Xxxtentacion- 321 Dias Juntos 🖤

luzes de miami

De noite

As luzes de Miami piscavam como estroboscópios sobre a avenida, iluminando o letreiro neon da boate onde Trippie Redd estava organizando uma festa. A música pulsava em ondas elétricas, e o lugar estava lotado de rostos conhecidos e estranhos, todos dançando ao som do trap e do hip-hop.

Jahseh e Khai chegaram de mãos dadas, mas o clima entre eles já era carregado. Khai vestia um conjunto prateado que refletia as luzes da pista, enquanto Xxxtentacion usava uma jaqueta preta sobre uma camiseta branca, o capuz cobrindo parte de seu rosto. Assim que entraram, foram recebidos por Trippie com um abraço exagerado e algumas piadas que Jahseh quase ignorou, distraído com o ambiente.

A noite começou tranquila, com drinks e conversas ocasionais, mas rapidamente descambou quando os dois começaram a usar algo mais pesado no camarote exclusivo. A tensão entre eles, já visível, explodiu em uma discussão.

— Você sempre faz isso! — gritou Khai, o tom de sua voz cortando a música alta. Ela apontava um dedo acusador para ele. — Sempre que a gente tá em público, você tem que criar um inferno!

— Inferno? Você tá louca, Khai? — Jahseh respondeu, elevando a voz. — Olha quem tá bancando a dramática agora.

Ski Mask, que observava a cena do outro lado do camarote, rapidamente interveio. Ele era o amigo que tentava apaziguar as coisas, mas às vezes era engolido pelo furacão que era o casal.

— Ei, ei, ei, vocês dois. Dá pra acalmar? Todo mundo tá olhando. — Ele colocou uma mão no ombro de Jahseh e olhou para Khai com preocupação. — Não é o lugar pra isso.

— Ski, fica fora disso! — Jahseh gritou, empurrando a mão do amigo. — Cuida da sua vida!

— E você cala a boca, Jahseh! — Khai rebateu, virando-se para ele com os olhos brilhando de raiva. — O Ski só tá tentando ajudar, diferente de você, que só sabe piorar tudo!

O camarote estava tenso, e as pessoas ao redor começaram a se afastar para evitar serem pegas no fogo cruzado. Trippie, percebendo que as coisas estavam saindo do controle, olhou de longe, mas não teve coragem de se meter.

Após mais alguns insultos trocados, Jahseh deu as costas, saindo do camarote com Khai logo atrás dele, ambos visivelmente irritados. Ski ficou para trás, esfregando o rosto com as mãos, frustrado por não ter conseguido evitar mais uma cena pública.

Lá fora, o ar noturno estava pesado, mas não tanto quanto o silêncio entre os dois enquanto caminhavam até o carro. O som abafado da boate ainda podia ser ouvido, mas agora era um contraste com o clima sombrio entre eles.

— Você precisa mudar, Jahseh, ou eu não sei até onde isso vai. — Khai finalmente disse, quebrando o silêncio, mas sem olhar para ele.

— Mudar? Eu sou quem eu sou. Se você não consegue lidar, o problema não é meu. — Ele rebateu, abrindo a porta do carro com força e entrando.

Khai ficou parada por um momento, respirando fundo para não explodir de novo. Depois, entrou no carro, e os dois partiram em silêncio pela avenida de Miami, deixando para trás as luzes e a música, mas carregando uma nuvem de ressentimento que parecia cada vez mais difícil de dissipar.

Minutos depois

A viagem de volta para casa foi tensa, envolta em um silêncio quase insuportável. Jahseh dirigia com o maxilar travado, os olhos fixos na estrada, enquanto Khai olhava pela janela, tentando organizar os pensamentos. O barulho do motor era o único som que preenchia o espaço entre eles.

Assim que chegaram, Jahseh saiu do carro e entrou direto na casa, batendo a porta atrás de si. Khai seguiu em silêncio, sentindo o peso de tudo o que havia acontecido naquela noite. Ela subiu para o banheiro enquanto Jahseh foi para a sala.

No banheiro, a água quente do chuveiro tentou lavar o cansaço e as emoções conflitantes de Khai. Enquanto isso, Jahseh estava na sala, desabafando com o vazio ao redor. Ele tirou a camiseta com força, jogando-a no chão, e pegou uma garrafa de uísque no balcão.

— Porra! — gritou, a voz ecoando pela sala. Ele deu um gole longo na garrafa antes de jogá-la no chão com tanta força que os cacos de vidro se espalharam. — É isso que vocês querem, né? Capeta, aparece logo e faz essa merda acabar!

Khai, ao ouvir o som da garrafa quebrando, saiu do banheiro às pressas, ainda enrolada na toalha. A preocupação estampada em seu rosto era evidente. Quando ela entrou na sala e viu os pedaços de vidro e Jahseh andando de um lado para o outro, com os punhos cerrados, ela entendeu que aquilo não era só raiva – era dor.

— Jahseh... — sua voz saiu suave, quase um sussurro. Ela se aproximou lentamente, tentando não assustá-lo. — Ei, me escuta. Desculpa... eu não quero que a gente termine assim.

Ele parou de andar, mas ainda respirava pesado. Seus olhos, normalmente tão intensos, estavam cheios de uma mistura de frustração e tristeza. Khai o abraçou, envolvendo-o com os braços enquanto segurava a toalha com uma mão. Ela começou a dar pequenos selinhos em seu rosto, tentando trazê-lo de volta.

— Tá tudo bem, eu tô aqui. Só se acalma, por favor... — ela disse, apertando-o contra si.

Jahseh soltou um suspiro longo e cansado, como se toda a raiva estivesse saindo de seu corpo. Ele passou os braços ao redor dela, segurando-a firme, como se ela fosse a única coisa que o mantinha no chão.

— Eu tô tão fodido, Khai... — ele murmurou, encostando a testa na dela.

Ela balançou a cabeça, ainda distribuindo pequenos beijos em seus lábios. — A gente tá junto nessa, tá? Você não tá sozinho.

Ele começou a se acalmar, os movimentos tensos dando lugar a um toque mais suave. Uma das mãos de Jahseh desceu lentamente pelas costas de Khai, encontrando a pele macia sob a toalha. Ele a puxou pela cintura, aprofundando o abraço.

Khai não se afastou, deixando-se levar pelo momento. Ela sabia que as palavras nem sempre eram suficientes para alcançar Jahseh, mas seu toque, seu amor, eram. Mesmo com tudo que os cercava, naquele instante eles encontraram um breve alívio na presença um do outro, ainda que soubessem que as tempestades não haviam acabado.