Capítulo 1 Se...

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Depois de anos levando em frente um casamento falido, aturando anos de humilhação, cogitei que após esses longos sete meses longe da nossa casa, da nossa família, ele voltaria com o mínimo de respeito para conosco, mas mais uma vez fui surpreendida e, como sempre, da pior maneira possível. As vezes fico me perguntando se sou idiota demais por pensar que ele poderia se tornar uma pessoa melhor ou se ele apenas sente o prazer de me humilhar e de me fazer sofrer. Depois da volta dele para casa e levando consigo a amante, não poderia me submeter a  mais essa humilhação. Subir para meu quarto e tomei todos os calmantes que encontrei, implorava para que aquilo tudo não passasse de um pesadelo e que tudo voltasse para os eixos no dia seguinte.


Segunda-Feira, 07/04|2014.


Sinto o calor do sol adentrar o meu quarto, ainda sonolenta, tento alcançar o relógio que estava sobre o criado mudo, com um pouco de dificuldade para abrir os olhos por completo, consigo ver os ponteiros marcarem oito horas em ponto. Retiro meu tapa-olho e sorrio ao escutar um ''Bom-dia, madame'" seguido de um sorriso.


- Bom-dia, Silviano. - Respondo soltando um bocejo logo em seguida. - Meus filhos, cadê?


 ⁠- Senhorita Maria Clara ainda se encontra em seus aposentos, master Pedro saiu logo cedo e master Lucas saiu com a senhorita Eduarda para a consulta mensal dos gêmeos. - Retiro o lençol que cobria minha patroa.


- E o digníssimo do meu marido? Já saiu com a franga ruiva?


- Desceram agora e estão tomando seu breakfast.


- E meu banho, está pronto? Não pretendo me atrasar perdendo o meu precioso tempo com pessoas insignificantes. - Sento-me na ponta da cama e sinto meu corpo se arrepiar ao tocar o chão gelado.


- Na temperatura de sempre. - Sorrio.


- Ótimo! - levanto-me e sigo em direção ao banheiro.


Depois de um banho longo e relaxante, visto-me como uma bela rainha que sou, término os últimos retoques de minha maquiagem e pego minha bolsa, estou pronta para mostrar quem é que manda. Se José Alfredo pensa que me verá derrotada, ele está muito enganado. Desço em direção a sala e nem sinal do meu marido com sua cocotinha, agradeço internamente por isso.


- Senhora, seu petit-déjeuner já está na mesa.


- Esqueci de avisar, Silviano. Não vou tomar café, Briguel já está me esperando, vou direto para aImpério.


Devido a volta turbulenta de José Alfredo do mundo dos mortos e a presença insuportável daquela garota, estou com um péssimo humor, nem se quer respondi o bom-dia que me foi ofertado pelo meu motorista. Por obra divina, o trânsito não estava tão caótico como costumava ser, então conseguimos chegar mais cedo na Império.


- Bom dia, Valquíria. Meu marido já chegou? - Coloco minha bolsa sobre o balcão.


- Sim, dona Maria Marta. Está na sala dele.


- Avisa o José Pedro que estou o aguardando na sala de reuniões, de preferência, o mais rápido possível.

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