A Desconfiança de Hardbroom

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Era fim de tarde de uma sexta-feira e S/n acabava de deixar a sala de Feitiços. Mas assim que entrou no corredor para ir até seu quarto, avistou Miss Eastwick olhando através de uma das janelas.

-Olá. Miss Eastwick. A senhora está bem?

-Sim! Sim. Eu estou bem... só...hum...que eu gostaria muito de falar com você, Srta. Blackwood. Tem um minuto?

 Tem um minuto?

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-É claro.

-Podemos caminhar lá fora?

-Sim. Mas teremos de ir andando, pois não posso me transportar.

-Não seja por isso. _Miss Eastwick sorriu e as transportou para o pátio sem que nenhuma das duas percebessem Hardbroom no final do corredor.

-Então..._elas começaram a andar lado a lado_-O que deseja falar comigo, senhora?

-Eu...estou procurando uma maneira simples pra falar com você sem lhe assustar.

S/n franziu o cenho

-Me assustar? É algo grave?

-Não exatamente. _sorriu _-Mas é algo sério. Algo que estou sentindo há algum tempo.

S/n engoliu em seco e desviou o olhar para o chão.

-Bem, estou...estou ouvindo.

-Bom, mas para isso precioso voltar ao meu passado.

-Entendi. Tenho muito tempo para lhe ouvir, Miss Eastwick.

-E eu agradeço por isso, Srta. Então vou começar: Há alguns anos atrás, eu ainda convivia com minha mãe e minha irmã mais velha, Anastácia. Morávamos em uma pequena cabana ao norte, e até então, vivíamos felizes. Mas conforme fomos crescendo, as coisas não foram mais as mesmas. Anastácia se casou com um mago rico, era o centro das atenções, e minha mãe a admirava mais do que tudo. Minha irmã era a filha perfeita, a favorita! Já eu, era péssima com feitiços e diferente. Como pode ver...nunca fui tão afeminada e...e minha mãe repudiava minhas atitudes, inclusive quando eu disse a ela que gostava de bruxas e que a minha orientação sexual não era uma doença e sim um sentimento verdadeiro. Era parte de mim! Minha mãe, é claro, foi contra tudo o que eu disse, e com a má fama de ter uma filha "problemática " lhe traria sérios problemas, minha mãe me enviou para a Academia sombria de Wormwood, onde passei meus piores dias. Nunca recebi uma visita, nem de minha mãe, muito menos de minha irmã. Mais então alcancei a maior idade e pude sair de lá para viver a minha vida. O único problema é que eu não tinha nada e ninguém, mais eu tinha a música. As partituras que encontrei no lixo na academia me fizeram ter esperança de uma vida melhor. Eu aprendi a lê-las e pude prática-las quando encontrei um piano em uma loja de antiguidades. Então, um certo dia, encontrei uma pessoa que segurou a minha mão e me mostrou o mundo de uma maneira diferente...e eu me apaixonei por ela. Então vivemos momentos felizes juntas até que uma doença a pegou...ela não era mágica, mais acreditava em magia...no entanto, infelizmente, eu não pude ajuda-la...me senti impotente quando vi o amor da minha vida partir para sempre me deixando sem esperança. Desde que se foi, eu não tive coragem de tocar em um piano, mas precisava dar a volta por cima, então comecei a procurar trabalho...e como nesta academia tinha uma vaga para professora de música, eu pensei que talvez fosse minha oportunidade para voltar a tocar, e de fato, tinha sido. Mas no começo eu ainda estava com um pé atrás, até ouvir você cantar. Sua voz soou como a voz da mulher que amei e isso me trouxe lembranças incríveis e momentos dos quais jamais esquecerei...Então eu posso ter assemelhado vocês duas e acabei me apegando seriamente a você, Srta. Blackwood. _elas pararam e Eastwick parou na frente de S/n_-Acho que me apaixonei por você.

S/n arregalou os olhos e engasgou, mesmo já esperando que a bruxa lhe dissesse àquilo.

-Uhm...eu-eu n-não sei o que dizer...desculpa.

-Eu não estava esperando isso...só achei que precisava te contar; pois simplesmente não consigo mais evitar o que sinto. Eu sei; sei que é errado...eu sou sua professora, afinal, mas mesmo assim, você me conquistou sem esforço, Srta. Blackwood. Eu gosto realmente de você.

-Miss Eastwick...o-obrigado por me contar o que sente e me contar um pouco da sua história...mas...eu devo dizer que não posso retribuir seus sentimentos...eu não posso, porque estou apaixonada por outra pessoa.

Eastwick não esperava por isso.

-Eu amo essa pessoa e não estou disposta a abrir mão dela. Então, sinto muito se estava esperando que eu dissesse o contrário.

-Oh! Não...eu devia ter imaginado...eu-eu é que não devia ter contado...estou me sentindo horrível agora.

-Por favor, não diga isso. A senhora não tem culpa. E eu...eu devia ter sido clara desde o início, para não lidar esperanças.

-Bom..._a professora baixou a cabeça _-Seja quem for que você ama, essa pessoa tem sorte.

-Eu é que tenho sorte de ter me apaixonado por ela.

-Você se parece tanto com Linda.

S/n encarou a mulher com o cenho franzido

-Quem é Linda?

-Aquela que amei por cinco anos. _suspirou_-E hoje. Exatamente hoje; faz três anos que a perdi.

-Oh! Eu-eu sinto muito, Miss Eastwick.

-Eu posso te pedir uma última coisa, antes de voltarmos para o castelo?

-Aham...claro! se eu puder ajudar.

-Pode me dar um abraço?

-Com toda certeza.

S/n abraçou a professora que sorriu ao sentir o cheiro da jovem. O mesmo cheiro de baunilha que Linda exalava.

-Obrigado.

Eastwick se afastou e S/n sorriu e acenou para ela, antes de serem transportadas de volta ao castelo.

Porém, preocupada com o bem-estar da professora de música, que não tinha aparecido no refeitório para o jantar daquela noite, S/n pegou um prato de sopa e o levou, chamando a atenção de HB que decidiu lhe seguir. Quando Blackwood chegou a sala de música, encontrou Dominic sentada em frente ao piano tocando algumas notas de uma bela melodia. S/n reconheceu aquela canção, então, instintivamente começou a cantar fazendo com que Eastwick fechasse os olhos ao imaginar sua ex-namorada.

S/n se aproximou do piano, colocou o prato de sopa em cima da madeira e se sentou ao lado da professora, mas aquela não havia sido uma boa idéia, pois na medida que a música ia acabando e as ultimas notas eram tocadas, Eastwick abriu os olhos, olhou para Blackwood e instantâneamente, sem avisar, colocou seus lábios nos dela, deixando a jovem sem reação.

No entanto, havia alguém presenciando a cena. Alguém que sentia seu coração doer, enquanto seus olhos formavam lágrimas prontas para correr por suas bochechas. O que aconteceria, se aquela pessoa não fosse orgulhosa demais para manter sua postura rígida e seu olhar endurecido.

Hecate Hardbroom desprezou a cena à sua frente e fez um movimento com os dedos voltando imediatamente a seus afazeres, mas ainda sentindo seu coração se 'partir'.


...










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