Alpha - Jacob Black

Isabella Swan

Embry havia me acordado com um balde de água gelada na cara, o que não era uma das melhores sensações, já que o clima da reserva era sempre tão úmido e frio quanto o da cidade ao lado, Forks. O céu ainda se encontrava escuro quando isso aconteceu, mas o garoto, junto a Seth e Paul, não me permitiram voltar a dormir. Eles me obrigaram a levantar, com a desculpa de que precisávamos ir a praia de La Push, como se minha vida dependesse disso. Não dependia, mas era tradição em nossos aniversários desde que tínhamos doze anos.

Com uma possível cara amassada, eu apenas aceitei que não iria mais dormir e fui para o banheiro. Lavei meu rosto, escovei os dentes e dei um jeito no meu cabelo. Segundo o espelho, eu havia pelo menos ficado apresentável. Meu cabelo castanho claro, que seguia até pouco depois do meu ombro, estava bem alinhado e com seus cachos impressionantemente comportados. Meu rosto já não parecia tão acabado, embora o mau humor estivesse ainda bem aparente e um tom leve de roxo se encontrava embaixo dos meus olhos.

— Me pergunto o que você fez ontem, pra estar com tanto sono assim. — Embry comentou , do lado de fora do banheiro.

Abri a porta, encarando-o. Embry estava quase deitado na minha cama, brincando com o filtro do sonho que Jacob havia me dado na noite anterior, como presente de aniversário antecipado. Já Paul, se encontrava em pé perto da minha mesa de estudos, fuçando meus cadernos que estavam espalhados pela mesa.

— Jacob passou aqui e a gente viu uns filmes. — falei, indo até Paul e batendo na mão do garoto quando ele pegou meu diário, devolvendo o pequeno caderno ao seu canto. — Acabamos maratonando duas temporadas de três é demais.

— Ele dormiu aqui? — Embry perguntou, me encarando com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Está vendo ele por aqui? — respondi sem paciência, batendo na perna dele e apontando para que saísse da minha cama.

— Como alguém com o apelido de raio de sol pode ser tão agressiva quando acorda?. — ele perguntou, forçando um sorriso.

— Simples, ela foi acordada com água gelada no dia do aniversário. — falei, cruzando os braços.

— A ideia foi do Paul. — Embry apontou para o amigo, que o olhou surpreso pela aparente traição, enquanto o mais baixo caminhava em minha direção com os braços abertos. — Feliz aniversário, Kia

Embry me abraçou e eu logo correspondi, rindo quando o garoto me apertou. Os dois não eram os garotos mais musculosos da reserva, mas ainda sim eram bem fortes.

— Feliz aniversário, Kia. — Paul imitou Embry, me abraçando também, ambos apertando ainda mais os braços ao meu redor.

— Gente, sem... ar. — resmunguei, escutando as risadas deles enquanto me soltavam. — eu odeio vocês.

Os dois ignoraram completamente meu comentário, acostumados com meu humor matutino. Nós três saímos da minha casa, tomando cuidado para não fazer muito barulho. Minha tia ainda dormia e seria terrível acordar ela. Todos passamos na ponta dos pés, calçando nossos sapatos apenas ao chegar perto da porta. Acabamos indo a pé para a praia, já que não era muito longe de onde morávamos e assim poderíamos ir conversando. Embry tentou me derrubar pelo menos três vezes e Paul precisou separar nossas brigas, embora ele sempre acabava me ajudando a me vingar de Embry e empurrá-lo de volta.

Eles eram como meus irmãos, ambos. Embry e Paul estão comigo desde que me mudei, assim como Jacob e Seth. As garotas chegaram um tempinho depois, mas também acabaram fazendo parte dessa família esquisita. Todos me ajudaram tanto com minha adaptação, mesmo que os mais velhos da reserva tenham ficado com o pé atrás por eu ser filha do homem que abandonou a tribo e depois voltou apenas para largar a filha e ir embora novamente. Billy foi o primeiro a me acolher, junto a minha tia, o que acabou me fazendo conhecer Jacob. Logo depois o garoto me apresentou para os outros três. Quando minha tia me colocava de castigo, eles sempre invadiam meu quarto escondido para maratonar filmes ou apenas para me escutarem. No dia que tentei fugir para procurar meu pai, Jacob foi quem me encontrou e me convenceu a voltar, me ajudando a arrumar uma boa desculpa para minha tia sobre o porquê de eu ter sumido. Eles sempre estiveram aqui por mim.