Capítulo 3: O Salvador inesperado

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Sentindo meus pés de volta ao chão firme, abro os olhos devagar, confusa e ainda com lágrimas escorrendo pelo rosto.

Meu corpo treme, e a sensação de vazio é substituída por uma presença estranha, mas reconfortante.

"Quem é ele?" penso, tentando focalizar a visão em meio às lágrimas. A mão que segurava meu braço agora está apoiada suavemente em meu ombro, me ancorando à realidade.

Então, só depois de observar o rosto daquele que me salvou e perceber o quanto meu corpo tremia, pude perceber que eu não queria aquilo.

Ou ainda não era o tempo para isso.

"Você está bem?" Sua voz era grave, mas gentil, cortando o silêncio com uma força que a fez olhar para ele.

— Quem é você? — Minha voz saiu como um sussurro, frágil e quase inaudível.

Ele olhou nos olhos dela, tentando transmitir segurança e compreensão. — Meu nome é Naruto. Vi você aqui e... bem, não podia deixar você fazer isso.

Por um momento, Sakura conseguiu sentir paz na vida, com só algumas palavras e um sorriso no rosto que escondia preocupação, foram o suficientes para sentir-se feliz.

Os seus olhos azuis transmitiam o sentimento de alguém que sofre, mas nunca demonstra isso  para ninguém.

Talvez por esse motivo me senti tão acolhida que, mesmo que com poucas palavras, parecia que no meio de todo o caos eu encontrei alguém como eu.

Alguém que esconde os próprios sentimentos para o bem dos outros.

— Eu… — Na verdade, não sabia o que falar, meu corpo ainda tremia com a adrenalina e a voz trêmula.— Acho que eu não sabia o que estava fazendo… eu realmente não sei.— Admiti, com as lágrimas descendo pelos meus olhos.

— Posso não te conhecer, mas sei o que é sentir que não há saída — Naruto começou, sua voz um fio de empatia e determinação. — Já estive em um lugar escuro antes. Acredite em mim, sempre há uma saída, mesmo quando não conseguimos ver.

Ele sabia que ela precisava de alguém, precisava chorar, desabafar ou até mesmo só ficar em silêncio enquanto deixasse as lágrimas limparem a alma aflita.

Vê-la assim parecia estar voltando a alguns anos atrás para sua própria vida.

Ao qual se viu sem esperança, prestes a tirar a própria vida em segredo, não queria incomodar ninguém com os próprios sentimentos.

Não esperava salvar uma pessoa da morte em plena tarde após voltar à uma sessão de terapia.

O relógio marcava 21:40 hrs, a psicóloga Aurora tinha me liberado e eu caminhava lentamente pela cidade, repensando todos os pontos que me fizeram ir até uma terapia.

Meus pais morreram em acidente de carro no dia do meu aniversário de 10 anos, perdi o homem que me criou até os 19 anos— Jiraya—, e agora estava sozinho.

Sozinho no mundo.

Falar sobre aquilo fazia com que minhas cicatrizes se abrissem, fazendo todos meus traumas virem à tona de uma vez só.

Bullying.
Abandono.
Depressão.

Por uma coincidência, olhei para o alto prédio, lugar esse que já pensei em desistir de tudo e deixar com que o vento batesse em meu rosto enquanto eu caia em uma velocidade alta até chegar ao chão.

Mas vi ali uma mulher, de cabelo longo, prestes a dar um passo pelo qual eu também tentei.

Eu corri.

isto pode ser o fim de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora