01

5 0 0
                                    

Ainda são 06 da manhã, mas Alister ainda está dentro do ônibus aguardando sua chegada à escola. É normal ele sempre se sentir assim quando está perto da escola? Ele se sente com frio mas seus pés estão quentes. Ele sente que algo ruim vai acontecer e não deixa de se sentir ansioso.

Talvez seja o efeito causado pelos sussurros e cochichos dos outros alunos do banco de trás. Eles estão rindo e falando o quão estranho é o formato de coração da boca de Alister. Falaram que sua pele é tão pálida que o faz parecer doente. Por um momento, isso faz Alister olhar para os próprios pulsos, e suas veias estão lá, claramente.

Alister é o último a sair do ônibus. Nem sequer olha para o portão da escola. Se Alister pudesse, gostaria de nunca mais vê-lo. Por isso continuaria mantendo os olhos no chão até chegar em sua sala.

Será que ele é tão feio assim? Por que os outros alunos ficam rindo enquanto dão olhares sorridentes para Alister? Há algo estranho em seu rosto? Então ele abraça sua própria mochila, tentando não olhar em direção aos passos tão atraentes que chegam. Essa é a aula do professor de língua inglesa. Alister só vai às aulas dele. Mas por quê ele só vai às aulas dele?

O professor deu um sorriso para a sala, mas conteve um sorriso maior ainda quando olhou para Alister. Em passos demorados e intimidantes, ele parou exatamente com o rosto na nuca de Alister, sussurrando com sua voz rouca e sugestiva algo como: — Senti sua falta, gatinho... Eu gostaria de saber o porquê você não veio na semana passada.

Alister fechou os olhos com força, querendo que a sensação sufocante do seu peito passe logo. Ele sempre sente seu coração disparar e sua boca secar quando seu professor faz isso. Alister não sabe bem se é porque ele gosta da voz masculina em seu ouvido e quer realmente aproveitar ela, mas há algo ruim nisso. Mesmo não sabendo oquê e o porquê, ele se sente meio mal. Principalmente quando o professor volta a ficar distante quando não recebe uma resposta. E o cheiro do seu professor impregnou em todas as suas coisas. Isso é meio triste.

— Bom dia, alunos. Olha só quem apareceu depois de muito tempo, em? — Disse se referindo a Alister, que apenas abaixou a cabeça. Mas não é como se ele não gostasse de receber atenção. Ele a ama. Mas fez muitas coisas erradas no passado, e agora as pessoas não pensam tão bem sobre ele. — Alguém aí sentiu falta do Alister? Se sim, levantem o braço! — O professor disse levantando o próprio braço com uma animação contagiante, mas ninguém levantou o braço. Incrível que antes disso, havia muitos alunos comentando sobre tudo oque é assunto e fazendo barulho, mas agora ficaram todos silenciosos.

Alister realmente sentiu como se estivesse com frio, então voltou a se encolher em sua cadeira, tentando evitar seu professor e todos que estão a sua volta. Antes ele não era assim. Ele tinha muitos amigos. Mas todos se foram. Por que eles se foram? Oh, sim. Foi tudo culpa de Alister, embora ele não queira acreditar. Primeiramente, ele teve diversas crises de raiva no ano passado que acabou se metendo em várias brigas. O diretor chamou uma psicóloga para ele, mas não funcionou muito. Segundamente, ele errou ao confiar um dos seus maiores segredos a sua melhor amiga. Alister nunca gostou de guardar seus próprios segredos, então ele não tem medo de contá-los. Por causa disso, mais tarde a escola toda estava sabendo que ele estava querendo transar com seu professor de inglês. Por incrível que pareça, isso chegou a esposas dele cuja secretária da escola. Agora toda vez que ela e Alister se encontram, ela dá um olhar mortal para ele.

Bom, se for para contar todos os erros em que ele cometeu nesse inferno de escola, isso não vai acabar nunca. Mas esse último, ultrapassou mil vezes o limite e ele nunca quis antes como quer agora sumir do mapa do mundo. Aconteceu há algumas semanas atrás, o diretor estava falando algo sobre o novo benefício do governo para aqueles que "estudam", entre aspas. O diretor acha que isso vai fazer os alunos se interessarem em ir estudar. Mas Alister não pensa assim. Porque normalmente quem recebe esse benefício, sequer mal vai para a escola, apenas estão lá e saem normalmente sem aprender nada. Alister se levantou da cadeira e pediu respeitosamente para dar sua opinião ao diretor sobre aquilo. Quando foi permitido, a primeira coisa que disse foi: "Eu acho tudo isso muito ridículo. Enquanto há pessoas que realmente precisam do dinheiro, o governo está dando dinheiro para esses estudantes que só ficam sentados com a bunda na cadeira e nem fazem nada!". Isso pareceu muito desrespeitoso na vista de todos, mas perdoem Alister, ele tentou se expressar mas não conseguiu. E as coisas acabam sempre assim, ele nunca é interpretado da forma certa. Ele não planejava que aquilo se tornasse uma discussão, mas um dos seus ex melhores amigos de um tempo atrás, se levantou e o refutou, dizendo assim: "Que garoto ridículo você é, Alister! Você reclama disso sendo que nem para a escola você vem!" Era um garoto moreno, todos da escola gostam dele. Alister também gostava dele, mas somente quando ele não era ignorado pelo mesmo. "Eu venho se eu quiser! Parece mesmo que a carapuça serviu para você estar debatendo comigo sobre isso." A partir daqui, Alister queria continuar dizendo muitas outras coisas para vencer aquela pequena discussão, mas não podia, porque todos gostavam daquele garoto, e se Alister brigasse com ele, todos iriam odiar Alister mais ainda. "Então o problema é seu se você vem ou não! Meu Deus do céu." Como assim o problema era de Alister? Foi ele, o garoto quem começou tudo isso. Alister teria que terminar a discussão. Ele iria ser impulsivo agora. "Então vá tomar no meio do seu cu" Alister gritou na sala dando o dedo do meio para o outro garoto, que o olhou horrorizado. Ele o respondeu novamente, sem muito interesse: "Vá você, eu em, garoto estranho." Alister abriu um sorriso forçado, mostrando seus dentes. Impulsivamente, ele disse oque lhe veio a mente, mas não era mentira: "Vou mesmo! Eu adoro!" E assim acabou a discussão. Os alunos começaram a sussurrar que seria melhor que Alister se matasse ao invés de agir como uma "prostituta". Alister escutou tudo, mas fingiu não os escutar.

Colocar Tudo Onde Não DeveOnde histórias criam vida. Descubra agora