Capítulo 1: Confiança Fraturada

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O vento gelado do início do outono varreu os terrenos de Hogwarts, farfalhando as folhas mortas e causando arrepios nos alunos reunidos do lado de fora. Harry Potter puxou sua capa mais apertada ao redor de si, tentando ignorar o frio e a conversa incessante de seus colegas de classe. Apesar da excitação de começar o terceiro ano, Harry sentiu uma profunda sensação de desconforto, como se algo estivesse fundamentalmente errado, embora ele não conseguisse identificar o que era.

Tinha sido um verão tumultuado, cheio de sonhos perturbadores e uma sensação corrosiva de que sua vida não era inteiramente sua. Seu tempo com os Dursleys tinha sido insuportável como sempre, mas este ano, Harry não conseguia se livrar da sensação de que seus problemas se estendiam muito além de suas mesquinhas crueldades. Nem mesmo a chegada da tia Marge e sua subsequente inflação tinham ocupado completamente sua mente.

Os pensamentos de Harry foram interrompidos por uma voz familiar. "Ei, Harry! Você está ao menos ouvindo?"

Harry se virou para ver Ron Weasley o encarando com uma expressão confusa. Hermione Granger estava ao lado dele, segurando um livro grosso contra o peito. Harry forçou um sorriso, empurrando suas preocupações para o fundo da mente.

"Desculpe, Ron, o que você estava dizendo?"

Ron revirou os olhos. "Eu estava dizendo, você viu aquele idiota do Malfoy no trem? Agindo todo arrogante como sempre."

Hermione franziu a testa. "Sinceramente, Ron, é o primeiro dia. Não vamos começar com Malfoy já."

Mas Harry descobriu que não conseguia reunir o incômodo habitual à menção de Draco Malfoy. Algo sobre o sonserino estava diferente ultimamente. Ele parecia menos focado em insultos mesquinhos e mais distraído, quase introspectivo. Harry sentiu uma estranha curiosidade puxando-o, mas ele a dispensou, atribuindo-a à miríade de outros pensamentos que lotavam sua mente.

Enquanto eles seguiam para o castelo, Harry ficou um pouco para trás, perdido em pensamentos. Sua cicatriz formigava levemente, um lembrete da ameaça sempre presente de Voldemort. No entanto, mesmo isso parecia estranhamente distante, ofuscado pela sensação perturbadora de que sua vida não estava inteiramente sob seu controle.

O Salão Principal estava agitado de excitação enquanto os alunos tomavam seus assentos para a Cerimônia de Seleção. Harry sentou-se com Ron e Hermione na mesa da Grifinória, as vistas e sons familiares de Hogwarts fornecendo um conforto temporário. Ele observou distraidamente enquanto os novos alunos eram selecionados para suas casas, seus rostos uma mistura de excitação e trepidação.

Após a Seleção e o banquete, Dumbledore se levantou para fazer seu tradicional discurso de boas-vindas. Seus olhos azuis brilharam por trás dos óculos de meia-lua, mas Harry sentiu uma estranha inquietação enquanto ouvia. As palavras do diretor pareciam vazias, o brilho em seus olhos mais calculista do que gentil.

Mais tarde naquela noite, Harry se viu vagando pelos corredores do castelo sozinho, seus passos ecoando nas paredes de pedra. O calor da sala comunal da Grifinória parecia sufocante, e ele precisava de tempo para clarear a cabeça. Enquanto caminhava, seus pensamentos se voltaram mais uma vez para a sensação inquietante de que algo estava terrivelmente errado.

Um lampejo de movimento chamou sua atenção, e ele se virou para ver Draco Malfoy parado perto de uma janela, olhando para o céu escuro. Por um momento, Harry pensou em ir embora, mas algo na postura de Malfoy o impediu. O sonserino parecia perturbado, perdido em pensamentos, sua arrogância habitual em lugar nenhum à vista.

"Malfoy?" Harry gritou, sua voz mais suave que o normal.

Draco se virou bruscamente, seus olhos cinzentos se estreitando. "O que você quer, Potter?"

Harry hesitou, incerto do que ele próprio queria. "Não sei", ele admitiu. "Só... você parecia ter algo em mente."

A expressão de Draco suavizou-se um pouco, um lampejo de surpresa cruzando seu rosto. "O que te faz pensar que eu falaria com você sobre isso?" ele perguntou, mas o veneno em seu tom estava ausente.

Harry deu de ombros. "Não sei. Talvez porque eu me sinta da mesma forma. Como se algo não estivesse certo."

Draco o estudou por um longo momento, então assentiu lentamente. "É, talvez." Ele olhou ao redor, certificando-se de que estavam sozinhos. "Potter, você já se sentiu como... como se não estivesse totalmente no controle da sua própria vida? Como se outra pessoa estivesse puxando as cordas?"

O coração de Harry pulou uma batida. "Sim", ele disse, mais firmemente do que pretendia. "Sim, eu tenho."

Os olhos de Draco encontraram os dele, um entendimento silencioso passando entre eles. "Talvez não sejamos tão diferentes, afinal," Draco disse calmamente.

Uma trégua hesitante pareceu se formar naquele momento, um vínculo frágil forjado a partir de incertezas compartilhadas e medos não ditos. Enquanto estavam ali no corredor escuro, dois garotos de casas opostas encontraram um ponto em comum em seu senso mútuo de inquietação.

Nos dias seguintes, Harry não conseguia se livrar da sensação de estar sendo observado, de alguém espreitando além de sua vista. As conversas com Ron e Hermione pareciam tensas, a preocupação deles por ele beirando o sufocamento. Até mesmo suas frequentes garantias e tentativas de envolvê-lo em atividades normais pareciam vazias.

Uma noite, depois de mais um jantar constrangedor no Grande Salão, Harry escapuliu para a biblioteca, buscando consolo entre as fileiras de tomos antigos. A biblioteca estava quase deserta, a luz bruxuleante das velas lançando longas sombras sobre as mesas de madeira polida.

Enquanto Harry folheava uma seção sobre linhagem mágica, uma sombra caiu sobre as páginas de seu livro. Ele olhou para cima e viu Draco Malfoy parado ali, sua expressão cautelosa, mas curiosa.

"Potter," Draco disse em voz baixa, olhando ao redor para ter certeza de que ninguém estava ouvindo. "Eu estava pensando sobre o que conversamos na outra noite. Sobre sentir que não estamos no controle."

Harry assentiu lentamente, estreitando os olhos. "E?"

Draco hesitou, então sentou-se em frente a Harry. "Acho que precisamos descobrir o porquê. Há algo acontecendo aqui, algo grande. E acho que estamos no centro disso."

Harry sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas ele encontrou o olhar de Draco com determinação. "Eu acho que você está certo," ele disse. "Então, o que fazemos sobre isso?"

Draco se inclinou, sua voz pouco mais que um sussurro. "Descobriremos quem está puxando as cordas. E então os cortamos."

Aquela noite marcou o início de uma aliança provisória entre Harry e Draco, uma aliança nascida de dúvidas compartilhadas e do desejo por respostas. Conforme eles se aprofundavam nas sombras de Hogwarts, eles descobririam segredos que mudariam suas vidas para sempre, colocando-os em um caminho que os levaria à traição, ao poder e a uma ascensão sombria diferente de tudo que eles já haviam imaginado.

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Ascensão Negra[Tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora