Delegada Infernal

Encontro com o diabo.

Clara Correia ON

Acordei atrasada na quinta-feira, pra variar. Trabalhar em 2 turnos me mata de cansaço, mas enquanto não tiver recrutas pra cobrir o plantão, eu me fodo.

Sou uma mulher, 1.67 de altura, cabelo castanho claro, olhos cor de mel. Da pra me imaginar? Espero que sim; mas da pra me imaginar, como uma Delegada? Uma porra de uma delegada. Até pouco tempo atrás minha vida era resumida em pedagogia, crianças, professora e escola. E agora eu sou uma Delegada, da POLÍCIA CIVIL. 

Voltando, acordei por volta das 07h, cansada, com olheiras, cheirando mal por ter transpirado a noite com o calor infernal do RJ. Tomei o banho mais gelado possível, vesti uma calça jeans preta, camiseta branca padrão e um coturno que fazia parte da antiga farda de policial. Segui sozinha pra favela aquele dia, sem distintivo a mostra, sem arma criminosa. Só eu, meu distintivo escondido no cós da calça, e um revolver comum. Eu só não esperava que isso fosse acontecer;

Clara Correia OFF

[...]

Roberto Nascimento ON

Não acho que precise de formalidade, certo? Meu nome é Roberto Nascimento, sou Capitão da Tropa de Elite do RJ, o BOPE. Mais uma noite dormida no escritório, tô ficando maluco com essas malditas noites do caralho. Nessa semana foram 3 tiroteios não previstos, o carregamento de armas pra favela tá em peso, e isso me deixa puto pra caralho.

Acordei por volta das 09h, passei um desodorante e um perfume pra pelo menos ficar apresentável e não matar ninguém com meu mau-cheiro da colônia "não vou pra casa há 3 dias". Meti o louco e subi pra favela logo cedo, meu batalhão pisou no prédio da BOPE, e já enfiei todo mundo no carro.

Nesse exato momento, avistei uma mulher que não parece ser daqui. Ela nos viu, e aparentou querer fugir da situação. A cachorra era gostosa, eu perderia a chance de descobrir quem era? Nem fodendo.

– NÃO VAI SUBIR NINGUÉM NESSA PORRA. – eu gritei apontando o fuzil pro amontoado de gente. – Vão ficar quietinhos aqui. 

Meu batalhão revistava o restante, enquanto a maldita estava comigo. Ela não esperou eu pedir para revistar, parecia conhecer o protocolo. Ela se ajoelhou e colocou as mãos atrás da cabeça, e enfim, falou algo que me paralisou. 

– Se me permite, capitão. Delegada Correia se apresentando. 1º DP. Estou em investigação, pela Policia Civil. 

Delegada desgraçada. 

[...]

Clara Correia ON

Capitão Nascimento. O capitão mais gostoso desse RJ, porém, o mais filho da puta. 

Ele me puxou pelo braço, me machucando minimamente. Eu ajoelhei, colocando as mãos atrás da cabeça, e não dei tempo para que o mesmo me tocasse. 

– Se me permite, capitão. Delegada Correia se apresentando. 1º DP. Estou em investigação, pela Policia Civil.

Eu disse, e abri um sorriso satisfeita quando vi a indignação nos olhos daquele coroa gostoso. Ele gesticulou que eu me levantasse, eu tirei o distintivo do cós da minha calça, e ergui na altura do peito. Nunca me senti tão comida como naquele momento. 

– Estou investigando o desaparecimento de crianças, que se originalizou de uma chacina feita por vagabundos traficantes. Ou melhor, reformulando, eu estava investigando. – Eu disse tirando o celular do bolso traseiro – Acabei de receber a incrível notícia de que um de meus homens acabou de estourar os miolos do mandante das mortes. Ótimo dia não, capitão?

Eu o deixei sem palavras. Como um gatinho quando ganha leite. Ou como um policial quando faz um traficante de tiro ao alvo.

– Se me permite, tenho algumas papeladas para preencher. – Eu disse, já me aproximando, maldosamente intencionada. Eu amo o poder que os homens me permitem ter – Continue o ótimo trabalho, capitão. 

Clara Correia OFF