𝗡𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗶𝗲 𝗻𝗼𝘀 𝗼𝘂𝘁𝗿𝗼𝘀 - 𝗔𝗾𝘂𝗮 𝗠𝗮𝗴𝗻𝗮.
Dou um longo suspiro e pego um pequeno banco, colocando-o embaixo da rede para que eu consiga me acomodar nela. Me recusei a dividir o quarto com Angel — algo em mim resistia a essa ideia. Era quase como se, de alguma forma, eu me sentisse desconfortável por estar perto de outro "passivo". Não que eu me encaixe exatamente nisso… foi apenas um sentimento incômodo, e eu não sou passivo.
Acomodo-me na rede e deixo um pé para fora, balançando-o lentamente, embora a própria rede já oscile com o movimento do navio. O balanço suave começa a me embalar, e o peso do dia se dissolve um pouco. Husky dorme perto de mim, encolhido em outra rede, e Nifty também está por ali, repousando em sua própria rede. É quase engraçado — até aqui, essa tripulação tem sua hierarquia de espaço, como uma pequena e caótica amostra de desigualdade social.
Tento me ajeitar melhor e sinto algo duro no meu bolso. Lembro do livro que o homem misterioso deixou cair. Com um leve sorriso, pego o pequeno livro eme me ajeito para que a luz da lua que entra pela janela ilumine as páginas antigas.
— Seja o que Deus quiser — murmuro, abrindo o livro com cuidado, curioso sobre o que encontraria ali.
A primeira página está bem desgastada, quase esfarrapada, com bordas queimadas e algumas partes rasgadas ou comidas por traças, deixando marcas escuras nas folhas.
— Traças… são terríveis — comento baixinho, sacudindo o livro para me livrar de qualquer intruso antes de continuar.
Começo a ler, mas logo me deparo com uma poesia intitulada “Mares brilhantes”. As palavras falam de águas que refletem como um espelho, cintilando sob uma lua inexistente, e mencionam uma sensação de perigo iminente, como se o próprio mar escondesse olhos que observam cada movimento dos navegantes.
Faço uma careta, passo essa página poética e me deparo com uma descrição de uma criatura dos mares — um ser colossal das profundezas, coberto de tentáculos espessos e de escamas que poderiam rasgar a madeira de um navio. Seus olhos, de um vermelho incandescente, são descritos como chamas no fundo do oceano, aguardando pacientemente para emergir e destruir tudo em seu caminho. Um frio sobe pela minha espinha enquanto imagino a coisa se contorcendo sob as ondas.
Viro algumas páginas, parando no meio do livro, onde desenhos de artefatos estranhos saltam à vista. Um espelho de ouro, pesado e opulento, com inscrições em uma língua que me parece ser maia. As letras têm um formato retorcido e agressivo, como se o próprio alfabeto tivesse vida. Sem entender nada, passo adiante, observando outros desenhos: um anel com caveira, uma chave com cabo de trevo, um colar/amuleto que parece um olho de cristal, eternamente aberto, e...
De repente, um som alto me faz saltar. Husky espirra de maneira explosiva, e instintivamente fecho o livro, fingindo que estava dormindo. Abro um olho devagar e vejo que ele voltou a dormir, abraçado com firmeza a uma garrafa de rum, como se fosse o mais precioso dos tesouros.
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𝗔𝘁𝗲́ 𝗮̀𝘀 𝗲𝘀𝘁𝗿𝗲𝗹𝗮𝘀 𝗱𝗶𝘇𝗲𝗿𝗲𝗺 𝗡𝗮̃𝗼 - 𝕽𝖆́𝖉𝖎𝖔𝕬𝖕𝖕𝖑𝖊
FantasyEm um mundo onde a magia é real e não apenas fantasia, é necessário lidar com as devidas responsabilidades para acabar não enlouquecendo. Alastor, um temido pirata com um único objetivo de coletar todos os tesouros mágicos, acaba sequestrando Lúcife...