~Um pequeno apartamento~

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Jimin

12/06/2023
21:50 PM

Depois que fui expulso de casa aos 14 anos, eu não sabia o que fazer, eu era apenas uma criança sem rumo.

Dormi na rua até meus nove meses de gestação, tive minha filhote em um hospital público da minha cidade, e depois voltei para ruas, quando completei meus quinze anos, comecei a trabalhar em uma pequena doceria que abriu ao lado do beco que eu ficava.

Trabalhei dois anos com minha filhote no colo, até ela começar a andar. A senhorinha gentil que me contratou, deixou eu dormir nos fundos da lojinha pequena, até dois meses atrás, que eu finalmente consegui alugar um pequeno apartamento.

Um apartamento em uma zona totalmente afastada e perigosa, as ruas cheias de alfas e betas dando em cima de você e comentando sobre seu corpo, ômegas e betas caçando algum jeito de ganhar dinheiro. Meu apartamento é do tamanho de um kitnet, um banheiro de 1 metro quadrado e um quarto com pia, um pequeno frigobar, um fogãozinho de uma boca e um colchão de casal que a dona Elisa me deu assim que ela conseguiu comprar outro.

Tenho que agradecer a Deus e Lunar dos lobos por ter me ajudado a conseguir tudo que tenho hoje.

No começo eu fiquei muito assustado com tudo, a culpa me atormenta até hoje, eu deveria estar usando calça aquele dia, eu deveria estar com uma blusa bem coberta. Se eu estivesse completamente tampado, não teria acontecido nada.

Não culpo minha filhote por nada, e luto todos os dias pra não ter visões daquele dia nos olhinhos inocentes dela. Minha filhote não tem culpa...

[...]

Chego em casa, abrindo a fechadura enferrujada da porta e entro a trancando com o cadeado do lado de dentro, colocando uma barra de ferro atravessada.

Minha filhote dormia em meus braços. Era dez da noite, todas segundas era dia de faxina na doceria, por isso chego tarde em casa. Coloco minha filha no colchão e a cubro com o lençol.

Vou até o frigobar e pego a Marmitex que ganhei de uma cliente ontem, e coloco em uma panela sem cabo para poder esquentar para minha filhotinha.

_ Appa... _ minha bebê me chama com a voz manhosa.

_ Sim, filhote? _ me viro pra ela.

_ Hana tá' com fominha.. _ a barriguinha ronca.

_ O Appa já está preparando sua comida bebê, vá tomar banho que quando você sair já vai estar pronto. _ ela levanta cambaleando de sono e vai até o banheiro - que no lugar da porta tem um lençol - e liga o chuveiro.

_ A água tá' fria Appa.

Está no inverno, não posso deixar minha filhote tomar banho na água gelada, por isso que vou até o banheiro - peço licença primeiramente - e ligo a água na energia, vou ter que trabalhar mais um turno para conseguir pagar a conta de energia, mas não ligo, só quero o bem da minha filhote.

Enquanto Hana tomava seu banho, voltei à cozinha improvisada e mexi a comida na panela, o cheiro agradável se espalhou pelo pequeno espaço. A fome apertava, mas esperei pacientemente, focado em preparar tudo para minha filhote.

Com a comida esquentada, arrumei a pequena mesa improvisada de dois caixote de madeira, com os únicos dois pratos que tínhamos. Peguei os talheres e me certifiquei de que estavam limpos. Hana logo saiu do banheiro, enrolada em uma toalha velha, mas macia.

_ Prontinho, Appa _ ela disse com um sorriso sonolento, seus olhos brilhando de confiança e amor.

_ Vem cá, bebê. _ a chamei, ajudando-a a se vestir com a roupa quentinha que conseguimos da senhora Elisa.

Acomodei Hana na almofada no chão e servi a comida quente em seu prato. Ela comeu com gosto, e eu me sentei ao lado dela, observando-a com carinho. Meu coração se enchia de gratidão em momentos como esse. Apesar de todas as dificuldades, ter minha filhote comigo me dava forças para continuar, e minha mente tinha certeza que ela não tinha culpa de nada.

_ Appa, você também vai comer? _ Hana perguntou, notando que eu ainda não tinha pego meu prato.

_ Sim, filhote. Vou pegar agora. _ respondi, servindo um pouco para mim.

Enquanto comíamos, conversávamos sobre o dia dela na escola. Hana adorava contar as histórias dos seus colegas e das atividades que fazia. Ela era inteligente e cheia de vida, e eu me esforçava para que nada a impedisse de brilhar.

Depois do jantar, limpamos tudo juntos. Hana sempre insistia em ajudar, mesmo que eu dissesse que ela deveria descansar. Era uma criança forte e determinada, e eu me orgulhava imensamente dela.

_ Vamos dormir agora, filhote? _ perguntei, vendo o cansaço em seus olhinhos.

_ Sim, Appa. _ ela respondeu, bocejando.

Deitei-a no colchão e a cobri novamente, deitando-me ao seu lado. Hana se aconchegou em mim, seu calor de alfa me aquecendo no frio da noite. Fechei os olhos, agradecendo em silêncio por mais um dia com minha filhote segura ao meu lado.

A vida era dura, mas tínhamos um ao outro, e isso era tudo que importava. Prometi a mim mesmo que faria tudo que estivesse ao meu alcance para garantir um futuro melhor para nós. Eu sabia que, um dia, tudo isso valeria a pena. Hana era minha força, minha razão, e juntos, enfrentaríamos qualquer adversidade que viesse em nosso caminho.

🦋🦋

Oiê meu povo e minha pova! Como vocês estão?

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