Fascinação

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- Espero não ter causado nenhum problema entre você e o seu marido. – Leva a taça de champanhe na boca.

- Não causou, mas te conheço muito bem, querido. – Sorriu, sínica. – Sei o quanto você adora provocar o Zé Alfredo.

- Juro que dessa vez não foi minha intenção, apenas lhe convidei para um almoço amigável, para matarmos a saudade.

- Eu sei disso. – Levou o garfo com um pedaço de salmão na boca.

- Mas confesso que depois de anos, nunca aceitei o seu casamento. – Limpou o canto da boca com o guardanapo. – Você, uma mulher de berço, família aristocrata, jamais pensei que você fosse se casar com um homem sem classe e que veio do Nordeste.

- Nunca me imaginei casada com um homem igual o José Alfredo, sequer queria filhos, no entanto, hoje sou casada e tenho três filhos e, posso te dizer, são as melhores coisas que aconteceu na minha vida. Não vejo a minha vida sem o meu marido, sem os meus filhos, sem a minha família. Realmente, José Alfredo está longe de ser um lorde inglês, é conhecido por uma grosseria terrível, mas me ensinou coisas que nenhuma escola francesa ousou me ensinar. Não é o mais carinhoso dos maridos, mas é o melhor pai que os meus filhos poderiam ter, ele da a vida por nossa família, isso me é o suficiente.

- Não quis ofender o seu marido, apenas não esperava vindo de você.

- Eu sei disso, como eu disse, eu mesma não imaginava, mas... o destino quis assim.

- Mesmo longe, eu sempre buscava por notícias suas, da sua família. Infelizmente, as notícias correm, principalmente, as ruins. A boatos de que o seu casamento não passa de um acordo comercial, que vocês estão em crise, é verdade?

- Bom, Henry... – Toma um gole do seu champanhe. – Todo casamento passa por crise, o meu não poderia ser diferente. Eu tive um casamento muito feliz com José Alfredo, depois vieram os filhos, a empresa, as amantes... – Havia mágoa na sua voz ao lembrar das inúmeras traições do marido. – Com isso, íamos nos afastando cada vez mais. Só que chegou um momento da minha vida que eu não aguentava mais sofrer, então eu tentei me vingar de José Alfredo tirando aquilo que ele mais ama na vida: a empresa. – Suspirou. – Teria dado certo se Merival não tivesse desistido de me ajudar e contar tudo ao comendador.

- Mon Dieu, e o que aconteceu depois?

- Aconteceu todo um drama. Ele queria me denunciar para a polícia, queria me ver presa, mas nossos filhos não deixaram. Desde então, ele me colocou em um exilio em Petrópolis, eu vinha ao Rio apenas para as festas da Império, reuniões importantes, ou para ver nossos filhos.

- Mas pelo visto, esse exilio terminou?

- Desde a última festa da Império, eu decidi que não iria me contentar em visitas rápidas, iria voltar para ficar. Claro que foi um pé de guerra com José Alfredo. Descobri uma amante, tivemos uma briga feia e continuamos a viver um casamento de aparências. Mas ultimamente ele tem sido diferente, tem sido mais carinhoso comigo, com nossos filhos. Passamos essa noite juntos. – Sorriu ao lembrar da noite que teve.

- Mesmo depois disso tudo, você ainda consegue amar esse homem? – Estava incrédulo. – Desculpa, Marta, eu no seu lugar, já teria me separado.

- Não escolhemos quem vamos amar, Henry, o destino quis assim. – Suspirou. – Eu amo aquele homem, não sei o que seria da minha vida sem ele.

- E você confia nessa mudança repentina dele?

- Claro que não, ainda fico com o pé atrás. Foram anos de traição, não posso fingir que isso não aconteceu. Mas também, no fundo, eu fico torcendo para que essa mudança seja verdadeira, quero meu marido, minha família de volta.

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⏰ Última atualização: Nov 01 ⏰

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