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O homem vive preocupado com o pensamento de "viver muito" e não com o de "viver bem", sendo que não depende o viver muito, e sim o viver bem.

Minha mãe costumava me dizer para ser bonzinho com os outros.

Ela dizia assim:

"- Władysław, faça isso, se você for um bom rapaz Deus saberá qual é o seu lugar".

Eu sempre soube que ela estava errada, digo isso pois havia um certo garoto na minha sala, ele era um dos mais inteligentes e possivelmente incompreendido pelos outros.

Para mim, isso seria o certo a se esperar de alguém superior intelectualmente de outro ser, passando a ser considerado diferente e "estranho". Até porque pessoas inteligentes acima da média tendem a estar fora dos padrões das pessoas comuns.

Ele andava tropeçando nos próprios sapatos, acreditando que todos estavam sussurrando algo ruim sobre ele, quando no fundo ele somente queria um pouco de atenção.

E com esse desejo ele achou que estava finalmente conseguindo fazer amigos, até de repente começarem a sugar toda sua energia. Seus supostos colegas exigiam mais e mais, sem parar. Todo dia obrigavam ele a fazer o trabalho de casa e até as provas, deixando o garoto sem caminho.

Eu observei isso até finalmente acabar o período escolar e nos formarmos. Mas aquele garoto, eu nunca o vi no dia da formatura. Nunca soube se ele realmente conseguiu passar para ingressar na universidade que falou sobre uma vez na sala de aula. Fora isso, aqueles que enchiam o saco dele e passavam nas provas usando suas respostas estavam lá.

Nunca concordei em ser bom e ajudar os outros para depois pisarem em mim e passarem por cima enquanto eles se aproveitam. Também tenho de constar que não espero mais nada desse mundo. Caso eu ainda espere algo, é só a dor ou tragédia. Algo realmente ruim.

Talvez eu esteja errado, pois na verdade tudo o que havia de ruim aguardando para me acontecer parece já haver acontecido. Só me resta não esperar mais nada, porque sempre quando eu esperei há muito tempo atrás no passado, eu acreditava que viria momentos felizes. Mas não. Foram só tragédias, e eu me decepcionei ainda mais.

- - - -

- Cesar Władysław.

- Presente, senhor.

Levantou a mão rapidamente até a própria testa, saudando com falsa seriedade para o comandante.

Aqui, Władysław provavelmente estava no auge de seus 20 anos. Ao ser aceito como um soldado, ele não esperava que a partir daqui as coisas se tornariam árduas.

O treinamento não foi difícil, foi o de menos. Os superiores ficaram surpresos com a facilidade que Władysław cumpria tudo o que lhe era comandado.

Obviamente, o rapaz nunca teve interesse em servir ao exército, as coisas não foram tão desgastantes como ele achou que seria.

No dia em que a guerra iniciou, ele estava visitando a mãe. Ela não era nada parecida com ele. Os cabelos dela eram loiros claros naturalmente, já os de Władysław eram pretos, como os de seu pai. Ela tocou pela última vez nos cabelos tão escuros quanto o destino vazio que aguardava o filho.

Władysław foi convocado naquele mesmo dia. Ele se lembra perfeitamente de quando chegou para lutar contra a invasão dos alemães. Eles realmente tiraram tudo aquilo que Władysław tinha. Mas mesmo assim, ele não os odeia. Ele não odeia ninguém e nem os ama, afinal os sentimentos principalmente o amor são perca de tempo.

Nada é mais importante. Aquilo que é considerado importante não é mais. Não faz muito tempo desde a descoberta que sua mãe morreu bombardeada em sua própria casa. Ele acha que nunca a amou de verdade. Se ela realmente o amasse também, não teria todo esse tempo passado ensinamentos incorretos.

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⏰ Última atualização: Oct 31 ⏰

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