Mal consegui fechar os olhos na noite anterior do meu primeiro dia de trabalho oficialmente como policial do BOPE, péssima escolha, visto que o dia que me esperava não seria exatamente fácil. Dessa forma, quanto bateu exatamente cinco da manhã no relógio eu já estava de pé pronto pra começar o dia.
Olhei pro lado vendo meu namorado Marcos roncando, com um fio de baba escorrendo pela sua boca. Ponderei acordá-lo para tomar um café comigo, mas fiquei com medo de que ele ficasse irritado comigo. Nossa relação não está exatamente indo pro caminho certo desde que eu retornei do curso. Tivemos uma briga feia antes de eu entrar no COEsp, ele não queria que eu fosse, disse que seria um buraco de cinco meses no nosso relacionamento, eu fui mesmo assim. Se ele já não era um entusiasta da minha carreira antes de imaginar agora. Apesar de tudo, tenho certeza que vamos superar essa fase, espero.
Me dirijo ainda em meus pijamas pra cozinha para tomar meu café da manhã básica: pão com ovo. Lavei minha louça e a da noite anterior para Marcos não ter que se preocupar com isso mais tarde. Feito isso fui tomar uma ducha gelada pra me acordar cem por cento. Vesti a farda preta que só nos meus sonhos eu usaria um dia. Olhei no espelho e não pude deixar de sentir orgulho eu fui a única mulher aprovada esse ano, e uma das poucas na história, chuto que o Bope viu passar no máximo cinco mulheres.
Prendi meu longo cabelo em uma trança, que batia na minha bunda. Sempre adorei meu cabelo e nunca o cortei mesmo que fosse fortemente indicado para uma mulher policial, e todas as vezes que me ridicularizavam por ele minha teimosia só cresceu para o manter o mais longo possível.
Juntei minhas coisas e parti pro batalhão. Quando cheguei lá, cumprimentei os rostos familiares e me juntei a Neto e Matias, apenas nós três falamos por todo o processo de admissão, devido a isso, criamos uma ligação forte.-Neto, André! - falei animada abraçando os dois. - Que saudade.
- Malu! - eles falaram ao mesmo tempo
- Parece que há séculos que eu não vejo você. - Neto disse
- Infelizmente, foi apenas um mês que nós deram de folga depois do curso.
- Malu você... - André começou a falar mas foi interrompido, pelo capitão Nascimento.
Nunca gostei muito do capitão, ele era especialmente duro comigo durante o treinamento, claro que eu não esperava tratamento mais brando que o dos outros só porque eu sou mulher, em certa parte eu entendo que é apenas o trabalho dele, porém a forma como ele pegava no meu pé especificamente pelas minhas características femininas me tiravam do sério. Ele queria que eu desistisse de qualquer forma, ele não achava uma mulher capaz do trabalho, infelizmente para ele eu não desisti e a desconfiança dele só me motivava. Acho que devido a isso ele gosta de mim tanto quanto eu gosto dele.
- Maluzinha - ele falou com sarcasmo. - Tenentes Neto e Mathias, preciso que venham se reunir com a equipe.
- Me perdoe, capitão, mas eu prefiro que me chame de tenente Soares.
- Então talvez deva aconselhar seus colegas a fazem o mesmo, Soares.
Neto e André me lançaram um olhar dizendo "me desculpe", mas não é culpa deles. Nós fomos em direção aos outros oficiais. Logo o capitão começou dizendo que não poderíamos ficar moles e gritou ordens para começarmos os exercícios. Já pelo final no treinamento, o capitão para do meu lado e começa a me inspecionar.
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CICATRIZES | Capitão Nascimento
RomanceMalu finalmente realizou seu sonho, passou o inferno que foram os cinco meses do curso de operações especiais chegou o momento de finalmente exercer sua profissão, como policial do BOPE. Ela só não esperava que seu pesadelo continuaria até depois da...