Lágrimas do inverno

Sob as sombras do Inverno

    As longas sombras do inverno se estendiam pelas ruas estreitas da pequena vila de Edinridge. A neve acumulava-se nos cantos, pintando o cenário com um branco suave que contrastava com as fachadas de pedra escura. As lareiras acesas dentro das casas lançavam um brilho acolhedor pelas janelas, mas as ruas estavam quase desertas. Edinridge era uma pequena vila escocesa cercada por florestas e montanhas. As casas de pedra escura com telhados de palha protegiam os moradores dos ventos gelados. As ruas estreitas e pavimentadas com pedras irregulares,  conduziam à praça principal, onde um poço de pedra e lojas locais formavam o centro comercial.

A Taberna do Javali Negro, um robusto edifício de pedra, era o coração social da vila, onde aldeões se reuniam para comer, beber e compartilhar histórias ao calor das lareiras. Nos arredores, campos de cultivo e pastagens para ovelhas se estendiam, mesmo cobertos de neve no inverno. A comunidade era conhecida por sua resiliência e espírito de cooperação, enfrentando os invernos rigorosos com solidariedade e generosidade.

Maelis Skadi se movia com agilidade entre as sombras , mas ruas da vila, sua capa grossa protege-a do frio cortante. O capuz encobria seu rosto, mas seus olhos, da cor da grama antes da chegada do inverno, brilhavam com determinação. Sob a capa, seu cabelo ruivo, como gotas de sangue na neve, se destacava com intensidade. Seu corpo era forte e ágil, esculpido por anos de treinamento e lutas.

Maelis era uma figura conhecida entre os pobres de Edinridge, uma ladra notória que roubava dos ricos para aliviar a miséria dos necessitados. Naquela noite, ela e seu grupo haviam preparado uma emboscada na estrada principal. A carruagem que passaria por ali estava carregada de riquezas.

Os membros do grupo de Maelis, encapuzados, abordaram os guardas da carruagem com eficiência e rapidez. Espadas cruzaram e sons de luta ecoaram na noite fria. Maelis ficou responsável por entrar na carruagem, os pertences eram de um mercador da vila vizinha , ela deslizou silenciosamente até a porta da carruagem. Com um movimento ágil, ela a abriu e entrou, quando ela entrou, não se assustou só pelo fato de ter alguém na carruagem, ela já havia roubado várias carruagens com alguém dentro, mas ela se assustou pelo fato de o príncipe Liam de Druidsford, estar nela. Ela o reconheceu por um comunicado que ele havia feito anos passados em sua vila, anunciando o fim da guerra contra Falkyria.

Liam, alto e imponente, com cabelos castanhos escuros ondulados e caindo até os ombros, olhou para Maelis com surpresa e desdém. Seu primeiro instinto foi olhar para sua espada que estava em sua baioneta.

—Nem pense em fazer isso! — Maelis sacou sua adaga mais rápido que Liam, apontando para o pescoço dele, que levantou as mãos no mesmo instante . Ele olhou para a adaga, e logo para o pulso de Maelis, ela poderia estar toda coberta, mas seu pulso não estava, e aquele detalhe, por menor que seja, iria entregar sua identidade.

— Você tem uma adaga, eu tenho uma espada, maior. Tenho vantagem.

—Fique a vontade para pegá-la, mas já vou avisando, eu não erro nunca. Agora.. acredito que suas riquezas são mais úteis ao povo do que a você.

—Você não sabe com quem está lidando, — Ele disse friamente. — Tem razão, isso não fará diferença para mim, mas para você, será sua ruína.

— Eu sei exatamente com quem estou lidando, e o que eu estou fazendo — Maelis retrucou, aproximando-se mais de Liam, ela apontou a adaga para o olho de Liam e sussurrou em seu ouvido —Essas riquezas significam sobrevivência. Sobrevivência de um povo esquecido pelo próprio Rei. Talvez , só talvez, você deixe de ser príncipe só no papel, e passe a agir como um, saindo mais do seu castelo para entender a realidade.

Liam riu, mas seus olhos estavam cheios de fúria.

— Você acabou de fazer um inimigo poderoso. Se eu sou um príncipe no papel, você é uma ladra que não sabe se disfarçar !