Devil can love

17 1 0
                                    

Ele se sentia completamente dominado pelos sentimentos nostálgicos do seu espírito mais jovem, quando em meio ao choque de espadas, sangue e um sorriso perverso dominavam a sua feição ao seu inimigo.

Após anos de reclusão, seu sofrimento terminou. Era um passado distante, que foi deixado no tempo por aqueles que esperavam sua alma quebrada e tempestuosa.

E aqui estava a sua presença, em frente a enorme placa em cores renovadas, Devil May Cry. Não é como se ele fosse agraciado por alguém esperar a sua chegada ao mundo humano novamente, mas assim o fez. O tempo que passou no inferno com o seu semelhante o persuadiu de trabalhar ao seu lado, quando fosse o momento ideal.

Dante, de todas as pessoas do mundo, mesmo após todos os eventos que levaram a destruição, perdas de vidas, lá estava ele, o segurando com seu sarcástico sorriso sincero, enquanto lutavam sem um fim iminente. E ele continuou ali ao seu lado até ver que não era mais preciso. Ele não desistiu. Ele não o abandonou. Por que tal homem poderia receber de braços abertos?

Era verdade que Vergil em todas as circunstâncias estaria esperando o pior tipo de recepção. Seu irmão era um demente, e na melhor das opções, seria seu único objetivo para voltar a superfície naquele momento.

Ao adentrar o prédio, subiu alguns degraus até chegar à porta. Ele observou por alguns instantes, até tomar a iniciativa. Uma tentativa, sendo retomada novamente sobre a segunda e nada ocorreu. Esperou alguns segundos e novamente voltou a bater na porta. Ela estava destrancada, e como não houve qualquer recepção possível, adentrou o ambiente.

O cenário que se encontrou era dignamente lamentável. Seu irmão nunca pareceu se importar com a leveza de um ambiente adequado, e para majorar, o local cheirava a gordura. Algumas caixas de pizza espalhadas, móveis empoeirados e pouca ventilação.

Não era da sua conta se irritar com a porquice de seu irmão, porém, ao cogitar trabalhar naquele escritório era definitivamente algo que ele não estaria disposto a fazer.

Ele procurou pelo que parecia ser o restando da casa e Dante não se encontrava. Só lhe restava esperar pela volta dele, mas era uma tarefa minimamente complicada. Sua previsão de volta não tinha hora ou data, apenas um acaso o qual o Sparda mais velho decidiu a tal visita. E, se a agenda do seu irmão estivesse cheia, ele teria que esperar por mais tempo que gostaria.

Vergil explorou o ambiente com mais cuidado, evitando o máximo da bagunça do gêmeo mais novo. Ao começar pelo seu escritório, abarrotado de papéis espalhados, uma cadeira velha com alguns danos. Mas, o que lhe chamou atenção foi um porta retrato; ele estava posicionado sobre o canto da mesa do escritório. O desgaste da moldura era visível, mas havia um detalhe especial sobre a imagem amarelada, sendo uma feição impossível de esquecer: Eva, sua mãe. A foto estava amassada, porém ainda demonstrava a beleza incomparável da mulher. A pele reluzente, acompanhada de madeixas loiras, o olhar sereno e um sorriso encantador em sua feição.

Por algum tempo ele segurou aquele retrato sobre o peito, olhando silenciosamente ao vazio da sala. Seu olhar gélido desbotou uma lágrima sincera, voltando a encarar o retrato. Ele colocou o objeto no seu devido lugar, tendo a visão captada por outro semelhante ao quadro de sua mãe. Aquele era Dante e Nero, abraçados e rindo, contentes com algo que ele não podia presumir.

Seu filho havia crescido, desprezando sua existência. Vergil nunca havia se importado com o bem-estar de seu filho, contudo por breves instantes houve um questionamento se ele poderia ter feito diferente. Seu desejo por poder, a ganância de uma alma amaldiçoada o afastou de qualquer possibilidade de consertar o seu erro com sua família. Dante estaria contente, mas enquanto aos pensamentos de seu filho? O quão doloroso poderia imaginar que um pai o abandonou por ambição?

Devil May WhetOnde histórias criam vida. Descubra agora