Simon acordou cedo, antes mesmo do alarme tocar.
Seus olhos estavam pesados, não só pelo sono, mas também pelo cansaço emocional.
Levantou-se da cama com cuidado, tentando não fazer barulho.
Seu padrasto, Carlos, dormia no quarto ao lado e Simon sabia que qualquer ruído poderia acordá-lo e desencadear uma série de eventos indesejáveis.
Descendo as escadas, Simon podia sentir a tensão no ar.
Carlos já estava acordado, sentado na cozinha com uma xícara de café na mão.
Seus olhos escurecidos e o olhar fixo no garoto revelavam o que estava por vir.
-Já acordado, moleque?- Carlos rosnou, sem sequer olhar para Simon.
Simon engoliu em seco -Sim, senhor. Vou me preparar para a escola."
Antes que ele pudesse dar mais um passo, Carlos levantou-se abruptamente, derrubando a cadeira no processo.
-Acha que pode simplesmente ignorar as regras desta casa, não é?-
Sem aviso, Carlos agarrou Simon pelo braço, puxando-o violentamente.
A dor era intensa, mas Simon sabia que gritar só pioraria a situação.
Carlos o jogou contra a parede, a cabeça de Simon bateu com um som oco, e ele viu estrelas.
-Você é um inútil, um peso morto!-
Carlos gritou, seus olhos injetados de raiva.Cada palavra era acompanhada de um golpe. Os socos eram brutais, direcionados às costelas e estômago, onde os hematomas não seriam visíveis para sua mãe.
Simon tentou proteger-se, mas seus braços eram fracos contra a fúria de Carlos.
Ele sabia que, assim que sua mãe saísse para o trabalho, ele se tornava um alvo fácil.
Carlos tinha o dia inteiro para descontar sua frustração.
Após o que pareceu uma eternidade, Carlos finalmente o soltou, respirando pesadamente.
-Vista-se e vá para a escola. E nem pense em dizer uma palavra para sua mãe. Entendeu?-
Simon apenas assentiu, incapaz de falar.
Com dificuldade, levantou-se do chão e subiu as escadas de volta ao seu quarto.
Cada movimento doía, mas ele precisava se preparar.
Abriu o guarda-roupa e pegou um moletom cinza com capuz.
Era um dia escaldante, mas ele sabia que o moletom era sua única proteção, escondendo os machucados que cobriam seu corpo.
Quando chegou à escola, o calor era quase insuportável.
Suas roupas estavam encharcadas de suor, mas ele manteve o capuz puxado sobre a cabeça, evitando olhares curiosos.
Sentou-se no fundo da sala de aula, tentando não chamar atenção.
-Simon, você está bem?- A voz preocupada de Ellen veio de repente.
-Sim, só estou com um pouco de frio- mentiu Simon, forçando um sorriso.
Ellen olhou para ele, claramente duvidando, mas não insistiu.
Simon sabia que não podia revelar a verdade.
Sua mãe já trabalhava demais, e ele não queria ser um fardo adicional.
O dia passou lentamente, cada minuto parecia uma hora.
No recreio seus amigos vieram lhe questionar. Debaixo da sombra de uma árvore
-Simon você não está com calor?- Perguntou Maya curiosa- Como você aguenta?-
Ele sorriu levemente- Eu me acostumei. Na verdade me sibto confortável assim. Além disso o moletom me protege do sol-
-Mas está tão quente...e você nem está suando!- Exclama Elói
Simon deu de ombros- Cada um tem seu jeito de lidar com o calor. E talvez eu tenha meus segredos
Os fez rir
No meio da manhã, Simon pediu para ir ao banheiro. Enquanto lavava o rosto, ele arregaçou as mangas do moletom, olhando as marcas roxas que cobriam seus braços.
A porta do banheiro se abriu, e Ellen, entrou para lavar as mãos.
Ela parou abruptamente ao ver as contusões nos braços de Simon, seu rosto se enchendo de preocupação
-Simon?- Sua voz estava trêmula
Ele Abaixou os olhos - Por favor Ellen, não diga a ninguém. É complicado...-
Se aproximou dele cuidado, colocando a mão gentil no ombro dele-Simon, você quer me contar alguma coisa? Quem fez isso com você?-
Simon hesitou por um momento, lutando contra a mistura de vergonha e medo que o havia mantido em silêncio por tanto tempo
Finalmente ele negou lentamente
Não é nada Ellen- Tentou mudar de assunto
-Se precisar de ajuda pode falar comigo tá?-
-Tá bom, mas já disse que não é nada-
-Simon-
-Eu não posso contar- Saiu do banheiro nervoso
Quando finalmente voltou para casa, sua mãe ainda não havia chegado.
Simon foi direto para o seu quarto, fechando a porta atrás de si. Lá, ele deixou as lágrimas caírem, silenciosas e solitárias, sabendo que no dia seguinte tudo se repetiria.
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Universos Paralelos
Roman pour Adolescentsesse era para ser mais um romance entre uma nerd e o popular , mas não desta vez... onde o amor e o ódio caminham lado a lado veremos que quando duas pessoas tem tudo para ficarem juntas nem mesmo a morte pode separá-las...