𝟎𝟎𝟎 - 𝐅𝐋𝐀𝐒𝐇𝐁𝐀𝐂𝐊

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Charles Chapman, o nome que estava presente em cada canto daquela competição

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Charles Chapman, o nome que estava presente em cada canto daquela competição. Em cartazes brilhantes, nas vozes eufóricas torcendo por uma vitória e principalmente, no coração de sua filha, Merlia.

A garota brilhava com cada ponto conquistado por seu pai, e se emocionava ao ver o sorriso de sua mãe quando Charles saía campeão das lutas.

Tudo corria bem. Nada poderia estragar aquela sensação!

. . .

Apenas um ponto afastava Charles Chapman da vitória. O sonho do homem seria finalmente realizado, ele se tornaria campeão estadual de karatê.

Charles Chapman, o novo campeão estadual do Kansas! ❞ - Isso soava bem, e logo seria uma fala verídica.

. . .

O olhar de Merlia seguia cada movimento de seu pai. Sua mente mandava energias positivas, enquanto seus dedos se cruzavam fortemente.

Era perceptível a frustração do oponente de Chapman, ele parecia furioso e por um segundo sequer, o olhar se tornou mortal.

Merlia sentiu medo, ou era mais parecido com um aperto incontrolável no peito. Toda a euforia da morena esvaiu-se, restando apenas uma preocupação, que por aquele momento parecia exagerada.

A luta prosseguiu, os segundos pareciam incontáveis, os golpes de nenhum dos lados era eficaz para marcar ponto e os torcedores se encontravam inquietos, apenas esperando que alguém saísse vitorioso.

E assim, com um movimento impulsivo, o oponente de Charles calou a todos. Ele havia chutado o torço do moreno, fazendo que assim, Chapman caísse com força no tatame, que naquele momento parecia mais uma pedra. O mesmo bateu a nuca, fazendo com que se formasse uma poça de sangue pelo tatame dourado.

Leah saiu correndo, sem olhar por onde passava, batendo em quase todos em seu caminho. Já Merlia ficou imóvel, suas pernas perderam a força, como se não suportassem o peso de seu próprio corpo, e assim a menina caiu de joelhos no chão, sem reação e sem conseguir se mover.

Ela não o ajudou. Ela não conseguia sequer se mover para ir até ele, que agora estava nos braços de sua mãe. A mais velha chorava, com o rosto colado na testa de seu marido.

. . .

Dois dias haviam se passado. Merlia se culpava por não ter ajudado seu pai e se culpava mais ainda por não ter tido forças para ir visitá-lo. Não era por falta de tentativas, a garota já tinha caminhado em círculos várias vezes ao longo do corredor, tentando criar coragem para entrar naquele quarto de hospital, mas nunca conseguia.

Ela estava desde a madrugada deitada em sua cama, nem lágrimas escorriam mais. Restava apenas um vazio em seu coração e uma mente cheia de arrependimento e dor.

A menina via seu pai como uma luz, a alma do mundo. Ele era tudo de bom que o mundo tinha à oferecer. Charles era tudo para Merlia, não só um pai, mas também um sensei e o principal, ele era a sua fortaleza, onde ela se apoiava quando precisava, era o que a reerguia, o que a protegia. Ele era tudo.

Os pensamentos que corriam por todo o quarto foram interrompidos por uma batida na porta, que foi aberta e Leah apareceu diante a ela.

— Liazinha — a mais velha caminhou até a garota, e deu um beijo em sua testa — Eu vou até o hospital. Seu pai está instável então... — ela respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas. Dava para ver seus olhos, que estavam tão inchados quanto os de Merlia. Charles não era apenas um pai, ele também era um marido, um ótimo marido.

— Ele vai morrer, não é? — a voz embargada resoou pelo quarto escuro

Leah não respondeu, apenas sentou ao lado da filha e começou a chorar. Lia deitou a cabeça no colo de sua mãe, e permitiu que as lágrimas escorresem mais uma vez.

— Nós vamos sair dessa — sussurrou dolorosamente, enquanto acariciava o cabelo moreno de sua filha, que agora era seu único porto seguro no mundo.

— Eu quero vê-lo, eu preciso vê-lo — a voz era quase inexistente em meio ao choro.

. . .

Merlia abriu a porta, e caminhou relutantemente até a cama, onde seu pai estava, completamente imóvel.

— Eu sinto muito — parou por um momento — Não consegui ir te socorrer. Mesmo se eu fosse, não conseguiria te ajudar — o choro tomou conta da mesma, como em todas as vezes que tentara entrar por aquela porta — Eu só quero que saiba... — a menina segurou a mão do pai, que estava gelada — Que eu te amo papai. Não ter mais tempo contigo está me matando, não consigo conceber o fato de que vou viver sem sua presença e sem seus abraços calorosos — a mesma se ajoelhou e apoiou a testa na borda da cama — Não sou forte, não sem você.

O coração dele parou no instante em que Merlia terminou de falar. Ele estava esperando por ela, o mundo estava esperando que ela o visitasse. A garota gritou. O choro dela aumentou. E a única coisa que sentiu foi sua mãe puxando-a para fora, enquanto enfermeiras adentravam o local.

Seu corpo foi rodeado pelos braços de Leah, e conseguia sentir as lágrimas da mais velha caindo no topo de sua cabeça. Lia apertou forte a cintura de sua mãe, torcendo para que aquela dor sumisse.

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⏰ Última atualização: Jul 23 ⏰

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𝐓𝐇𝐄 𝐏𝐇𝐎𝐄𝐍𝐈𝐗 𝐆𝐈𝐑𝐋 | Eli Moskowitz (Falcão)Onde histórias criam vida. Descubra agora