Capítulo dez.

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Flora’s pov.

Minhas pernas balançando incessantemente em cima da cama indicavam minha impaciência. No entanto, eu parecia mais uma criancinha, devido ao sorriso que estava no meu rosto.

Convenci Quint a dar uma volta comigo pelo castelo e aprender sobre algumas coisas da minha família, o que ela, prontamente, aceitou. Sua segunda matéria favorita é história, então, isso também deve ter influenciado em sua decisão.

Ela não costuma sair muito do quarto por conta própria, nem mesmo para comer — Já que tem medo de esbarrar com um dos meus pais —, então, eu venho aqui toda hora, para ver como ela está e se precisa de algo.

— Você é obrigada a tirar notas boas em história, no caso, em história da Escócia? — Quint pergunta, assim que, finalmente, sai do banheiro. — Tipo, é meio que a história da sua família, né? Você precisa gabaritar todas essas provas?

— Ah… — Inclino a cabeça pro lado. — Talvez? Ninguém tem acesso às minhas notas a não ser os professores e meus pais, eu acho. Eles nunca me cobraram muito. Minha mãe é ocupada demais para se importar muito com notas e meu pai nem deve saber que eu estou no ensino médio.

Dou de ombros e me levanto da cama.

— Como é aprender sobre o que seu tataravô fez de ruim? — Faço uma cara confusa, mas, quando estou prestes a responder Quint, percebo que ela está brincando.

— Meio chato, sabe? Você nunca está afim de saber que seus tataravós eram pessoas horríveis. — Respondo, fazendo uma cara triste, Quint dá uma risadinha. — Vamos?

Quint vem até mim e entrelaça nossos braços. Minhas sobrancelhas se erguem um pouco com o toque repentino, já que, em todas as outras vezes, fui eu quem iniciou o contato.

Saímos juntas do quarto dela e eu guio o caminho pelos largos corredores do castelo. Andamos pela parte privada de Hollyrood, destinada aos aposentos da família real. Enquanto isso, jogamos conversa fora.

— Esse é o meu avô. — Eu digo, apontando para um grande quadro na parede. — Rei James II. Ou, pelo menos, um retrato dele.

— Você o conheceu? — Quint pergunta, se virando para me olhar com os olhos beirando a curiosidade e a boca um pouco entreaberta, mostrando alguns dentes.

— Não. Ele morreu antes de eu nascer. — Continuo falando enquanto encaro o quadro do meu avô. Ele tem cabelos castanhos e não é muito parecido comigo, mas nós compartilhamos os mesmos olhos dourados, apesar de que os dele demonstram mais frieza que os meus. — Não é atoa que a minha mãe é rainha desde os dezoito anos.

— Você não acha que é meio… não sei, cruel demais? — Quint pergunta e então eu, finalmente, me viro para observá-la também.

Nós duas estávamos mais perto do que eu imaginava. A sensação do seu toque já era tão natural que eu nem percebi que nossos ombros estavam juntos. Quando me virei, nossos narizes se encostaram, mas Quint se afastou rapidamente.

— Como assim?

— Sabe, seu pai morre e você nem tem tempo de chorar, já que as pessoas começam a empurrar responsabilidades e deveres para cima de você. — Ela explica, observando o quadro com cautela. — Além disso, ela só tinha dezoito anos, quase a mesma idade que nós. Nem conseguiu fazer faculdade ou algo do tipo. Aproveitar a vida.

— É assim que uma monarquia funciona. — Rebato, aprumando a coluna, como se minha mãe pudesse me ver nesse exato momento. — Nunca podemos ficar sem um rei ou regente. Você não estar preparado, triste ou não ter tanta idade não importa. Só no caso de você ser uma criança, mas, nesses casos, colocam um regente para comandar até que você faça dezoito anos.

A "Princesa" Também Pode Ser Salva Por Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora