A Boate

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- Bem-vindo ao McDonald's. O que deseja?

Falo com o dispositivo Bluetooth colado ao meu ouvido.

- Quero dois McLanches Feliz e um cappuccino.

Murmura a mulher. Selecionando o pedido na tela diante de mim, respondo:

- Algo mais?

- Não, só isso.

- Bem, são 7,25 dólares. Pode vir à cabine mais adiante para efetuar o pagamento.

- Obrigada.

O carro aparece ao lado da minha janela, e a mulher me entrega seu cartão. Despeço-me gentilmente e torço para que não surja mais ninguém no drive-thru, porque estou
exausta, embora eu prefira atender às pessoas que só vêm buscar comida de carro a trabalhar dentro da lanchonete.

Ajeito meu boné estampado com o "M" de McDonald's e suspiro. Ainda falta uma hora para acabar meu expediente, mas já estou quase me jogando da janela. O sensor me
avisa que chegou outro carro e eu praguejo internamente.

Vão comprar sua própria comida, seus preguiçosos!

- Bem-vindo ao McDonald's. O que deseja?

Escuto uma risadinha feminina e logo alguém pigarreia.

- Gostaria de pedir uma Raquel para viagem.

Sorrio que nem boba.

- Siga até a cabine seguinte, senhora.

Em questão de segundos, Dani está ao lado da minha janela, seu cabelo perfeito como sempre, muito bem
maquiada e com seus lindos óculos escuros.

- Não posso acreditar que você está passando o resto do verão aqui.

- Preciso trabalhar e você sabe disso. O que está fazendo aqui?

- Vim te sequestrar.

- Ainda falta uma hora para acabar meu turno.

Dani sorri como o gato de Alice no País das Maravilhas.

- Que parte de "sequestro" você não entendeu? É involuntário e sem chance de recusa.

- Não posso ir embora.

- Pode sim, sua boba.

Estou prestes a protestar quando sinto alguém atrás de mim. Quando me viro, vejo Gabriel, um colega de trabalho.

Seu cabelo avermelhado escapa do boné, e ele observa

Dani meio abobado.

Olho para minha melhor amiga.

- O que está acontecendo?

- Gabriel vai cobrir a hora que falta.

Meus olhos vão de Gabriel a ela.

- Por que ele faria isso?

Dani dá de ombros.

- Fazemos coisas por nossos amigos, não é, Gabo?

Ele olha para ela atordoado.

- Sim.

O olhar de Dani volta para mim.

- Pronto, vou esperar no estacionamento enquanto você
pega suas coisas. Precisamos ir logo.

Alguns minutos depois, pulo para dentro do carro de Dani com minha pequena mochila.

Através da minha janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora