Capítulo 9

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Colin não sabia que precisava passar a tarde de um domingo deitado preguiçosamente em sua cama, enroscado em sua garota, até vivenciar a experiência. E é perfeito, até... Anne estava com dor de cabeça - uma constante, aliás.

Ele não sabia dizer se ela realmente estava se afastando dele, ou se era seu medo constante de perdê-la que o fazia ver problemas onde não havia. A verdade era que, desde o dia em que pisara na casa dos pais dele pela primeira vez, não importava quantas vezes tivessem saído e se divertido juntos, só os dois, no final, ela sempre ficava mais retraída, fechada em seu próprio casulo, como se quisesse se proteger de algo ou estivesse arrependida.

Paciência! Era a palavra de ordem de Felicity, e era o que ele estava tentando colocar em prática, mas se ela fosse embora... Um suspiro frustrado escapou de seus lábios.

"Está tudo bem, garotão?" Penélope questionou preocupada, levantando a cabeça do peito dele.

"Não sei, Anne. Me diz você?" perguntou ainda trabalhando a sua paciência.

Afastando-se de seus braços, ela sentou-se na cama, olhando para ele. "Como assim? O que eu perdi?"

"Já faz alguns dias que você não tem sido a mesma comigo e eu não sei dizer se fiz algo errado," começou, e quando Colin a viu abrir a boca para se defender, ele levantou a mão em sinal de espera. "Me deixa continuar, por favor." Quando ela assentiu, ele prosseguiu: "Esta é a terceira vez que eu te trago para a casa dos meus pais. Pensei que seria uma boa para a Felicity, já que ela se deu tão bem com o Greg e a Hya. Ela me parece tão feliz... Mas em todas estas vezes, você ficou com dor de cabeça ou com a cara amarrada. Se existe um problema, eu preciso saber. Você não gosta de estar aqui, é isso? Se for, é só me dizer que eu paro de aceitar os convites da minha mãe, não tem problema. Mas você precisa falar comigo, Anne."

Todo esse discurso não aliviou em nada a dor de cabeça que atormentava Penélope há dias. Saber que ele estava fazendo todas aquelas coisas por querer o bem de Felicity a aquecia por dentro, fazendo-a sentir-se ainda pior do que o normal.

"Desculpe, querido. Não há nada de errado com a sua família, é só que... tem sido demais para mim. Geralmente, eu nunca espero que as pessoas façam algo por mim. Contudo, todos eles têm sido tão gentis e amáveis para nós duas... eu não esperava que vocês organizassem uma festinha de aniversário para a Liss. Foi legal. Mas eu não mereço toda essa gentileza," tentou se explicar, sua voz embargada denunciando sua aflição, embora nada do que tenha dito fosse mentira.

De fato, Penélope estava realmente se divertindo e, pela primeira vez em muitos dias, deixou o passado no fundo da mente e permitiu-se ser apenas uma garota curtindo uma festa improvisada com a família do namorado. No entanto, como parecia ser habitual, a família dela foi mencionada novamente, trazendo à tona mais informações que ela desconhecia e que conflitavam com tudo que um dia lhe fora contado.

Momentos antes

"... O Featherington não parecia ser um homem ruim, mas o seu vício por apostas foi o que realmente o matou e acabou destruindo aquela família," comentou Edmund para Anthony, enquanto ambos tomavam uma dose de conhaque e discutiam sobre a antiga vizinhança.

Instantaneamente, o nome chamou a atenção de Penélope, distraindo-a das palavras que Colin sussurrava em seu ouvido. Ele provavelmente estava discursando sobre mais uma de suas maravilhosas viagens, enquanto insistia em levar pedaços de bolo à boca dela. O que serviu de chacota para família no primeiro dia, estranhamente não aconteceu desta vez e nem das outras.

"Por que o senhor diz isso?" perguntou Felicity, do outro lado da sala.

Penélope quis matá-la no mesmo instante.
O semblante da menina exalava curiosidade e inocência, mas Penélope conhecia muito bem a irmã e suas opiniões para saber qual era o jogo que ela estava jogando

Eclipse | PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora