𝟎𝟏

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Sn's point of view

-Sn se importa se Pablo vir hoje a noite e trazer umas bebidas? -pergunta Valentina invadindo meu quarto.

-Aquele seu namorado gostoso? -questiono. -Ele já vem aqui todo dia, porque eu ia me importar?-Pergunto debochada.

E é verdade, aquele garoto aparece aqui toda noite, nunca fica mais de cinco minutos, vejo ele as vezes na faculdade. Mas pelo pouco que vi reparei que ele é lindo para um caralho.
Minha amiga revira os olhos, e senta na minha cama.

-Quantas vezes vou ter que explicar que
NÃO é meu namorado? - diz ela irritada

-Ah ta, por isso ele vem toda noite aqui te levar pra sei lá aonde - provoco.

-Já disse que Gavi é apenas um ótimo amigo, e ele só me leva para festas, sua pervertida. Além do mais, não gosto de homem, Pablo é um caso especial- Enquanto as palavras desprem da boca da Vale sinto um cheiro de... maconha!?

-Não acredito que você ainda fuma essa merda!- berro. Ela revira os olhos, de novo.

- Desculpa aí, madre. - diz levantando as mãos de forma exagerada.

Sinceramente acostumei com que Valentina viva fumando, até chegou a usar coisas bem piores que maconha, não, corrijo: com frequência usa coisas piores que maconha.

Tentei fazer de tudo para ela abandonar esse mundo das drogas, mas nada deu certo. Me preocupo muito por minha melhor amiga, só não vou ficar no pé dela sempre.

-Isso não faz bem para você - solto um suspiro -Sua dor não vai acabar desse jeito-
Valentina passou por coisa terrivelmente horríveis, ela perdeu os pais da pior forma, e mesmo assim ela é muito forte, se estivesse no lugar dela, acho que nem teria forças pra viver.

-Bom, então não se importa se Gavi vir, né?- pergunta denovo, me ignorando por completo.

-Que seja.- respondo seca e volto minha atenção pro telefone.

Conheci Valentina quando tinha 12 anos, os pais dela já estavam mortos, e morava com avó, a mesma morreu quando ela tinha 15 anos, aí foi quando começou a fumar, e depois foi fazendo coisas bem piores, uma vez ate tentou se matar, ainda bem que cheguei antes de nada acontecer.

No começo não gostava dela nem um pouco, o sentimento era recíproco. Ela se isolava sempre de todo mundo, eu era a garotinha popular e mimada e ela era a nerd estranha. Com o tempo começamos a conversar e nos tornamos muito amigas, ela foi a única pessoa que não fez amizade comigo por interesse.

Todo mundo queria ser amiga da Sn García Rodriguez filha de Lucía García, uma das mulheres mais ricas do mundo e Javier Rodriguez; o melhor advogado da Espanha. Sempre vesti marca, tenho do bom e do melhor, minhas "amigas" só queriam isso de mim, popularidade e dinheiro. Puro interesse.

Tá que sou meio que uma vadia fria, mas eu não seria assim se nao tivesse encontrado meu namorado entre as pernas de uma das minhas
"amigas". O namorado com qual estive 2 anos, a pessoa na qual confiei completamente, a pessoa a qual entreguei meu coração, a minha primeira vez, meu primeiro amor, a pessoa que arrancou meu coração do peito e pisou até ele ficar pedacinhos.

E essa é a razão pela qual não confio em ninguém, não namoro e não me apaixono, não me permito voltar a ser a idiota que sofre por garotos, não quero ser assim nunca mais, aprendi a ser forte e nao deixar me abalar, aprendi a ser uma vadia fria, sim, isso é o que eu sou, não deixo nenhum menino me controlar, eu controlo eles.

Conselho: Abra as pernas, e não o coração. Vai por mim, se apaixonar é uma merda, a única coisa que isso faz é te magoar.

Bom vamos parar de falar sobre minha vida amorosa (que é uma merda) e continuemos com o tema que no qual estávamos.

Valentina nunca deu a mínima pro meu dinheiro, e ela não pode se permitir coisas de qualidade porém mesmo assim nunca me pediu um centavo, mas é claro que por vontade própria já emprestei grande quantidade de dinheiro pra ela não trabalha, se sustenta vendendo drogas.

Eu poderia facilmente arrumar um trabalho, ou pagar qualquer coisa que precisasse, mas sempre se nega. Assim é Valentina, uma cabeça-dura.

-Olha Sn, você é minha melhor amiga, não minha mãe, deixa que eu cuido da minha vida, já disse. Obrigado pela preocupação mas sei o que eu faço. Fica na sua.- dito isso sai do quarto batendo a porta sem esperar uma resposta. Não vou perder meu tempo brigando com ela, porque nem adianta mais.

...

Nessa tarde não sai mais do quarto, fiquei trancada lá dentro estudando.

21:30 saio pra procurar alguma coisa de comer.
Vejo Vale com o "amigo" gostosão dela sentados no sofa, assistindo TV aparentemente bêbados e com três caixas de pizza na mesinha central que tem na nossa sala.

- Sn meu amoor! Vem beber com a gente! - grita Valentina.

- Não, não, não. Amanhã tenho aula, não vou ficar bêbada em uma terça feira - digo enquanto preparo uma salada.

-Claro que a princesa não vai beber. - diz uma voz rouca cheia de sarcasmo.

Viro e lanço um olhar assassino na direção do
Pablo. Nunca ouvi a voz dele, e puta meeerda, que voz sensual.

-O que que você tem haver se bebo ou não bebo? Nem me conhece.- digo grossa.

-Não é necessário ser íntimo de alguém pra notar a simples vista que ela é chata e mimada pelo papai- Ok. Esse menino já conseguiu me irritar.

-Gavira, já deu, cala a boca- Valentina lança um olhar furioso pro mesmo.

Deixo minha salada e sento do lado de Pablo.
Ele ia dar outro gole na cerveja quando tomei ela das suas mãos, levando a garrafa pros meus lábios. Valentina sorri com cumplicidade pra mim. Estou meio magoada por como ela falou antes comigo, mas com certeza nem lembra mais do ocorrido então vou seguir o baile e fingir que nada aconteceu.

-Onde você conheceu a Valentina ? --pergunto pro ser sentado ao meu lado, que está me olhando confuso.

-Corridas -responde simplesmente.

-Então você é que nem ela... já sabe, drogas, e tals? -Sou muito curiosa eu.

Pablo ri pelo nariz.

-Não princesa, talvez eu seja bem pior, no meu tempo livre torturo pessoas e depois queimo elas.
Sufoco um grito e Valentina começa a rir.

-Jura que acreditou? --pergunta Vale ainda rindo -Tinha que ter visto a sua cara de espanto.

-Respondendo a sua pergunta, sim, sou que nem sua amiga, só que um pouco mais radical, princesa. -diz Pablo piscando um olho pra mim.

Tem algo na forma que ele me chama de princesa que me deixa arrepiada, não no sentido de tesão, no sentido de assustada, entendem?

Top, estou aqui sentada com um par de criminosos que fazem Deus sabe lá o que com a vida deles.
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𝐇𝐨𝐭 𝐝𝐚𝐫𝐞 - 𝐏𝐚𝐛𝐥𝐨 𝐆𝐚𝐯𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora