— Eu trabalho para uma instituição de caridade.
— Uau. Que nobre. Eu poderia dizer que sempre quis fazer algo do tipo, mas acho que sou superficial demais para isso. — Ele virou o rosto para mim, e eu o beijei intensamente. — Sabor de sorvete favorito?
— Menta com chocolate.
Outro beijo.
— Um livro que literalmente todo mundo já leu, menos você. — Todos.
Ele se afastou.
— Você não merece um beijo depois dessa resposta.
Totalmente insatisfatória.
— É sério. Todos os livros: O sol é para todos, O apanhador no campo de centeio, qualquer coisa que o Dickens escreveu, Nada de novo no front, aquele lá da mulher do viajante no tempo, Harry Potter...
— Você realmente não tem vergonha da sua falta de cultura, não é?
— Sim, estou pensando em me mudar para os Estados Unidos e concorrer a um cargo público.
Ele riu e me beijou, permanecendo perto dessa vez, o corpo pressionado contra o meu, a respiração tocando minha pele.
— Certo. Lugar mais esquisito onde você já transou.
— Essa vai para o número oito? — perguntei com uma risada desolada na intenção de parecer incrivelmente blasé e despreocupado.
— Que número oito?— Você sabe, "Doze filhos de celebridades que gostam de foder em lugares esquisitos. O número oito vai te surpreender".
— Espera aí. — Ele congelou. — Você acha mesmo que eu estou te beijando para fazer uma lista?
— Não. Quer dizer... Não. Não.
Ele me encarou por um momento longo e horrível.
— Você acha, né?
— Eu te avisei que é complicado.
— Isso não é complicado, é ofensivo.
— Eu... É... — Eu já havia enfrentado aquilo antes.
Conseguiria enfrentar de novo. — Não é isso. Não é pessoal. Não teve mecha do cabelo atrás da orelha dessa vez.
— Como assim não é pessoal, se você está genuinamente
preocupado com um possível comportamento meu?
— Só preciso tomar cuidado. — Só para deixar claro, eu disse
isso com extrema dignidade, não foi nem um pouco patético.
— Que merda eu iria escrever? Encontrei O filho de um ex-
famoso em uma festa? Bomba: filho gay de celebridade é gay?
— Bom, me parece um avanço em comparação com o que
você geralmente escreve.
Ele ficou boquiaberto, e eu me dei conta de que poderia ter
passado um pouquinho dos limites.
— Uau. Eu ia dizer que não sabia muito bem quem de nós
dois estava sendo um cuzão aqui, mas obrigado por esclarecer. — Não, não — respondi de imediato. — Sou sempre eu.
Acredite, eu sei disso.
— Ah, muito digno da sua parte. Quer dizer, não sei o que é
pior. Você pensar que eu estaria disposto a transar com uma pessoa nem tão famosa assim para subir na vida, ou acreditar que, se eu fosse mesmo tomar uma decisão profissional degradante nesse nível, a pessoa que eu escolheria para usar seria você.
Engoli em seco.
— Excelentes argumentos. Muito bem pensados.
— Puta merda, eu deveria ter escutado a Angie. Você não vale nada mesmo.
Ele desapareceu no meio da multidão, provavelmente para
procurar alguém menos fodido da cabeça, me deixando sozinho com minhas orelhas de coelho caídas e uma sensação profunda de fracasso pessoal. No entanto, acho que conquistei duas coisas naquela noite: consegui demonstrar meu apoio a um homem que não precisava de forma alguma, e finalmente provei, para além de qualquer possível dúvida, que ninguém em sã consciência sairia comigo. Eu era perturbado, desconfiado, emburrado e paranoico, capaz de encontrar um jeito de arruinar até mesmo as interações humanas mais básicas.
Me recostei no bar e observei o porão cheio de estranhos se divertindo mais do que eu, dois deles provavelmente conversando sobre como eu era um ser humano horrível. Ao meu ver, eu tinha duas opções. Poderia engolir o choro, agir feito adulto, encontrar meus amigos e tentar ao máximo aproveitar a noite. Ou poderia correr para casa, beber sozinho e incluir essa noite na lista de coisas que eu tentava inutilmente fingir que nunca tinham acontecido.
Dois segundos depois, eu estava subindo as escadas. Oito segundos depois, eu estava na rua.E dezenove segundos depois, eu estava tropeçando e caindo de cara na sarjeta.
Bem, não seria aquilo a cereja de chuchu que faltava no bolo solado que havia sido a minha noite? Pelo menos, nada daquilo voltaria para me assombrar.
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Procura-se um namorado
FanfictionQuando uma foto comprometedora vai parar nos tabloides britânicos, Min Yoongi vê sua reputação e seu emprego ameaçados. Para limpar sua imagem, ele sabe que precisa de um namorado perfeito. E quem é melhor que Jung Hoseok, o advogado com quem sua am...