Capítulo 8

583 40 185
                                    



Na viagem, para onde quer que este homem as estivessem levando, Penélope estava com a testa pressionada contra o vidro do carro, deixando os pensamentos dela remoendo a conversa de mais cedo. Ela não imaginava que ele rejeitaria sexo, não quando parecia algo que ele queria muito e que realmente estava em falta no relacionamento deles.

Penélope não tinha se permitido sair de casa e deixar Felicity sozinha desde o primeiro encontro com ele, então tudo que eles tiveram até aquele momento, foi a noite do hotel e o momento do elevador. De resto, ele respeitava a presença da irmã e não ficava nem mesmo com mãos bobas. Ela admirava isso, mas, agora, pensando melhor... talvez não fosse por respeito.

Naqueles últimos dias, ela vinha tentando se distanciar daqueles pensamentos intrusivos de que ele não sentia mais aquela mesma atração da primeira vez. Ou de que talvez ela não tenha passado de um mero fetiche para ele.

Mas por que ele continua insistindo em ficar por perto?

Seus devaneios foram interrompidos pela mão dele pousando firmemente em sua coxa.

"Você está bem?" questionou preocupado.

Penélope assentiu, forçando um sorriso, embora se sentisse incapacitada de falar por causa do nó crescente na garganta.

"Já estamos chegando," com um sorriso calmante.

Ao lançar um olhar mais atento para a rua, Penélope ficou ereta, enquanto sentia todo o seu sangue ser drenado do seu rosto. Olhando pelo retrovisor, ela procurou o olhar de Felicity que a encarava interrogativamente sem entender o que estava acontecendo, mas percebendo que havia algo errado.

Assim que Colin estacionou em frente a um portão antigo, esverdeado e adornado com pequenas flores roxas, Penélope sentiu vontade de vomitar. Ela nem percebeu que ele havia saído do carro, até ver sua porta sendo aberta. Engolindo em seco, ela saiu relutantemente do veículo, segurando firme na mão dele. Tentou equilibrar as pernas, que pareciam não querer obedecê-la, enquanto seu cérebro implorava para que ela pegasse sua irmã e saísse correndo naquele instante, sem nunca mais olhar para trás.

"O que eu estou fazendo aqui...?" murmurou Penélope  baixinho, apenas para si mesma, mas não baixo o suficiente para que Colin não a escutasse.

Sentindo a tensão no ar, Colin enlaçou o braço em sua cintura e deu um beijo carinhoso em sua bochecha antes de responder, seu olhar misturando empolgação e hesitação.

"Vou te apresentar à minha família."

Penélope franziu a testa, surpresa. "Eu já conheço a tua família..."

"Não oficialmente," Colin replicou, aproximando-se mais e sussurrando em seu ouvido com um sorriso cúmplice, "não como minha."

"Mas custava avisar? Colin, isso é muito cedo..." tentou argumentar, suas palavras entrecortadas pelo nervosismo enquanto tentava se desvencilhar dos braços dele. Seu coração batia acelerado quando seu olhar recaiu  sobre a casa abandonada do outro lado da rua. As paredes altas de pedra pareciam tomadas por alguma planta trepadeira que, diferente da casa dos Bridgertons, davam um ar assustador.

"Annie, não precisa ficar nervosa! Eles vão adorar vocês. Além disso, é uma surpresa pra eles também. Vamos! Vai ser divertido." Sorrindo de orelha a orelha, ele agarrou-as pelos ombros, arrastando-as com entusiasmo para dentro da casa.

Se em Aubrey Hall, Penélope sentiu um misto de emoções confusas, nada se comparou ao que experimentou ao colocar os pés naquela casa. Seus olhos correram pelo lugar enquanto se dirigiam para o que ela sabia ser a sala de estar, e as lembranças de momentos mais felizes e satisfatórios a atingiram como um raio, quase a levando às lágrimas. Ela podia se ver correndo por aqueles corredores e escadas com as irmãs de Colin, ou quando... poxa, não me lembrava disso! A imagem dela com seus 6 ou 7 anos, junto com Eloise, batendo num Colin quase adolescente, enquanto ele explicava para elas o que era um gancho de direita, surgiu nitidamente em sua mente. Ele não mudou muito, aparentemente... Um sorriso nostálgico brotou em seus lábios, até que seus pensamentos foram interrompidos pela voz gentil e empolgada de Violet.

Eclipse | PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora