Arte e Dança.

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"A dança é a arte de expressar o indizível, de comunicar o inexprimível, de tocar as almas sem dizer uma palavra." - Poema de autor desconhecido.

I.

Izuku não se lembra de piscar quando assiste, vidrado, aquela apresentação; tão concentrado que o mundo ao seu redor não se torna mais que apenas um borrão e os sons não encontram seus ouvidos. Há algo naquele dançarino, algo que o deixa desconectado com a realidade, o traz para um universo alternativo em que só existe Izuku e... Katsuki.

A televisão de cinquenta e cinco polegadas tem uma imagem incrível, toda cheia de cores e alta resolução, o que somente acrescenta em sua imaginação fértil. Como seria, então, se apresentar lado a lado com ele? Sentindo as batidas, coração ritmado, a platéia assistindo com admiração, enquanto os dois dançarinos dão tudo de si em uma coreografia pensada por ambos? Como seria a sensação dos corpos se tocando, do calor compartilhado, das respirações ofegante? Izuku não consegue imaginar. Mas ele quer, quer e vai continuar querendo.

Era de conhecimento geral que Izuku sonhava em fazer parceria com alguém grande como Katsuki. Aliás, não alguém; Izuku quer dançar com Katsuki.

A primeira vez que testemunhou o loiro coreografando, os dois não passavam de calouros na faculdade; de cursos diferentes, raramente encontrariam-se pelo campus, se não fosse o fato de que os dois seguiam o currículo de dança. Enquanto Izuku tinha se apaixonado pela dança clássica, Katsuki era mestre na contemporânea. O que os uniu por um semestre foi História da Dança, mas Izuku só contemplou aquela maestria durante o último ano de curso; o trabalho final do ano era um festival de música. Todas as turmas relacionadas estiveram presentes e passaram um tempo juntos, planejando, arquitetando e ensaiando.

Izuku se recordava de ter se divertido um monte. E quando o dia chegou, vamos admitir, a palavra "sensacional" não chegava nem perto de como tudo se seguiu.

Aquele Katsuki dançou logo depois da sua turma, em um solo perfeitamente sincronizado, o rosto maquiado, a tez brilhando de suor; um rebuliço distinto arrepiou Izuku desde a cabeça até a ponta dos dedinhos dos pés. Mesmo que todo o palco estivesse iluminado, Katsuki parecia brilhar mais que as luzes, mais que os pisca-piscas instalados, mais que tudo e todos. Izuku perdeu o fôlego, se imaginando ali ao lado, embora não se achasse capaz de chegar a qualquer nível de destaque para equiparar-se.

Oh, estava tão errado.

Desde a colação de grau, Izuku tem acompanhado a carreira de Katsuki como um de seus exímios fãs, sempre presente nas performances quando estava livre. Izuku, mesmo que não parecesse, também conquistou o público com a sua facilidade com a qual conseguia construir uma base sólida de críticas, misturando o balé tão bem visto na elite, e uma dança de rua como hip hop que mudou sua vida quando era uma criança. Não lhe faltava a coragem de exibir opiniões marcantes, mas lhe ausentava o menor tipo de valentia que o ser humano precisava: a confiança em si mesmo.

Seu sonho de fazer uma performance com o loiro sempre foi um tipo de incentivo certo que o fazia sempre dar o seu melhor, se dispor de participar de todos os shows e festivais que o convidaram, a pequena esperança de ser chamado agia como um combustível imbatível em seu corpo, enviava faíscas de desejo por todo o seu sangue. Também havia a opção de fazer um pedido para seus patrocinadores, certamente Toshinori tinha conhecimento de contatos próximos a Katsuki, no entanto, a vergonha também estava presente em Izuku, assim como um milhão e meio de inseguranças, e o impedia de dar o primeiro passo.

Por sorte ou culpa do destino, Izuku nunca precisou.

No dia 15 de julho, no meio da comemoração de seu aniversário, um número desconhecido ligou para seu celular. Ele deveria ter desconfiado quando todas as pessoas presentes se calaram, atuando como crianças pegas em um momento inoportuno. Mas estava tão entretido no copo de cerveja e na conversa com sua maquiadora Ochaco, que isso nem sequer passou pela sua mente.

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