Familia

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Quatro anos depois, Manhattan.

Andrea

Pego a caneta passo sobre a folha de jornal descartado mais uma opção de trabalho após ver que necessitava de curso superior. Droga! Folheto mais páginas e analiso em busca de qualquer coisa mas estava difícil, vagas pra domésticas estavam esgotadas e precisava urgente de trabalho porque o aluguel venceria semana que vem.

- Mamãe, aqui. – Natan me entrega o brinquedo e sorriu um pouco revelando as suas covinhas. O pego no colo e montei o brinquedo que Lili havia dado.

- Cheguei, família. – Lili sentou do meu lado e logo Natan pulou do meu e foi abraçar a tia que tanto amava.

- Cheguei junto também. – Nanda anunciou também, deixou algumas compras e logo Lili foi substituída pela Nanda.

Meu filho amava as madrinhas.

Lili era minha melhor amiga, a tinha como uma irmã. Ela me ajudou em tudo, eu sei o quanto devo a ela, não queria que ela me sustentasse, mas eu havia sido demitida.

- Esse menino é muito falso. – ela diz e senta do meu lado e beija meu rosto.

Analiso seu cabelo ruivo e curto, Lili era linda e doida também, ela era advogada mas quando se tem um pingo de gente dentro de casa tudo fica mais caro.

Sua namorada era a Fernanda, alta, loira e de olhos castanhos, ambas formavam um casal perfeito.

- Nada. – digo desanimada.

Eu larguei tudo após descobrir que estava grávida, sim, Natan era fruto do policial que me estuprou em Nova York, quando descobrir que estava grávida, fruto de um estupro eu quis me matar... Mas não fiz.

Eu sofri muito pelo meu filho, não tive coragem de tirar ele do meu ventre, minha mãe me tratou com desprezo e me humilhou, então eu decidir vim embora, não só por ela mas pelo medo de um dia encontrar com o pai do meu filho.

Lili foi a luz na minha vida, a conheci através da internet e ela me recebeu de braços abertos aqui em. Manhattan. Me senti mais segura aqui.

Nos morávamos em um apartamento pequeno com dois quartos, cozinha e sala. Ela era mais velha que eu, tinha 23 anos quando a conheci, e eu tinha 20 e estava sem rumo, sem teto, sem ninguém. Ela e a mãe dela me acolheram.

Minha mãe não me ligou durante esses quatros anos, mandava mensagem e ela nada.

Não tinha vontade de voltar, eu queria renascer, queria recomeçar outra vida esquecer do passado.
Natan era parecido comigo, era branquinho como eu, tinha cabelos castanhos, olhos castanhos como o meu, a boca como a minha, tudo como eu, ele não tinha nada do pai, ainda bem.

Ele era minha alegria, me ensinava todos os dias, seu sorriso me acalmava, alegrava me coração. Eu amava.

Mais agora eu precisava de um emprego... Não podia deixar tudo nas costas de Lili, afinal, não era sua obrigação sustentar meu filho e muito menos eu.

- Você vai conseguir, maninha. – ela diz e toca em meu ombro – sei que vai.

- Nada de trabalho, Andy?- Nanda pergunta sorrindo com Natan nos braços. Eu apenas neguei.

– Me dá teu currículo, conheço um amigo que trabalha pra uma Editora, e essa Editora tá precisando de alguém para cuidar das filhos dela.

- Eu nunca vou conseguir... olhe para mim, uma Editora quer alguém com experiência, com capacidade, e eu ? Só sei limpar privada de gente rica.

- Vai ser dar bem com as crianças, apenas tente, não custa nada tentar.- Lili diz e rolo os olhos, minha garganta queima, sinto vontade de chorar.

- Calma amiga. – ela me abraça de lado e logo Nanda me abraça também junto com Natan, e demos um abraço quarteto como diz a Lili.

Mesmo sabendo que não conseguiria o trabalho dei meu currículo pra lili. Tinha no peito que não conseguiria o trabalho, eu não era nada, e trabalho para pessoas poderosas requer muito.

As pombinhas foram pro quarto e eu continuei no computador e jornal buscando emprego, enviando currículo, mesmo sabendo que não tirei respostas.
E depois de um tempo fui arrumar Natan para creche, era pela tarde já que não tinha conseguido pagar a integral.

Dei banho nele, o arrumei, arrumei o lanche e tudo mais. Fomos andando até a creche que não ficava ta o longe do apartamento e antes de ir embora me agachei e o abracei forte.

-Te amo. – digo o apertando.

- Também te amo mamãe. – Me beija no rosto e sai correndo pra tia que já o esperava. Aceno e saio.

Não gostava de deixar meu filho longe de mim, eu tinha medo, não sei se o pai dele está atrás de mim, mas mesmo assim eu tinha medo, muito medo.
Acordava pela madrugada com pesadelos, Lily que me comportava e dizia que tudo iria ficar bem, depois eu chorava em seu ombro, ele havia destruído a minha vida.

Pensei no começo que não conseguiria, pensei em me matar, mas eu fui forte, e mesmo todos se afastando de mim eu quis seguir em frente, e hoje estava ali, meu filho, nunca passou fome e jamais passaria.

Foi difícil? Foi sim. Estive sozinha em vários momentos, e sei que um dia ele me perguntará sobre o pai sentirá falta de ter um pai, mas o pai dele não merecia ele, não merece nem saber que tem um garotinho de quatro anos, quase cinco, muito espeto, alegre, carinho e amoroso.Natan era meu orgulho.
Minha mãe me julgou muito quando soube que estava grávida, me chamou de puta, disse que tinha nojo de mim, mas eu engoli o choro. Não tive coragem de contar a minha mãe, tinha vergonha.

Eu continuei, mesmo com os meus sonhos destruídos, mesmo com minha vida acabada, mesmo com os tijolos do meu castelo no chão eu os ajuntei e fui montando novamente. Eu cresci virei mulher, aprendi a cuidar de mim e do meu filho.

Aquela noite nunca conseguiria apagar, mas eu poderia tentar esquecer e ser feliz.
Após deixar Natan na creche vou andando e pego um ônibus saltando na praia, gostava de ir ali para pensar um pouco.

Queria tanto desistir da minha vida, mas lembrava do meu filho, ele precisava de mim...
Caminhei um pouco pela orla a água gelada do mar tocando meus pés, depois fui pra casa.

Cheguei em casa me sentei no sofá vendo se tinha algum email novo ou alguma resposta me deparo com nada.

Bufo e me jogo no sofá.

Só então percebo a presença da minha irmã, ela estava só com uma camisa social da Nanda e um short curto, a mesma veio caminhando em passos lentos e sentou do meu lado.

- Sonhou com ele ontem? – ela me perguntou me virei para a mesma sentindo um frio na barriga.

- Desculpa se acordei vocês. – digo de cabeça baixa.

– Me desculpa... As vezes só tenho vontade de desistir, e como se estivesse sentindo ele me tocando, falando aquelas coisas, me enforcando.

digo e ela me abraça, em seguida faz olhar para ela.

- Você é mais forte do que pensa, para de se apegar tanto ao passado... olha pra você, tem vinte e quatro anos, é mãe de uma criança maravilhosa, aguentou tudo isso, eu desisti de tudo, sei que o que meu ex namorado fez comigo não chega aos pés de que ele fez com você mas você não desistiu do seu filho, eu sim, por causa daquele aborto eu sou infértil, não posso ter filhos, eu nunca vou ter alguém me chamando de mamãe e ser maravilhoso como Natan .


A puxo para um abraço apertado e faço carinho na sua cabeça.

- Você consegue só confie em se mesma, você é maravilhosa e aqui vai ter sempre uma amiga, uma irmã, você está protegida, ele nunca vai te encontrar. Você e forte, você é uma Sachs também. – sorrio e como ajeitando meus óculos.

- Eu sei. – digo baixinho. – Eu que estou protegida com o meu filho aqui. Somos Sachs.- sorrimos e nos
abraçamos.

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