Dor do amor

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Fragmentos de Guerra

O som das sirenes, os gritos abafados pelo estrondo das explosões, e a visão perturbadora da destruição incessante se misturavam como uma sinfonia macabra na mente de Wanda Maximoff. Caminhando pelo asfalto sujo em direção ao hospital, cada passo parecia um eco das memórias do dia anterior, quando a vida que conhecia havia se despedaçado em meio ao caos de um ataque surpresa. Até aquele momento, seu trabalho como enfermeira havia sido uma rotina de cuidar, confortar e curar – um refúgio de normalidade em uma cidade à beira da ruína. Mas tudo mudara em questão de segundos.

Naquela manhã, Wanda mal havia dormido três horas, o cansaço se infiltrando em seus ossos como uma constante lembrança de que não havia tempo para o luxo do descanso. Médicos e enfermeiros, outrora sua segunda família, estavam agora entre os feridos ou mortos. Não havia outra opção para ela, a não ser se voluntariar para preencher as lacunas de uma equipe drasticamente reduzida. As ruas desertas e escombros ao redor dela eram um triste reflexo da devastação interior que Wanda sentia.

Enquanto entrava no hospital, uma única imagem persistia em sua mente – a da jovem de cabelos ruivos que havia atendido no calor da batalha. Mesmo envolta em terror e desespero, aqueles olhos verdes cintilavam com uma força e intensidade que Wanda não conseguia esquecer. Ao se preparar para mais um dia extenuante, o pensamento na jovem era uma mistura de preocupação e curiosidade. Quem era ela? Por que sua presença era tão marcante?

Assim que chegou à recepção, a realidade do que a esperava naquele dia voltou a se impor.

— Sala 3... Wanda, tenha cuidado. Ela pode ser perigosa — alertou uma das enfermeiras, seu rosto pálido e desgastado refletindo o fardo que todos carregavam.

Wanda assentiu, sentindo um misto de apreensão e alívio. "Perigosa?" A palavra soou estranha, mas também a fascinou. Estaria, finalmente, prestes a encontrar a garota que ocupava seus pensamentos?

Ao entrar na sala 3, Wanda foi recebida pelo silêncio opressivo de um quarto de hospital. A jovem de cabelos ruivos estava deitada na cama, sua pele pálida destacando ainda mais o vermelho vibrante dos fios que se espalhavam pelo travesseiro. Wanda começou a trocar o soro, suas mãos movendo-se com a precisão de quem já fizera aquilo centenas de vezes, mas seu coração batia mais rápido do que gostaria de admitir.

De repente, um movimento quase imperceptível fez Wanda erguer o olhar.

— Hm... Onde estou? — A voz da ruiva era fraca, quebradiça, carregada de confusão.

— Você está no hospital. Não se lembra de ontem? — Wanda manteve a voz calma, embora seu coração estivesse em disparada.

— Lembro-me de gritos, tiros, sangue... — A garota fechou os olhos, como se quisesse afastar as lembranças dolorosas. — Quem é você?

— Sou Wanda, uma das enfermeiras que te atendeu.

— Um prazer, Wanda, mas... eu preciso sair daqui — a ruiva tentou se levantar, mas seu corpo cedeu à dor, forçando-a a deitar-se novamente.

— Shh, não se mova. Você ainda está fraca — advertiu Wanda, sua mão pousando suavemente no ombro da garota, tentando oferecer conforto.

— Eu não posso ficar aqui. Eles vão me encontrar... — A angústia em sua voz era palpável.

— Quem são eles? — A preocupação de Wanda aumentou, seu desejo de ajudar se mesclando com a curiosidade crescente.

— Não importa... Acho que minha cabeça não está muito boa agora... — A ruiva tentou desviar, mas algo em sua expressão mudou ao olhar para Wanda novamente. — Espera, eu lembro de você. Você esteve comigo ontem à noite, não esteve?

Batidas Do Seu Coração - wandanat / wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora