Jun não tinha certeza do que iria fazer depois de passar mais uma noite em claro lutando contra a vontade de beber e apagar logo, mas queria se manter firme na sua ideia de largar o que havia feito tão mal para si e toda a sua família também.
Ele havia pesquisado clínicas para obter ajuda e cada vez sentia que estava no caminho certo. Poderia obter ajuda com um psicólogo também, mas temia que a sua mente fosse lhe pregar uma peça a qualquer momento como vinha ocorrendo nesses últimos tempos.
O único sentimento que o dominava era a culpa.
Culpa por ter sido um pai ausente na vida da filha e também por não ter tido noção de como se controlar adequadamente contra os seus desejos mesmo eles não sendo desejos bons de fato. Queria poder voltar no tempo para reparar isso, mas sabia que teria que enfrentar tudo de cabeça erguida.
Sentia também nojo de si mesmo. Como podia ficar no mesmo ambiente que Minghao e a filha pequena após ter consumido bebida alcoólica? Como ele foi tão burro a esse ponto? E se tivesse os colocado em perigo? E se tivesse os ferido de qualquer forma que fosse? Nunca iria se perdoar se isso acontecesse.
Mas acontece que ele havia os feridos, havia destroçado a sua família com suas atitudes idiotas e pensar em como reparar seus erros estava o deixando esgotado. Não tinha com quem falar e comentar em relação a seus sentimentos, afinal todos os seus amigos estavam ao lado de Minghao.
Apoiavam Minghao desde a última vez que o mesmo ligou para Jeonghan pedindo para ir ficar um pouco com eles por não confiar na sua mente e corpo ao mandar Jun embora. Minghao estava destroçado naquele momento, ao se ver sozinho no apartamento e ainda se sentia nesse mesmo estado.
Com a única diferença de que sentia que estava vivendo todas as fases do luto mesmo sem Jun ter morrido de fato. As primeiras semanas foram dominadas pela dor da ausência física, depois Minghao ficou movido pela esperança de tê-lo de volta e agora havia a raiva de ter sido abandonado quando mais precisava.
Minghao não queria ver Jun nem pintado de ouro diante de si, afinal foi uma promessa que fez a si mesmo para conseguir se reconstruir sem ter qualquer empecilho que fosse. Se tudo corresse bem, tal como achava que iria acontecer, ele voltaria para seu país natal e finalmente poderia ter paz de fato.
Se sentia triste que com essa decisão ficaria longe de amigos tão bons e importantes para si, mas a ideia de esbarrar com Jun por aí não o permitia ficar. Minghao não podia se dar o luxo de ser quebrado tantas outras vezes por alguém sem compromisso e determinação como Jun andava sendo consigo.
Fazia algum tempo que Minghao se sentia estranho, fisicamente falando. Não queria acreditar que fosse o que achava que estava sendo, mas só podia ceifar essa dúvida quando realizasse o tão temido teste de gravidez. Rezava para que desse negativo, uma vez que certamente não estava na sua melhor fase.
A primeira filha foi totalmente planejada, quis ela, lutou por ela, se guardou em todos os nove meses para lhe garantir toda a segurança e conforto, mas se estivesse grávido novamente, não saberia mais como se manter firme. Teria que falar com Jun, não? Era o mínimo de se esperar ou ele ao menos pensava nisso.
Jeonghan estava com a menininha no quartinho da mesma, dando assim tempo e tranquilidade a Minghao para que o mesmo fizesse o teste quando estivesse pronto. O Yoon o acolheria independente do resultado sendo negativo lhe dando um respiro aliviado e positivo indicando que novas lutas teriam que ser travadas.
Acariciando o rosto da neném diante de si, Jeonghan se pegou pensando em como seria ter um filho. Ele nunca teve esse desejo, mas talvez fosse a idade que tinha naquele momento. Tinha toda a sua vida planejada e com isso talvez fosse a hora de caminhar por caminhos novos em algum momento.
Mas então gritos o tiraram da sua bolha de pensamentos, o assustando e olhando para a neném imediatamente, temendo que a mesma tivesse despertado com o barulho intenso na casa até então silenciosa por seus habitantes estarem ocupados. Jun e Minghao brigavam outra vez e Jeonghan tinha que ser rápido para evitar algo pior.
— Você não deveria estar aqui! Saia logo, por favor, Jun. Não piore ainda mais as coisas. — A voz quebradiça de Minghao soava em um volume alto o bastante.
— Acho que precisa me escutar, amor. Só dessa vez. — Jun por outro lado tinha a voz calma por mais que seu interior estivesse destroçado.
Nunca quis ver seu amado naquele estado. Tão abatido, bem mais magro e com o rostinho banhado pelas lágrimas cheias de dor e sofrimento que o próprio Jun causou no outro. Mas o que mais atraía a curiosidade alheia era o teste nas mãos de Minghao e que Jun esperava obter uma resposta.
— Não, não diga isso. — O mais novo sussurrou levando a mão até os ouvidos. Não tinha barreiras para isso. — Só saia da minha casa.
— É nossa casa e da nossa família. — Jun se aproximou ficando frente a frente de Minghao que mal respirava direito. — Me diga o que é isso, ok? Podemos conversar e nos acertar como pessoas adultas.
— Você deveria ter pensado nisso antes de beber de novo! — Minghao tentou o afastar com um empurrão, mas Jun era mais forte do que si e sequer se moveu, notando o resultado do teste nas mãos alheias.
Duas listras bem definidas nunca ficariam escondidas aos olhos de Jun, que era dominado pela surpresa.
— Por que não me disse sobre isso? É a nossa família! Eu cuidaria de você e sabe disso.
Minghao riu sarcástico com a fala alheia notando a presença de Jeonghan ali, isso o deixou um pouco melhor e mais forte para fazer o que queria. Um ponto final era bem melhor do que qualquer outra coisa para os dois, ainda mais nesse estágio tão avançado onde as coisas já estavam ruins.
— Você nunca cuidaria de mim, Wen Junhui! Não cuidou e nem vai, porque estamos oficialmente separados agora! Meu advogado já está cuidando de tudo para que te mantenham bem longe de mim e da minha família, uma vez que você sequer tem controle sobre si. Não gosto nem de pensar no que pode fazer um dia que beber um pouco a mais do que já anda bebendo.
As palavras pareciam ter atingido Jun como milhares de disparos de arma de fogo. O efeito da bebida parecia ter passado e o Wen não notou quando foi afastado do local pelas mãos de Jeonghan e foi deixado do lado de fora da casa também não notando nada do que era dito pelo Yoon a si. algo sobre parar de ir até lá e seguir a própria vida.
Mas escutou o choro dolorido que Minghao deixava escapar agora sendo acolhido pelos braços do amigo ali presente o tempo todo e disposto a ajudá-lo no que fosse preciso. Se fosse preciso, moveria montanhas para vê-lo melhor e seguro.
Afinal, amigos são para essas coisas.
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Smiler flower
FanfictionOnde Minghao e Jun entram na justiça no intuito de se divorciarem e Minghao obter a guarda total de filha que ambos têm juntos, mas uma noite de conversa civilizada faz com que os dois olhem novamente para a situação que vinham travando e poderem di...