Primeiro

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Dois meses.

Fazia dois meses que Jimin havia decidido trancar o curso de medicina.

Park espreguiçou-se na cama, que não era sua, mas sim do quarto de hóspedes do amigo que conheceu na faculdade. Jung Hoseok era um rapaz bem carismático, que estava no último ano do curso de educação física, fizeram amizade em uma das festas da universidade, basicamente Jimin esqueceu sua jaqueta em casa e a única pessoa que se dispôs a emprestar a peça que estava usando era Hoseok, que acabou parando na mesma rodinha de amigos que Jimin estava. O Park foi no dia seguinte devolver e assim começou essa amizade que dura há 4 anos.

Hoseok não sabia o motivo de Jimin ter trancado o curso. Ninguém além do Park sabia.

Jimin pegou o celular que estava na estante ao lado da cama e com os olhos ainda inchados pelo sono, ligou a tela, 09h55 da manhã, Hoseok estava na faculdade. Na tela do celular também dizia que havia sete ligações perdidas, duas eram do seu pai e cinco eram do seu irmão mais velho. Haviam também mais de cem mensagens das mesmas pessoas que haviam ligado, mas Jimin as ignorava propositalmente. Também tinha a notificação que seu celular estava com a memória cheia –mas o Park sempre ignorava essa também.

Após fazer toda sua rotina matinal na qual se obrigava a comer pois se Hoseok soubesse que tinha voltado a pular refeições enfiaria um pão na goela de Jimin à força, o mesmo voltou para dentro do quarto de hóspedes, fechou a porta e sentou-se na cama ainda desarrumada.

Ele tinha que contar para alguém, já se passaram dois meses desde que aquilo aconteceu, dois meses que tem o mesmo pesadelo, dois meses que seu inferno começou, dois meses de um dos piores dias de sua vida.

Só de pensar naquilo já sentia um nó na garganta se formar e tentou inutilmente impedir as lágrimas rolarem em seu rosto, encostou os cotovelos nas pernas e apoiou o rosto nas mãos. Sabia que um dia teria que enfrentar isso, teria que abrir a boca e dizer para alguém porque guardar para si o que aconteceu só estava o deixando pior. Pelo menos ele não ficava mais tomando banho mais de 5 vezes no dia para poder se sentir realmente limpo.

Após alguns minutos endireitou o corpo e pegou o celular que estava do seu lado no colchão. Com as costas da outra mão limpou o rosto e fungou, cessando as lágrimas. Foi na sua lista de contatos do aparelho e procurou pelo nome de seu irmão, esperou mais uns dois minutos, pigarreou para deixar a voz normal para o seu irmão não perceber que chorou e pressionou a opção de ligar.

Seokjin atendeu quase de imediato.

Jimin?! — A voz dele soava surpresa. Jimin não respondeu. — Jimin, pelo amor de Deus, diga alguma coisa.

— Hyung, eu.... — Foi interrompido.

Céus... Como você pode sumir assim por dois meses?! Você não estava mais no seu apartamento e papai foi na faculdade te procurar, mas o informaram que você trancou o curso!

Jimin mordeu o lábio inferior e fechou os olhos com força enquanto as palavras de seu irmão mais velhos eram ditas a si. Após Seokjin dar espaço para ele falar, Jimin suspirou.

— Hyung, por favor, não brigue comigo. Eu... — deu uma pausa, umedeceu os lábios, tentando manter a voz firme. — Eu tive meus motivos, acredite em mim, por favor.

Jimin ouviu Seokjin suspirar.

Certo, eu acredito. Só estava muito preocupado com você, mas papai está furioso, você já deve imaginar.

Jimin podia imaginar muito bem, seu pai já o considerava um poço de desgosto e quando finalmente Jimin ao menos começou a cursar o que seu pai queria, o decepcionou mais uma vez.

SETEALEM | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora