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A inquietude dominava Seonghwa naquela noite. Seus olhos estavam bem abertos no breu que envolvia seu quarto. Apenas a luz da lua iluminava a grande janela à sua direita, enquanto à esquerda, onde ficava a porta para o corredor, a escuridão parecia engolir tudo. O silêncio da noite amplificava cada pequeno som, tornando o ambiente ainda mais assustador.

Sentindo um medo crescente de que alguém pudesse estar no quarto com ele, Seonghwa se cobriu por inteiro com o cobertor, como se isso pudesse protegê-lo de qualquer presença maligna. Seu coração batia acelerado, e ele fechou os olhos com força, tentando afastar os pensamentos perturbadores.

A imagem do anjo de asas negras, os olhos brilhantes na biblioteca, e a voz feminina que ouvira durante sua oração pareciam dançar em sua mente, alimentando sua ansiedade. Ele tentou se concentrar em sua fé, murmurando orações silenciosas enquanto se encolhia debaixo do cobertor.

Lentamente, o cansaço venceu o medo, e seus pensamentos começaram a se dissipar. As preces que murmurava passaram a ser sussurros indistintos, e a tensão em seu corpo começou a relaxar. Ele adormeceu, os sonhos o levando para longe daquela noite escura e inquietante.

No entanto, seu sono foi diferente. Ele não caiu na escuridão tranquila e reconfortante que geralmente o acolhia. Em vez disso, seus sonhos eram cheios de imagens vívidas e estranhas, como se sua mente continuasse a buscar respostas e entendimento mesmo enquanto ele dormia.

Seonghwa entrou em um sonho inquietante, encontrando-se deitado em sua própria cama. A cena era estranhamente familiar, porém carregada de uma sensação de irrealidade. Ele estava assistindo a si mesmo, nu e vulnerável, fazendo algo totalmente obsceno. A visão era perturbadora e desconcertante, amplificada pela presença sombria acima dele: o mesmo anjo de asas negras que o assombrava.

Tudo parecia se mover em câmera lenta, Park assistia a si mesmo com o rosto distorcido por conta do prazer que sentia ao estar fazendo algo sensual com o ser como em um pesadelo do qual não conseguia escapar, em sua boca a correntinha da Santa Maria presa entre seus lábios enquanto a criatura marcava seu pescoço, o gemido abafado. O anjo ergueu a cabeça lentamente, revelando sua face. O rosto era uma mistura terrível de beleza e horror. Os olhos eram de um preto profundo, sem pupilas, que pareciam sugar toda a luz ao redor. A pele, pálida e translúcida, era estranhamente luminosa, como se uma luz interna a iluminasse. As feições eram afiadas e perfeitas, quase angélicas, mas distorcidas por um sorriso cruel e predatório que expunha dentes afiados como os de um animal selvagem.

Seonghwa sentiu o terror crescendo dentro de si, uma sensação de medo absoluto que o paralisava. O anjo inclinou-se, e seus olhos negros fixaram-se nos de Seonghwa, penetrando profundamente em sua alma.

– Você ainda quer ser igual a mim? – a voz ecoou em sua mente, a mesma voz feminina que ouvira durante sua oração.

De repente, a cena foi interrompida por um grito. O grito era seu próprio, um som de puro desespero e terror. Seonghwa acordou bruscamente, suando frio e com o coração disparado. Ele se sentou na cama, ofegante, o corpo trêmulo. O quarto estava escuro, mas a luz da lua ainda iluminava a janela.

Seonghwa sabia, com uma certeza terrível, que havia sonhado com o próprio Satanás. A imagem do anjo de asas negras e sua face assustadora permanecia gravada em sua mente, como um lembrete de que algo maligno o estava assombrando. Ele se sentiu pequeno e desprotegido, perdido em um mundo onde suas crenças e devoções pareciam ser postas à prova por forças que ele mal compreendia.

Ele se encolheu na cama, abraçando os joelhos e tentando acalmar a mente. Sabia que precisava de ajuda, mas não sabia a quem recorrer. A sensação de estar sendo vigiado e perseguido por algo além de sua compreensão era esmagadora. Com um suspiro profundo, Seonghwa fechou os olhos, buscando força em sua fé para enfrentar os desafios que viriam.

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