Uma vez por ano

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Todo verão, Beomgyu viajava até o interior do estado vizinho para visitar seus avós.

Era engraçado como ele sempre arrumava a mochila e se despedia dos pais com uma animação incomum para alguém que morava na capital. Porém acabava sendo inevitável amar a cidade minúscula em que estava acostumado a viajar desde criança. Lá, ele tinha tudo que mais precisava quando estava à beira de um surto: ruas vazias e um céu cheio das estrelas que nunca conseguia ver do terraço do seu prédio.

Ah, e lá tinha Yeonjun também.

Beomgyu sorriu só por lembrar que veria ele novamente, e andou até a porta de casa com ainda mais animação. Sua mãe estava bem atrás, passando as mesmas instruções como se já não tivesse vinte anos na cara e fosse grande o suficiente para se cuidar em uma viagem daquelas.

— Filho, avise aos seus avós que eu vou no próximo mês, ok? E explique que eu e seu pai só não vamos agora por causa do trabalho. — Ela disse, passando a mão em seu cabelo.

— Pode deixar, eles vão entender. — Respondeu, já girando a maçaneta. — Até daqui a duas semanas.

— Até, meu filho. E mande fotos, entendeu? Da última vez você não mandou e eu fiquei chateada.

Beomgyu gargalhou, apenas concordando. A despedida era sempre demorada, porque sua mãe continuava inventando algo novo para falar, porém ele não se importava. Era bom saber que seus pais também sentiriam sua falta, mesmo que fossem ficar longe por pouco tempo.

E, quando percebeu, já estava dentro do ônibus que o levaria, sentado no seu lugar perto da janela. Era um clichê, mas Beomgyu amava observar os prédios se transformando em campo à medida que os quilômetros passavam bem na frente dos seus olhos, quase como se fossem palpáveis. Ele até mesmo já tinha preparado uma playlist com todas as músicas calmas que tinha em mente, assim teria uma viagem mais confortável.

No entanto, apesar da calmaria, era sempre nesse momento que sua mente começava a borbulhar, pensando no tanto que sua vida havia mudado dentro de um ano. Ele sempre chegava a várias conclusões dentro do movimento do ônibus, porém, ali, Beomgyu não estava sentindo que havia crescido tanto em 365 dias.

Pelo contrário, ele estava se sentindo ainda mais criança do que quando estava sentado neste mesmo banco há um ano atrás. Era como se tivesse se perdido em algum lugar no meio do caminho, e perceber isso fez com que se perguntasse se realmente era mais maduro aos dezenove ou se apenas foi iludido pelo suposto amadurecimento da maioridade. Provavelmente a segunda opção.

A faculdade, o trabalho, e os amigos que ficaram pelo caminho eram como um labirinto sem fim, um que quanto mais tentava encontrar uma saída, mais portas falsas encontrava. E no meio de tudo isso, ainda tinham os erros e as péssimas decisões que pegavam sua certeza de autoconhecimento e a esmagavam sem misericórdia. Afinal, quem ele era depois de errar? Quem ele era depois de acertar?

O Sol Mais Bonito do VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora