Amor Inesperado

Confissões

Nos dias seguintes, Love começou a sentir o peso de sua nova descoberta. Gostar de Milk já era complicado, mas gostar da mesma pessoa que seu irmão Joong amava tornava a situação ainda mais delicada. Love sabia que precisava ser honesta com Joong, mas o medo da reação dele a paralisava. Cada vez que pensava em confessar, seu coração acelerava e um nó se formava em sua garganta.

Durante as refeições, Love mal conseguia manter uma conversa com Joong. Ela ficava perdida em pensamentos, tentando entender seus próprios sentimentos. A alegria e o conforto que sentia ao estar com Milk a faziam sentir culpada, como se estivesse traindo Joong de alguma forma. Ela passava os dias revivendo cada momento que tinha passado com Milk, desde o primeiro encontro no curso de inglês até os momentos mais recentes no café. Cada sorriso, cada olhar trocado, fazia seu coração bater mais forte, mas também a fazia questionar como Joong se sentiria ao saber disso.

Quando Joong e Love estavam juntos, ele notava as mudanças em seu comportamento. Love, sempre tão alegre e falante, agora parecia distante e absorta em pensamentos. Ele perguntou várias vezes se estava tudo bem, e Love sempre dava desculpas.

— Só estou cansada — dizia ela, ou — Tenho muito em que pensar. Mas Joong não era tolo; ele sabia que algo estava errado.

Uma noite, enquanto assistiam televisão, Joong lançou um olhar preocupado para a irmã. Ela estava sentada ao seu lado, mas parecia a quilômetros de distância. Seus olhos estavam fixos na tela, mas era claro que sua mente estava em outro lugar. Ele colocou a mão suavemente no ombro dela.

— Love, está tudo bem? Você parece tão distante ultimamente.

Love forçou um sorriso e balançou a cabeça.

— Estou bem, Joong. Só... coisas do curso, sabe? Nada de mais. — Ela tentou voltar sua atenção para o programa, mas a preocupação de Joong continuava a perturbá-la. Como ela poderia dizer a ele que estava apaixonada pela mesma pessoa que ele amava?

Ela começou a se afastar cada vez mais, evitando longas conversas e encontros prolongados com Joong. Cada vez que ele tentava se aproximar, ela encontrava uma desculpa para sair da sala ou mudar de assunto. As noites se tornaram especialmente difíceis, com Love revirando na cama, incapaz de dormir, sua mente inundada de pensamentos sobre Milk e Joong.

A culpa e a confusão a consumiam. Ela sabia que precisava ser honesta com Joong, mas a ideia de machucar seu irmão a deixava apavorada. Joong sempre foi seu confidente, seu melhor amigo, e agora ela estava escondendo algo tão importante dele. A tensão aumentava a cada dia, e Love sabia que não poderia continuar assim por muito mais tempo. Ela precisava encontrar uma maneira de contar a verdade.

Uma noite, depois de mais um jantar silencioso e tenso, Love sentiu que não podia mais adiar a conversa com Joong. Ela precisava contar a verdade, mesmo que isso significasse correr o risco de machucá-lo. Com o coração batendo forte, ela chamou Joong para a sala de estar.

— Joong, posso falar com você? É importante.

Joong, que estava prestes a subir as escadas para o quarto, parou e olhou para a irmã. Ele percebeu a seriedade em sua voz e no semblante dela.

— Claro, Love. Vamos sentar — disse ele, apontando para o sofá.

Os dois se sentaram, e Love respirou fundo, tentando reunir coragem. Suas mãos tremiam e ela sentia um nó na garganta.

— Joong, eu... eu tenho algo muito importante para te contar. Algo que está me consumindo há dias.

Joong franziu a testa, preocupado.

— O que houve, Love? Pode falar. Você sabe que sempre pode contar comigo.

Love desviou o olhar, incapaz de encarar os olhos do irmão. As palavras pareciam presas em sua garganta.