Emma

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Voltei para minha mesa, tentando me concentrar no trabalho, mas minhas mãos tremiam e minha cabeça estava em outro lugar. O escritório, geralmente um lugar onde eu conseguia me refugiar, parecia claustrofóbico e opressivo. Cada segundo parecia uma eternidade.

No meio da tarde, ouvi uma voz familiar que fez meu estômago revirar. Minha mãe estava no escritório, falando com a recepcionista. Ela nunca vinha me ver no trabalho, e a presença dela ali só podia significar uma coisa: surpresa.

— Emma, querida, precisamos conversar — disse ela, sua voz suave mas carregada de emoção.

Olhei para cima, sentindo uma mistura de choque e curiosidade. — Mamãe, estou trabalhando. Não é um bom momento.

Ela ignorou minha tentativa de evitar o confronto e insistiu, sua expressão preocupada. — Eu sei, mas é importante. Por favor, vamos falar agora.

Resignada, levantei-me e conduzi minha mãe para uma sala de reuniões vazia. Fechei a porta, tentando controlar minha respiração e me preparar para o que estava por vir.

— Emma — começou ela, sua voz tremendo levemente — eu sei que provavelmente este não é o melhor lugar ou momento para isso, mas eu precisava te ver. Precisava te falar o que está no meu coração.

Olhei para ela, surpresa pelo tom sincero e vulnerável em sua voz. — O que está acontecendo, mamãe?

Ela respirou fundo, as lágrimas começando a brilhar em seus olhos. — Eu... eu venho refletindo muito sobre a nossa relação, sobre como eu te criei e as pressões que coloquei sobre você. E percebi que, em muitos momentos, eu falhei como mãe.

Senti um nó se formar na minha garganta, sem saber o que dizer. Ela continuou.

— Eu sempre quis o melhor para você, Emma. Queria que você tivesse tudo o que eu nunca tive. Mas, no processo, acabei te sufocando, te machucando. Eu fui exigente demais, crítica demais. E por isso, quero te pedir perdão.

Minha mãe nunca tinha sido tão aberta e vulnerável comigo antes. As palavras dela me pegaram completamente desprevenida. As lágrimas que eu vinha segurando começaram a rolar livremente pelo meu rosto.

— Mamãe... — sussurrei, a voz falhando. — Eu não sei o que dizer.

Ela se aproximou, segurando minhas mãos nas dela. — Eu sei que isso não apaga as mágoas do passado, mas quero que saiba que estou aqui agora, tentando ser uma mãe melhor. Quero apoiar você nas suas escolhas, Emma, mesmo que eu não as entenda ou concorde com todas elas.

Olhei para ela, vendo a sinceridade em seus olhos. Era um momento que eu nunca pensei que teria, uma chance de começar de novo. Abracei-a, sentindo o peso de anos de ressentimento e dor começarem a se dissipar.

— Eu te perdoo, mamãe — disse, a voz entrecortada pelas lágrimas. — E eu quero tentar também, quero que a gente tenha uma relação melhor.

Ela me abraçou de volta, e por um momento, tudo parecia mais leve. Sabia que ainda havia muito a ser trabalhado, muitas conversas difíceis pela frente, mas este era um começo.

Depois que minha mãe saiu, me senti emocionalmente exausta, mas também um pouco mais em paz. A conversa com ela trouxe à tona sentimentos que eu vinha enterrando há anos, mas também abriu a porta para a cura.

Voltei ao trabalho, tentando me concentrar no que podia controlar. Sabia que a jornada à frente seria difícil, cheia de altos e baixos, mas estava determinada a enfrentar meus medos e construir a vida que eu queria, do meu jeito.

Resistindo a você Onde histórias criam vida. Descubra agora