The devil is a gentleman

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Se você me perguntar, eu sou positivamente obcecada por essa Andrea.





Don't you know but the devil
Uh don't you know, don't you know but the devil is a gentleman

Andrea mal conseguiu dormir aquela noite, ela acordou antes do sol nascer. Ela tomou café reforçado e se permitiu reler as observações que tinha feito, ela seria perfeita, ela sabia que seria. Ela tomou um longo banho quente, penteou seu cabelo a seco, sem secar, ele ondulou e cresceu. Ela se odiava naquelas roupas, mas seria necessário, pelo menos por aquele momento. Ela vestiu as saias, sutiã e o suéter azul horroroso. Ela praticamente ouviu seus sapatos Prada reclamando quando calçou aquele par preto noite. Uma vez ela sonhou que andar por Runway com botas Chanel, ainda sim, ela suspirou e pegou sua bolsa.

Ela imprimiu seu currículo e usou uma pasta de couro que usava na faculdade. Ela pegou um táxi faltando exatamente meia hora para sua entrevista, ela passou pela cafeteria de Lisa e sorriu como um tubarão, toda dentes e sangue. Ela não era uma menina, ela era uma mulher forte o suficiente para saber o que queria. Era triste mas era o que era.

Andrea estava indo para derrubar qualquer um que se colocasse entre ela e seu desejo. Ela era uma mulher inteligente, ela sabia mentir, manipular e sorrir para obter o que queria. Miranda não seria fácil, mas Andrea a conhecia como a palma de sua mão, ela tinha arquitetado cada um daqueles caminhos muitos anos atrás.

Ela sorriu para o homem que lhe entregou o crachá, solicitando um elevador e caminhando para dentro do escritório. Ela conhecia a secretária da porta, sabia seu nome e como ela se parecia, ela esperou e Emily a recebeu, a encarando dos pés a cabeça. Andrea sentia como se a conhecesse por anos, previsível e irritada. Ela não se abalou mas esperou, parada, tentando se parecer deslocada e juvenil. Andrea já sabia tudo sobre o escritório, cada sala, cada mesa, cada funcionário, cada responsabilidade, ela sabia sobre a agenda de nomes na gaveta de baixo, sabia sobre a planilha de nomes na conta de Lisa, sabia onde ligar o computador, sabia o pedido de Miranda, sabia sobre as reuniões e os pedidos impossíveis. Andrea sabia de tudo, ela estava respirando tranquilamente quando o celular de Emily tocou e Miranda estava subindo.

Aquilo era imprevisível, mas tolerante. Era ainda melhor que à própria Miranda a contratasse. Emily seria menos convencida, mas eventualmente o RH comeria sua cabeça e Andrea seria aceita. Mas se fosse Miranda, seria mais fácil. A mulher mais velha se impressionaria por seu currículo sem muito esforço, Andrea era a candidata mais improvavelmente perfeita. Cheia de si, competente e diferente. Miranda tinha contratado modelos o suficiente, ela daria uma chance a garota sem senso de moda e idealista.

Andrea escondeu sua formação de moda do seu currículo, ela equilibrou-se entre jornalismo e moda na faculdade, ela fez seu trabalho direito, escreveu para jornais voluntários e ganhou prêmios. O que ela queria era trabalhar em Runway, escrever sobre moda, falar sobre moda, ter sua opinião levada à sério. E é claro, ela queria Miranda. Na sua cama, na sua vida, na sua pele, no anel em torno do seu dedo.

Andrea não aceitava não como resposta.

Miranda rompeu pela porta com Emily correndo ao seu lado, Andrea sentiu o ar lhe faltar nos pulmões quando a viu tão de perto. Não era a primeira vez que ela via Miranda, é claro.

Andrea costumava seguir Miranda como um cachorrinho muito antes daquilo. Ela frequentava a semana da moda de Paris todos os anos, sentada longe o suficiente para não ser vista e perto o suficiente para encarar Miranda como um abutre. Ela frequentava as festas de lançamento de Runway, ela frequentava eventos de moda, ela frequentava os parques que Miranda ia com suas filhas, ela frequentava os restaurantes que Miranda gostava de comer e apenas olhava para ela como um cristão em busca da divindade.

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