CAPÍTULO 2

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Aquela foi a primeira, mas não a última vez que nos encontramos. Muito pelo contrário. As sextas-feiras tornaram-se nossas. Mesmo que após o final das provas e a consolidação do semestre meus amigos voltassem a estar disponíveis para irmos juntos ao Dark Bar, assim que Gyoza adentrava o local, eles já sabiam que o resto da minha noite seria apenas dela.

Parecíamos seguir um roteiro: engatávamos um conversa superficial no bar, entre uma cerveja e outra, mas logo em seguida buscávamos uma mesa mais no canto, afastada do barulho, onde pudéssemos nos aprofundar nos mais diversos assuntos. Era como se nos conhecessemos há anos, talvez até de outras vidas, tamanha foi a nossa ligação.

Assim, acabei por descobrir que Gyoza tinha 22 anos e estava terminando a faculdade de artes, voltada para a fotografia. Enquanto ela, descobriu que eu tinha 21 anos e estava há um ano de terminar minha faculdade em marketing.

Conversar com Gyo era fácil. A mulher parecia saber de tudo um pouco e independente do rumo que o assunto tomasse, ela sempre parecia pronta, não deixando nada passar despercebido, sem um mínimo comentário que fosse.

Ao longo dos nossos encontros, também pude notar mais sobre sua personalidade. Ela era uma mulher dona de si, mas que de perto, também apresentava um pouco de timidez. Sempre que se levantava, fosse para ir ao bar ou ao banheiro, todo o local parava pra observá-la, tamanha era a sua beleza. E não, ela não precisava chamar atenção para si mesma, com roupas ou atitudes. Sua aura e imponência eram suficientes. Até quem não quisesse, teria seus olhos desviados para ela. E por falar em olhos... Ah, aqueles olhos. A imensidão negra que me deixou sem fôlego na primeira vez que nos encontramos, continuava fazendo isso regularmente. Eram tantas as vezes que ela precisava chamar minha atenção por eu ter me perdido em seu olhar, mas, ainda bem, isso não parecia incomodá-la e sempre o fazia com uma risadinha. Seu sorriso e sua risada também eram únicos, o primeiro ilumina e o segundo é um som que poderia ouvir pra sempre.

Gyoza era... Diferente. E isso me encantava.

Mais ou menos um mês depois, em mais uma sexta-feira, após termos passado por assuntos como filosofia, artes, cinema, viagens, que em determinado momento da nossa conversa ela me disse:

- Acredito que no mundo existem pessoas inamoráveis e eu sou uma delas.

Aquilo me intrigou. Ela usou uma palavra que nem existe para se autodenominar e eu não conseguia entender. Aprendi muito sobre Gyoza ao longo dos nossos encontros e não entrava em minha cabeça como, alguém como ela, pensaria aquilo sobre si mesma.

Os assuntos continuaram a fluir, os encontros continuaram a acontecer. Inclusive agora com mais frequência, já que não nos encontrávamos apenas as sextas e nem somente no Dark Bar. Nos falávamos o tempo todo, tínhamos encontros regulares para desbravar a cidade ou apenas tomar um café em um parque, mas aquilo não saia da minha mente.

Afinal, o que "inamorável" significava em sua vida?


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Os capítulos são curtos, porque, como disse, tentei transformar uma one-shot em uma short-fic.  Em breve espero escrever uma história inédita e maior. Veremos...

When I Fell in Love (ManaowGyo)Onde histórias criam vida. Descubra agora