Capítulo 12 | Necrotério.

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  Yibo saiu rapidamente do carro, e retornou poucos minutos após vestir-se devidamente.

"Bebendo sozinho em uma sexta a noite?" questionou Xiao, dando partida no carro.

"Sim, é perceptível?" indagou Yibo franzindo a testa.

"Cheiro de bebida, suas bochechas estão coradas e sua respiração pesada. Enfim, porque resolveu me acompanhar hoje?"  Xiao Zhan perguntou despretensiosamente, e percebeu o mais baixo ficar tenso.

"Eu vi o Alucard...mordendo e sugando o sangue de um homem." murmurou Yibo receoso.

"Tem certeza? Você pode ter cochilado devido a bebida e sonhado com isso." respondeu Xiao Zhan indiferente.

"Eu tenho certeza, tem a gravação da câmera." retrucou Yibo convicto.

Ao chegarem no departamento, ambos saíram do carro, o breu tomava o local por inteiro.

"Xiao Zhan? Eu não estou vendo nada." murmurou ao ouvir os passos do mais alto se distanciarem.
  Xiao Zhan retornou até onde o mais baixo estava parado e segurou sua mão, retomando o caminho. Constou mentalmente que as mãos do mais alto eram realmente geladas.

"Por que não acende as luzes?" indagou Yibo confuso, sendo guiado.

"Quanto menos alarde, melhor. Não quero aparecer em nenhum noticiário por estar aqui essa hora. Não seria bom para nossa reputação."

Andaram por alguns minutos, chegando em uma porta distante do resto dos corredores, Xiao Zhan soltou sua mão e destrancou o local, acendendo as luzes, dando visão para o amplo necrotério.

"Temos que achar o corpo, me ajude. Abra as gavetas da esquerda, terceira fileira, são os corpos mais recentes." disse Xiao Zhan abrindo uma das gavetas para verificar.

Yibo abriu hesitantemente algumas gavetas, e sentiu sua pressão cair assim que avistou o corpo que estava buscando, em estado deplorável.
Rapidamente Xiao Zhan segurou-o pela cintura para que não caísse. "Você está bem?" questionou tocando seu rosto, verificando sua temperatura.
"Pegue a chave da sala ao lado e fique lá, eu já vou."

Yibo concordou, pegou a chave, e foi até o cômodo ao lado. A sala era grande e arejada, sentou-se sobre a mesa, massageando suas têmporas. Sua cabeça estava latejando, ainda estava um pouco tonto, então permaneceu sentado, enquanto sua mente se perdia em devaneios.
Dentro de alguns minutos, Xiao Zhan apareceu guiando a maca com o cadáver coberto, e trancando a porta logo em seguida.

"Fiz uma breve análise, ele perdeu cerca de 40% do sangue, a mordida aparenta ser de um lobo urbano, devido a arcaria dentária. Certamente o homem mexeu com o lobo, que o atacou como forma de defesa." disse Xiao Zhan descobrindo o corpo e lhe entregando uma tabela com fotos de arcarias dentárias de diversos animais e seres humanos.
"Olhe você mesmo." logo após, pegou um bisturi, cortando a pele do ombro do cadáver. "Pela profundidade, os caninos tinham em média 4 centímetros." disse prosseguindo sua análise. "Suas presas deixaram grandes buracos, e o tempo caido no chão contribuiu para que jorrasse uma boa quantidade de sangue. Lobos urbanos atacam humanos somente quando sentem-se ameaçando-..."

"Xiao Zhan, eu vi." Yibo cortou sua fala firmemente.

"Certo. Não quer ouvir a explicação, mas eu posso lhe afirmar que a arcaria dentária não é de um humano, como pode ver na tabela. O que você sugere que seja então?" indagou Xiao Zhan encarando-lhe intensamente.

Yibo sentiu que não deveria revelar oque realmente achava, pois seria taxado de louco. "Certo, Doutor Xiao Zhan, foi apenas um sonho." alegou rispidamente. "Não precisa me levar pra casa."  disse dando um fim no assunto e saindo em passos fortes.

Yibo estava com em misto de sentimentos pesarosos, raiva, frustração, desconfiança. Xiao Zhan não havia nem sequer cogitado acreditar em suas palavras, ou talvez soubesse de algo e estava tentando encobrir.

Pretendia ir para casa de JiYang, que se situava a um quarteirão de onde estava.
Porém, percebeu que após passar por um beco, um homem começou a andar em sua direção, e antes que pudesse acelerar os passos, o mesmo o puxou pelo ombro.

"O que um garoto bonito como você, faz na rua uma hora dessas? Vamos, não seja tímido." disse um homem de meia idade, com feições que lhe causaram nojo.
Yibo cogitou a idéia de pegar sua arma, ao sentir o homem descer a mão para sua cintura, mas antes disso, alguém socou com força o rosto do mesmo, que caiu desmaiado no chão logo em seguida.

  Ficou surpreso ao ver que, quem havia desferido o soco, era Xiao Zhan.
"Tenha cuidado e seja mais atento, para que pessoas como essa, não cheguem perto de você." murmurou o mais alto.

"Obrigado." murmurou Yibo assimilando o que havia acabado de acontecer. "E agora?" indagou se referindo ao homem caído no chão.

"Provavelmente é um tarado, que fica transitando de madrugada e atormetando pessoas...ele acordará em breve, o soco não foi tão forte."

"Não foi forte? Xiao Zhan ele está desmaiado." disse Yibo soltando um leve riso incrédulo. "Porque você estava me seguindo?"

"Fiquei preocupado, com receio de ocorrer situações como essa." murmurou Xiao Zhan, fazendo Yibo culpar-se por tê-lo tratado rudemente.
"Vamos voltar para o departamento, eu te dou uma carona até em casa."

  Yibo subitamente se sentiu um idiota, aquilo tudo em sua mente não passava de teorias incertas, sobre a suposta existência de seres do misticismo.
E se realmente não fosse real? E se estivesse abalando sua amizade de anos com Xiao Zhan, por delírios?
  E na pior das hipóteses, estaria voltando a ter alucinações, como tinha a anos atrás?
Voltaria para casa, e verificaria todos os arquivos das câmeras.

"Me desculpe por ter sido rude, como posso me redimir?" indagou Yibo ameno, encarando o mais alto.

"Eu estava pensando em chamá-lo para sair amanhã a tarde." disse Xiao Zhan dando um breve sorriso.

"Eu aceito, onde vamos?" questionou Yibo, caminhando ao seu lado.

"Amanhã você descobre. Use algo fresco e confortável. Posso te buscar as três?" indagou Xiao Zhan, chegando em frente seu carro e abrindo a porta para o mais baixo entrar.

"Você ainda insiste em bancar de misterioso. Certo, amanhã as três." murmurou Yibo adentrando o carro.

Bloody SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora