Inevitável

Regresso

Wei Ying não conseguia parar de pensar na melancólica melodia que Lan Zhan havia tocado. Ela o acalmava, tocava no fundo da sua mente sem parar e penetrava pelo seu coração. Sentia uma mistura estranha. Ele estava sentindo um turbilhão de sensações enquanto pensava em Lan Zhan se sentia culpa quando fechava os olhos e se perdia imaginando os dedos de Lan Wangji na Guqinde novo e denovo, tentava interpretar aqueles olhos dourados intensos dizendo coisas que ele desejasse que fossem verdades mas que não se passam de combustível para suas fantasias. Não era possível que Lan Zhan quisesse qualquer coisa com Wei Ying. Não queria nem deixar que aquela ideia florescesse como uma erva daninha, indesejada, ele iria acabar com ela agora, decepando-a logo, rápido.

Wei Ying se pôs a assobiar a melodia enquanto penteava os cabelos longos após ter relaxado o suficiente na banheira. Traçou as feições da Segunda Jade em uma folha de pergaminho mais cedo aquele maxilar pontiagudo, boca farta, cascatas negras. Ele se sentia encurralado. Lan Wangji ocupava sua mente completamente e se não fosse o bastante queria passar o máximo de tempo ao seu lado. Estava desenhando para não correr o risco de ceder aos seus desejos de pegar algo de Lan Zhan, qualquer coisa que tivesse o seu cheiro delicioso, ou pior se grudar ao seu lado e não sair mais. Tentou ser forte por Jiang Cheng para mostrar que tinha controle.

"Alfas são ruins. Está na nossa natureza. Somos descontrolados, cedemos ao nosso pior lado que tira nossa razão e acabamos machucamos sem pensar."

Ele estava certo, ele como ômega podia dizer o mesmo. Era maior que ele o desejo de ter aquilo que queria não importasse a consequência. Estava se tornando insuportável. Wei Ying não era bom em se controlar ou meditar. Era péssimo.

Ele precisava de algo de Lan Zhan urgentemente!

Frustrado, Wei Ying se jogou na sua cama, se embolou na coberta e voltou a murmurar a melodia de Lan Zhan diversas vezes até seu sono chegar. Pelo menos não deixava de ser algo do seu alfa, o que era mais apaziguador. Ele compôs uma música tão cheia de sentimentos. Lan Zhan nunca seria um alfa frio...

[...]

Wei Ying acordou animado para ver Lan Zhan e pedir para ele tocar todas as músicas de sua autoria. Ele precisava ouvir todas elas! Levantou uma hora mais cedo que o habitual, correu para pentear os seus cabelos e sentiu vontade de fazer uma trança para parecer mais apresentável. Wei Ying geralmente juntava todas suas madeixas rebeldes com uma fita no topo de sua cabeça e já era suficiente. Mas depois que terminou cobriu o seu rosto com um grunhido notando como ele sempre aparentava um lunático descabelado perto de Lan Zhan.

Wei Ying só não esperava que o alfa não fosse aparecer nas aulas daquele dia. Deixou seus ombros cairem assim quando viu Lan Qiren começar sua aula normalmente e nada do seu sobrinho se sentar no seu lugar como de costume. Teve que passar o período todo trocando desenhos com Nie Huaisang que insistia em perguntar se ele ia até a cidade extremamente curioso com o seu penteado. Jiang Cheng o encarou e franziu os olhos.

- Por quê? Você vai?

- Eu não sei. Eu ouvi dizer que artistas estrangeiros vieram para Cayi eu quero dar uma olhada.

- Oh? - Wei Ying não estava querendo sair hoje. Ele tinha muitos planos! Procurar por Lan Zhan, talvez esbarrar com outro discípulo carregando um cesto de roupas de Lan Wangji, quem sabe, ver os coelho... - Nie-Xiong, eu já tenho planos para essa tarde.

- Que tipo de planos? Encontrar Lan Wangji?! Grudar no garoto e não soltar mais! Você está meio obcecado por ele!

- Ah, quietinho, didi. Vou terminar de ler o meu livro e...

- Hahaha

- Você ouviu o que ele disse? - Jiang Cheng caçou dele. - Ele disse que vai ler!

- Mas eu... - Tentou salvar um pouco de face mas foi inútil.