eternidade e, ao mesmo tempo, instantes fugazes. Eu me deixei levar pela batida, pelo calor e pela ilusão de que aquilo poderia durar. Até que ele se inclinou perto do meu ouvido.
— Vou ao banheiro. Volto já.
Assenti, observando-o desaparecer entre a multidão e me dirigi a um pequeno bar no canto da sala. O barman, vestido de Frankenstein, serviu-me uma bebida espumante com um toque de 'sangue' que, para minha surpresa, tinha gosto de amoras frescas. O tempo foi passando, e a empolgação começou a ceder lugar a uma estranha inquietação.
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𝗔𝘁𝗲́ 𝗮̀𝘀 𝗲𝘀𝘁𝗿𝗲𝗹𝗮𝘀 𝗱𝗶𝘇𝗲𝗿𝗲𝗺 𝗡𝗮̃𝗼 - 𝕽𝖆́𝖉𝖎𝖔𝕬𝖕𝖕𝖑𝖊
FantasyEm um mundo onde a magia é real e não apenas fantasia, é necessário lidar com as devidas responsabilidades para acabar não enlouquecendo. Alastor, um temido pirata com um único objetivo de coletar todos os tesouros mágicos, acaba sequestrando Lúcife...