0,02 Seconds

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Essa one não é triste, pelo menos eu achei que não. Ela é mais para """"pensar""", sei lá. Não sei explicar. Só espero que vocês digam na ask se gostaram ou não.

- Isadora (@afterharmony)

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Estudos comprovam que uma pessoa, em média, demora 0,2 segundos para se apaixonar. E quando isso acontece, doze áreas do cérebro liberam químicos indutores de euforia (dopamina, adrenalina, etc). De acordo com pesquisadores, o efeito é quase como a euforia de quem usa cocaína. Fora que os químicos liberados não afetam apenas a parte emocional, mas também áreas do cérebro ligadas ao intelecto.

E o mais legal: diferentes partes do nosso cérebro se apaixonam. Cada um para um tipo de amor diferente, ou pelo menos foi isso que eu entendi.

Eu acredito em amor a primeira vista, sabe? Daqueles que você olha para a pessoa durante menos de 0,2 segundos e você imagina como seria conversar com ela, "trocar uma ideia", como minha avó diria. Acredito que você pode se apaixonar pelo olhar, aquele que te mostra quem a pessoa realmente é por dentro mesmo sem ela te mostrar. E, principalmente, acredito que esse tipo amor pode durar sim.

Demorou menos de 0,001 milésimos para que os meus olhos se apaixonassem. 0,99 para que a paixão se espalhasse pela minha cabeça. 0,97 pelo meu tronco. 0,95 pelo meu corpo inteiro. 0,90 a paixão já se impregnara nas minhas células, até chegar ao meu coração. 0,80 centésimos e todas as partes do meu corpo e espirito estavam juntas e misturadas naquele sentimento.

Não que eu quis, pelo contrário. Eu não queria ter a olhado e visto o meu mundo virar de cabeça para baixo em menos de 0,02 segundos, batendo um recorde tão rápido que, se os cientistas soubessem, eles me prenderiam numa sala para ver que tipo de criatura frágil eu era a ponto de me apaixonar tão rápido.

Talvez eu fosse masoquista. Fosse. Hoje eu vejo o quão burra eu fui.

Me pergunto se eu tivesse a olhado num segundo diferente eu teria sentindo a mesma ebulição dentro de mim. Segundos fazem muitas diferenças. E se eu nem prestasse atenção quando ela começou a cantar? Impossível. Qualquer um com a cabeça no lugar iria fazer a mesma coisa que eu: encarara-a de boca aberta, como se não acreditasse que um ser humano pudesse cantar daquele jeito. Hm... E talvez se eu não tivesse olhado naqueles olhos... Outra missão impossível. Eles são tipo um imã, sabe? É quase como se te obrigasse a olhar no fundo daquele mar verde.

E eu me afoguei, desde a primeira vez.

Entenda: eu não conhecia aquele mar. Não conhecia as regras da praia, muito menos quem podia ir para o fundo e quem tinha que ficar na beirada. Porém, ele era tão chamativo, sedutor... Ele implorava para que eu corresse, tirasse as boias – ah, vale lembrar que eu também não sabia nadar -, e quase que voasse sem medo para o fundo. O mar disse que ela estaria lá para me ensinar ar regras. Uma braçada de cada vez, uma pernada logo depois. Ela foi me ensinando, e eu fui aprendendo. Às vezes eu sentia medo, muito medo mesmo, de me afogar. Mas ela me prometeu que sempre estaria ali pra impedir que eu me afogasse.

E ela esteve. Por tanto tempo ela esteve, meu Deus.

E nós nos aventurávamos bem lá no fundo para que ninguém pudesse ver e descobrir nossa "brincadeira proibida". Durante todo aquele ano o mar esteve manso, e nós conseguimos ser felizes, nunca ficando cansadas de nadar, nadar e nadar. Na verdade, o que valeu a pena mesmo era a companhia uma da outra. Tudo bem, nós vivíamos juntas, principalmente por dividimos o mesmo sonho de sair por aí levando nossa música mundo a fora – junto com nossas outras colegas, e incríveis amigas, de grupo. Mas aquele mar... Aquele mar era só nosso. Aquela bolha era só nossa, e ninguém podia entrar.

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